ALPHA: OS INTRUSOS [LIVRO 2]

13 | Eu tinha outra escolha?

[19 DE AGOSTO DE 2020 — QUARTA-FEIRA]

No mural do colégio, já estavam disponibilizados os temas que cairiam no campeonato de perguntas entre as turmas e as datas da competição: 11 de novembro para os primeiros anos, 12 de novembro para os segundos anos e 13 de novembro para os terceiros anos. Tirei uma foto da folha referente à minha turma e depois verifiquei as informações nos outros papéis diante de mim. Descobri, a muito contragosto, aliás, que Marcus se inscreveu para a bolsa de jornalismo — pior que isso: ele a conseguiu, e agora seria um dos alunos responsáveis por deixar o colégio atualizado das coisas.

Balancei a cabeça em decepção. Por que será que minha intuição está me dizendo que isso não será uma boa ideia?

— Nervoso? — A voz de Matthew apareceu, e logo seu corpo também, apoiado na parede bem ao lado do mural. — Para o campeonato?

Era até meio cômico pensar que, depois de toda sua intriga comigo e com Joshua, ele tivesse se tornado um garoto melhor, abandonando todo aquele seu preconceito terrível contra os LGBTs. Era estranho também imaginar que eu sentia falta de saber que Matthew não era nem de longe uma pessoa tão perigosa assim. Diferentemente daqueles dois...

— Por enquanto não — sorri para ele.

— Aposto que não estará nem no dia. — Seus olhos azuis brilharam para mim. — Ano passado você venceu nos segundos anos.

— É, mas a ameaça agora é bem maior.

Ele riu, como se não estivesse acreditando.

— Ah, tá bom.

Girei os calcanhares para ir tomar café no refeitório.

— Bem, eu vou indo — despedi-me. — Estou com fome.

— Estou indo ao refeitório também. — Ele se desencostou da parede e me acompanhou. — E vim falar com você para te pedir um favor.

— Qual?

Ele coçou a nuca loira e sorriu de um jeito nervoso.

— Física.

— Precisa de ajuda com o quê?

— Com a porra da regra da mão direita em magnetismo. Mano, pode rir de mim, mas já pedi ajuda de mais de três pessoas e, ainda assim, não aprendi como usar essa regra. — Matthew bufou com força. — Já sabia que eu era burro, mas não a esse ponto.

Tentei não sorrir de sua condenação.

— Você não está sozinho nessa, não precisa se martirizar — confortei-o. — A regra da mão direita não é tão fácil assim também.

Matthew olhou para mim.

— Eu zerei o primeiro teste.

— Era para eu estar surpreso?