- Marcela? – Fábio perguntou. – O que exatamente significa isso?- Fábio... O que você está fazendo aqui? – perguntei, me levantando rapidamente. Gizelly permanecia sentada na cadeira com o semblante sério.
- Vim fazer uma visita surpresa pra minha noiva que está de plantão. – ele respondeu, selando nossos lábios. – Vejo que estava bem próxima da outra... doutora?
- Gizelly, minha estagiária. Estávamos conversando sobre alguns assuntos complicados. Vem, Fábio. Vamos conversar lá fora! – respondi. Eu não conseguia acreditar que ele resolveu aparecer no meio do meu plantão, era simplesmente inacreditável. – Agora me explica o motivo da sua visita no meio da noite.
- Eu só quis te ver, amor. Estava com saudades. – ele respondeu, segurando minhas mãos. – E trouxe algumas guloseimas que você gosta.
- Fábio... não mente. Você nunca apareceu em nenhum dos meus plantões. Agora simplesmente resolve aparecer? Sem me avisar? Invadindo minha sala? – falei, num tom de voz elevado.
- Eu estava desconfiado se você realmente estava no seu plantão... – ele falou com naturalidade. – E sobre a sua sala: eu sou seu noivo, tenho direito de entrar a hora que eu quiser.
- Não, você não tem. Esse é o meu local de trabalho, eu poderia estar com uma paciente, inclusive não sei se esqueceu, mas eu sou ginecologista, Fábio. Homem NENHUM tem liberdade pra entrar na minha sala sem avisar ou bater. Você não tinha esse direito. – respondi, exaltada. – E você não confia em mim. Você continua sendo controlador, aliás, piorando. Quais os motivos que você tem pra desconfiar de mim? Me diz, alguma vez te dei motivos? Você não manda na minha vida, Fábio. Não tem direito de invadir o meu trabalho e fazer insinuações.
- Marcela... Você está enlouquecendo. – ele novamente tentou segurar minhas mãos. – Não deu motivos? Duas noites atrás você simplesmente some, afirmando que estava com outra pessoa. Depois esquece do nosso jantar, ou você acha que não percebi? Depois não fala comigo, quase não responde minhas mensagens, achou que eu não teria motivos pra desconfiar do seu "plantão"? Você não faz parte da escala de plantão da madrugada, Marcela. Já tem meses... – ele argumentou, calmo.
Será que ele estava certo?
- Fábio, seus motivos são irreais. Eu já te expliquei sobre a situação do dia em que eu "sumi". Sobre o jantar, eu apenas tive um dia cheio e ocupado. Se eu afirmei que estaria aqui, é porque eu estou. Eu não te traio e jamais passaria pela minha cabeça ter tal atitude, você é louco. – esbravejei.
- Louco? Olha o que você tá dizendo, Marcela. – ele também já estava exaltado, por sorte estávamos no jardim dos fundos do hospital. – Sinceramente? Não vejo motivos pra você estar insinuando isso. Eu te amo, só me preocupo com você. – ele afirmou, tentando segurar minhas mãos.
- Fábio, eu preciso pensar... – falei, segurando suas mãos. – Eu estou me sentindo um pouco... sufocada.
- Sufocada? Marcela, eu sempre fui coerente com as minhas atitudes. Sempre te tratei bem, te amei, nunca sequer levantei um dedo pra você. Estou sempre te apoiando, cuidando de você... E venho aqui pra ganhar esse tipo de acusação? Que eu estou te sufocando? – Ele dizia com uma voz embargada. – Tudo bem...
- Fábio, não... não é isso. Eu amo você, eu só estou dizendo que certas atitudes estão me sufocando. – falei, não aguentando ver ele com o semblante tão triste. – Me desculpa.
- Tudo bem, Marcela. Eu entendo se você quiser um tempo, se não quer se casar. Eu entendo perfeitamente... – Ele falou, caminhando de volta para o hospital.

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RomanceDoutora Marcela Mc Gowan diante do seu novo desafio profissional: orientar e ajudar novos médicos. Será que ela vai conseguir? E se o destino resolver apresentar os detalhes que até então eram imperceptíveis para Marcela? Os detalhes...