Capítulo 8

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Tinham-se passados semanas desde que tudo acontecera em minha casa. Passamos todo esse período desenvolvendo qualquer que seja esse novo sentimento recíproco. Não era novidade para ninguém que eu e a Vitória ficássemos juntas durante os intervalos e nos comportássemos como uma verdadeiro casal, isso definitivamente facilitou as coisas para nós no colégio, já que não precisaríamos nos afastar ou fingir que não tínhamos nada. Portanto, era comum que ficássemos abraçadas aos corredores, que sentássemos uma ao lado da outra com a perna dela por cima da minha ou ainda que ela deitasse sobre meu corpo de costas me obrigando a fazê-la cafuné enquanto isso. Tudo era comum aos olhos de todos e inclusive aos nossos também.

Havíamos acordado – Vitória e eu – que enquanto desenvolvíamos esses sentimentos, poderíamos ficar com outras pessoas, visto que se fazia necessário já que notícias desse naipe corriam rápido pelo colégio. Recentemente havia vazado a notícia de que eu e o Thiago ficávamos e isso tirou os olhos de alguns curiosos de cima de mim e da Vitória que, na época, alegavam a paus e pedras que, sim, éramos namoradas. Então seria mais tranquilo se as pessoas descobrissem algo sobre a Vitória ficar com algum menino e eu continuar ficando com o Thiago. Eu, sinceramente, detestava a ideia de ter que flertar com outro cara, investir, passar por toda aquela fase chata de conhecimento mútuo até, por fim, acontecer algum tipo de contato físico: beijo ou sexo. Por isso eu me limitava a ficar apenas com o Thiago. Concordemos que ele não reclamaria disso, visto que era tudo o que ele queria. Porém, concordamos também – Vitória e eu – que não contaríamos à nossa rodinha de amigos até que fosse algo definitivo entre nós e até que assumíssemos isso a público.

Há alguns dias a Vitória me chamou num canto menos movimentado do colégio, que ficava abaixo de um corredor, bem escondido, dizendo que precisava urgente falar comigo. Fiquei preocupada porque poucas foram as vezes que ela enfatizou urgência de tal forma como agora. Marcamos durante a aula de química em que ela sairia primeiro e eu iria depois. Assim sendo, nos encontramos no dito lugar onde ela me beijou bem ao canto da boca, quase um selinho. Questionei o motivo daquilo e, confesso que enquanto eu ouvia o que ela falava, eu tive cãibras nas bochechas de tanto sorrir continuamente.

ELA ACABARA DE SE DECLARAR!

Ainda enquanto ela falava todas aquelas coisas incríveis para mim, eu não pude me conter e beijei-a. ela me interrompeu, rindo, me mandando deixa-la terminar porque era importante. Obedeci, quieta, porém com um sorriso imenso no rosto, me fazendo, ainda, doer as bochechas. Ela me falou o quanto se apaixonara por mim de alguns meses até então e várias coisas que não sou capaz de descrever. Passei o resto do dia com as frases entoando na minha mente. Frases como: Eu estou completamente apaixonada por você; Você tem sido dona dos meus sorrisos mais sinceros, etc.

Era isto. A Vitória havia acabado de me falar tudo o que eu queria falar para ela. O sentimento se confirmou e eu tinha certeza que poderia investir em algo com a minha melhor amiga. Porém, há alguns dias a Vitória anda estranha. Distante. Tão qual o Thiago. Eu não sabia o motivo daquilo, mas eu sentia falta da normalidade, então eu perguntei o que estava acontecendo. Como resposta, ela me deu um endereço e me mandou encontra-la lá depois da aula.

O dia passou devagar, o intervalo se arrastou sem ela ao meu lado e as aulas não me foram produtivas visto que eu não conseguia me concentrar em nada, apenas pensando no que poderia ter acontecido para tal comportamento. Ao toque do sinal de encerramento do horário das aulas, eu catei minha mochila, coloquei nas costas e saí correndo para fora do colégio. Pus a mão em meu bolso, onde havia guardado o endereço que a Vitória tinha me dado e percebi que se tratava de um terreno baldio ao lado de um mercado.

O terreno possuía uma árvore grande com tronco grosso e era cheia de galhos. Perfeita para escaladas as quais já havia feito com a Vitória e com a turma. Cheguei lá, a vitória já estava sentada ao alto me esperando. Deixei a mochila ao chão, junto com a dela e subi, pensando no que poderia ouvir aquele dia e ao que se devia os comportamentos dela.

Querida Vitória [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora