Capítulo 11

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Desde que eu soube do que ocorrera com entre a Vitória e o Thiago, eu deixei de investir em beijos, toques que não fossem usuais no dia a dia e conversas sobre qualquer coisa com teor sexual em qualquer grau que fosse. Eu queria que a Vitória se sentisse confortável o suficiente para não pensar com tanta frequência no que ocorrera. Eu respeitei seu espaço, me mostrei disposta a ajuda-la; enfim. Fiz o mínimo esperado.

Estávamos na minha casa, era um fim de semana que tínhamos combinado passar como festa do pijama, quando ela me aborda e fala:

- Amor, eu sei que não tenho falado muito sobre isso, mas eu queria te agradecer por tudo o que você fez por mim durante o caso do Thiago. Você esteve aqui o tempo inteiro, me acompanhou até a delegacia, me acompanhou nos julgamentos, me deu apoio moral em todos os momentos; continua sendo extremamente compreensiva e respeita mais que tudo o meu espaço. Isso é muito importante, você deve saber.

Eu não sabendo o que falar diante disso, apenas levanto da minha cama, onde eu estava sentada, sento do lado da Vitória e a abraço. Um abraço apertado, longo. Ao separarmos dele, seguro seu rosto com as duas mãos e, finalmente, falo:

- Você é a pessoa mais incrível que eu poderia ter conhecido e me apaixonado.

Ela estava me fitando os olhos. Aqueles olhos claros dela, cheios de ternura, deixaram escapar um dos sorrisos mais lindos que existia na Vitória. Ela acabara de sorrir com os olhos para mim. Não foi um sorriso tímido como maioria das vezes, mas um sorriso que me convidava a sorrir de volta.

Consumida pela timidez, eu quebro a troca de olhares, depositando minha visão ao chão, enquanto tentava conter aquele sorriso bobo que eu havia estampado em meu rosto. A Vitória mexia muito comigo. Ao nível de que eu tinha certeza que eu nunca sentira nada por ninguém que fosse tão verdadeiro quanto eu sentia por ela.

- Você vai ficar com câimbras nas bochechas se continuar sorrindo assim. – fala ela, rindo e percebendo que também era uma possibilidade real para ela.

Rimos juntas. Ah, o som da risada dela... eu poderia passar o resto de minha vida ouvindo esse som, vendo a felicidade exposta depois de semanas angustiada. A Vitória estava se devolvendo a si mesma com ajuda da terapia e isso me enxia de uma bomba de sentimentos que eu não consigo sequer descrever.

Novamente fixamos nossos olhares uma na outra, deixando o clima fluir livremente entre nós. Ela veio em minha direção e me beijou, com calma, sem pressa. Separou seus lábios dos meus e permanecemos com as testas unidas, tão qual os narizes. Eu sentia sua respiração forte, quase ofegante. Foi então que eu percebi que ela estava assustada. Afastei um pouco minha cabeça para trás enquanto perguntava o que havia acontecido.

Não foram muitas as vezes que vi a Vitória chorando e eu estava voltando a ver. Abracei-a forte, afagando suas costas enquanto ela desabava em meus braços. Vitória era uma garota que se recusava a chorar por acreditar que isso a deixaria mais forte. Bom, isso é um tremendo engano dela. Mulheres que choram não são menos fortes que mulheres que não choram. Conto nos dedos de uma única mão as vezes que vi a Vitória chorar entre soluços e esta vez era, infelizmente, mais um acréscimo na contagem. Ela chorava sem reprimir-se, como fazia as outras vezes. Eu queria poder pegar aquela dor para mim, para que ela não sofresse. Eu gostaria de poder arrancar todo sentimento ruim do peito dela e jogar de um abismo. Mas eu não tinha poder algum sobre as coisas dessa natureza.

Foram longos minutos que a Vitória passou soluçando em meu ombro até que eu sugeri que ela deitasse no meu colo. Ela aceitou e deitou. Fiquei fazendo cafuné em sua cabeça, seus cabelos estavam soltos e eram lisos apesar das ondulações. Ficamos assim até que ela pegou no sono.

Querida Vitória [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora