Capítulo 23

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Compramos duas caixas de cerveja, uma a mais do que a mãe da Vitória havia pedido. Entramos no carro e seguimos de volta para casa. Estranho eu me referir à casa da minha namorada como minha casa também. Acho que meu conceito de "lar" mudou após as coisas terem ocorrido da forma que ocorreram. Engato a 1ª após afivelar o cinto de segurança e saio suavemente com o carro do estacionamento do depósito onde compramos as bebidas.

O trânsito estava calmo aquela noite, a Vitória havia posto uma playlist mais calma, com o volume baixo. Ela estava olhando para a janela do lado, vendo os prédios passando rápido por sua vista.

- O que você tá pensando? – pergunto, trocando o olhar da pista para ela e de volta para a pista.

- Nada muito importante. Só em como estaremos daqui 10 anos. – ela me responde, encostando sua cabeça sobre o banco e olhando para mim.

Sinto sua mão em meu rosto, me acariciando próximo ao ouvido. Seu toque era leve, quase calculado.

- E depois eu quem sou a ansiosa, né? – debocho dela.

- Ah, cala a boca.

Ela volta a olhar para a janela.

Continuo dirigindo, estava em 60km/h. Avisto o semáforo a frente sinalizando em amarelo, indicando que eu deveria reduzir minha velocidade e parar, ao sinal vermelho. Sigo as regras de transito proposta visualmente e largo o volante, repousando as mãos sobre minhas pernas após parar o carro.

- Você sabe que eu amo muito você, não sabe? – lanço para a Vitória

- Por que isso agora, meu amor? – ela olha para mim, se ajeitando no banco e sentando um pouco de lado.

- Não sei... mas você sabe que eu te amo, certo?

- Claro que sei, amor! E você, sabe que eu amo você? – ela me encara.

- Sei sim.

Permito-me sorrir e deposito um beijo em seus lábios. Sou tirada de meu momento após ouvir uma buzina atrás de mim. Olho em alerta para o semáforo e percebo que estava aberto. Acabo soltando um risinho enquanto volto a dirigir.

[...]

Chegamos na casa da Vitória cerca de 15 minutos após comprarmos as bebidas. Descemos do carro e vamos em direção à mala, onde estavam as caixas de cerveja. Pego uma e entrego nos braços da Vitória e pego a outra, segurando-a em um braço apenas, enquanto fecho a mala e travo o carro.

Ao pararmos em frente a porta já era possível ouvir música tocando no interior e risadas. Abrimos e entramos, nos deparando com o Zeus correndo de um lado para o outro e o pai da Vitória correndo atrás dele, tentando pega-lo. Não obteve sucesso.

Ao nos avistar, meu sogro vem em nossa direção, ofegante e com marcas de suor na camisa e pega as duas caixas de cerveja, uma em cada mão.

- Deus, como ele tem força. – sussurro, balançando os braços no intuito de fazer a circulação voltar.

O Zeus volta correndo para a cozinha, quase desesperado e abanando o rabo descontroladamente. Vem em nossa direção, onde sabe que vai ganhar uns afagos meus e da Vitória. Ele chega perto o suficiente e, quando inclino meu corpo para toca-lo, ele corre.

- Mas que malandro! – falo, indignada em ter sido tapeada por um cachorro.

Olho para o pai da Vitória que estava rindo com a mão sobre a barriga e a cabeça levemente para trás. A mãe da Vitória estava sentada num banquinho do balcão, com uma taça de vinho que eu acredito ser Rose, pela cor; também rindo. A Vitória realmente se parecia muito com ela. Assustadoramente parecida. A Vitória também ria da situação, mais debochando de mim que rindo, de fato.

Querida Vitória [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora