Capítulo 1

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Estou no meu quarto tocando violão quando meu celular vibra sobre a mesa de cabeceira da minha cama. É uma mensagem dela: Vitória.

- Vee, hoje o pessoal vai se reunir na casa do Thiago durante a noite. Vamo?

Eu, empolgada, respondo:

- Claro! Levo algo para comer, o que acha?

- Perfeito! - Disse ela.

Bloqueio o celular e percebo que estou com aquele sorriso idiota no rosto. Me olho no espelho que tem do outro lado do quarto e sorrio ainda mais, pensando, bobamente, que ela lembrou de mim.

É idiota pensar sobre ela lembrar de mim, já que somos melhores amigas. Patético, Venus.

Vitória é uma garota esperta, de cabelo na altura do ombro, liso com umas certas ondulações; olhos claros, sorriso fácil, alta e magra. Por vezes estou concentrada na aula e percebo ela na minha visão periférica, já que ela senta exatamente do meu lado em todas as aulas. Acabo dando o mesmo sorriso idiota que dei ao falar com ela pelo celular e ela percebe. Fica enchendo meu saco pra dizer-lhe qual o motivo da graça ou pelo que estou sorrindo, mas respeita meus limites. Vitória é aquele tipo de garota que para conversas para que a admirem só em estar passando perto, sabe? É daquele tipo em que alegra o dia das pessoas com pouco. Nunca a vi um dia sequer deprimida na escola, mas o universo sabe quantas lágrimas meu colo já recebeu dela. É uma garota sensível, se preocupa com tudo e como tudo acontece. Tenta sempre deixar as coisas funcionando o mais perfeitamente possível. Não é a toa que ela já uniu 3 casais da nossa turma.

Continuo tocando violão. Estou aprendendo a tocar a música favorita dela: Who knew - pink. Não é difícil, mas quero deixar perfeito só para vê-la sorrir e cantar comigo.

Meu celular volta a vibrar, porém não é uma mensagem. Estranho. Quem ainda liga por voz tendo o whatsapp para atender todas as necessidades humanas?

Pego meu celular e me dá uma faísca de esperança que seja a Vitória. Olho para a tela e era só o Thiago. Atendo:

- Oi, Thi! O que houve? - pergunto

- Oi, vee! Então, meus pais saíram hoje e eu pensei em chamar a turma, a Vitória já deve ter te contado. Mas enfim, preciso de ajuda com algumas coisas, você pode vir aqui em casa agora? Traz umas roupas e você se troca aqui para quando a galera chegar, o que acha? - Ele tava falando bem rápido. Típico do Thiago quando está nervoso.

- Eu vou falar com meus pais, mas creio que não há problema. Você pode me chamar um uber? Sua casa é distante de parada de ônibus e você sabe que tenho medo de andar sozinha por aí.

- Tudo certo! Chamo um uber sim. Tem como você parar no caminho e comprar umas cervejas? Eu estou limpando a casa.

- Eu compro as cervejas, Não se preocupa. Bom, vou descer e falar com meus pais e já te mando mensagem. Beijos! - Respondo

- Beijos! - Ele desliga.

Penso: ai, Thiago. Sério? Ligação? Em que época tu vive? 1920?

O Thiago é aquele amigo bobão que todo mundo tem, mas que pega todo mundo. Ele é tipo o atleta daqueles filmes, só que todo besta, gente boa. Ele é bem alto, tem cabelo preto penteado pro lado. Os olhos são escuros e a barba por fazer. Tem um corpo atlético e isso tudo me faria ser uma daquelas garotas apaixonadas por um garoto bonitão que é típico ver em filmes clichês. Mas eu simplesmente não consigo levar o Thiago a sério.

Querida Vitória [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora