[21 DE AGOSTO DE 2020 — SEXTA-FEIRA]
Danilo e eu nos sentamos na sala de descanso na manhã de sexta para pesquisarmos um trabalho relacionado à Geografia no Google de um dos computadores. Era óbvio que, durante nosso estudo, não deixamos de conversar sobre coisas aleatórias. Como Alec havia dito, havia alguma coisa no ruivo que chamava tanto a atenção que, querendo ou não, eu não conseguia desviar os olhos. Certamente era por causa de seus trejeitos de lorde.
— Você é francês? — perguntei, sentado na cadeira ao seu lado. — Ou tem parentes da França?
— A família do meu pai é descendente da França — confirmou enquanto dava seus cliques no mouse. — Já a da minha mãe é descendente do Brasil.
Assenti. Seu olhar ambarado veio ao meu encontro.
— Por que a pergunta?
— Nada. — Cruzei as pernas. — O jeito como você fala e gesticula parece não ser... daqui do Brasil.
Ele sorriu — minha argumentação lhe deve ter causado um efeito positivo.
— Morei por alguns anos em Paris. Deve ter sido por isso. Não consegui largar minhas manias e costumes da cidade.
Lembrei-me do dia em que o vi pela primeira vez: ele havia dito a Alec que tinha acabado de voltar das férias da França, razão pela qual não apareceu no colégio nos primeiros dias quando as aulas retornaram.
— Lá é linda, né? Paris?
Ele, incapaz de resistir ao encanto do lugar, concordou animadamente — o que era raro, eu diria. Danilo quase nunca se exaltava no que dizia respeito a demonstrar sentimentos (pelo menos não quando estava comigo).
— É o meu segundo lugar favorito no mundo.
— E qual é o primeiro?
— Brasil.
Fiquei surpreso.
— Mesmo?
— Sim. E sei o que está pensando. — Ele voltou a dar os cliques no computador, mas não me deixou de lado na conversa. — Para nós, a grama do vizinho sempre é mais verde mesmo, então te compreendo.
Esbocei um sorrisinho.
— O que te faz gostar mais do Brasil, afinal?
— O calor. — Havia mais alegria em seu cenho. — Não estou falando do clima, estou falando... do calor dos brasileiros. Não há nenhuma região no mundo que possua pessoas tão calorosas quanto às do nosso país. Duvida de mim? Pergunte a um gingo o que ele acha das pessoas brasileiras. A resposta mais comum será "São muito sorridentes", porque é verdade. Claro que há gente mal-humorada aqui, bem como há em qualquer lugar. Mas, em geral, somos o povo mais feliz. Rimos até mesmo das nossas próprias desgraças.
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ALPHA: OS INTRUSOS [LIVRO 2]
RomanceO segundo e último semestre no ALPHA começa, e, com isso, vem a chegada de novos alunos e de novidades. Joshua e Alec, após os acontecimentos tristes que quase tiraram a vida de um deles, parecem enfim estar prontos para a volta às aulas, deixando t...