Era o Fábio, meu noivo. Namorávamos há três anos, decidimos ficar noivos não faz muito tempo. Ele era o tipo de homem que combinava praticamente em tudo comigo, exceto pela profissão, ele é advogado. Era um bom companheiro, parceiro e apoiava os meus projetos, além de prestar assistência jurídica para mulheres com casos mais graves quando eu atendia em comunidades de baixa renda.
- Amor? – Ele chamou novamente do outro lado da linha.
- Sim? Eu estou saindo do hospital, desculpe. – Marcela respondeu, terminando de guardar suas coisas. – O que foi?
- Só queria saber como foi seu dia. – Ele respondeu doce. – Quase não respondeu minhas mensagens.
Fábio tinha dois defeitos: era muito carente e um pouco controlador. Ele nunca me agrediu fisicamente, mas algumas atitudes denunciavam seu ciúme excessivo. Penso que isso pode passar com o casamento.
- Tive um dia cheio hoje, muitas consultas, pacientes... – Respondi, entrando no carro. – Podemos conversar mais tarde? Estou indo pra casa.
- Me liga assim que chegar, quero escutar sua voz. – Ele respondeu calmamente do outro lado. – Te amo.
- Te amo. – Me limitei a responder.
Liguei o carro e percebi um movimento estranho num canto mais escuro do estacionamento, que era bastante extenso e, pelo horário, já estava bastante deserto. Fiquei curiosa e desliguei o carro. Desci e comecei a observar mais atentamente. Logo percebi que se tratava de Gizelly.
- Gizelly? – Perguntei, ainda sem entender qual era o problema.
- Ah... Doutora... Marcela. – Ela respondeu assustada, mexia em alguma parte da moto que eu confesso nem saber qual era. Ela estava completamente suja e parecia irritada.
- Tá tudo bem? O que aconteceu? – Perguntei, me aproximando um pouco mais.
- Acho que alguma coisa estragou por aqui, tentei arrumar, mas não deu certo, nenhum mecânico me atende. – Ela disse, segurando o celular. – Acho que vou precisar de algum outro meio para ir embora.
- Posso te oferecer uma carona? – Perguntei no impulso, eu nem sabia onde ela morava. – Amanhã você procura um mecânico e verifica qual é o problema, o estacionamento é seguro, acredito que não tem problema nenhum deixar sua moto aqui. Vou falar com o segurança e explicar a situação. – Afirmei, sem deixar ela responder.
Procurei o segurança do estacionamento e expliquei a situação, ele levou a moto para um local mais seguro e afirmou que nada aconteceria. Gizelly me pareceu mais tranquila, mas seu semblante ainda carregava resquícios de preocupação.
- Você não me respondeu se vai aceitar minha carona.
- Marcela, eu moro muito longe daqui, acredito que seja um caminho bem contrário... Enfim, é meu segundo dia aqui, realmente não quero parecer folgada nem nada do tipo. – Ela respondeu um pouco triste.
- Gizelly, não há problema nenhum em te levar em casa e você também nem sabe onde eu moro. Aliás, você disse que estava bem cansada, por favor, aceita. – Sorri cúmplice, eu realmente não queria deixá-la ali.
- Tudo bem. – Ela respondeu, levantando os braços em sinal de rendição.
Ela me explicou onde era sua casa e, por sinal, era realmente bem longe da minha. O caminho foi divertido, contei algumas histórias cômicas que já aconteceram no hospital, dividimos playlists e cantamos durante todo o caminho que demorou cinquenta minutos. Ela parecia bem mais calma e relaxada do que durante o expediente no hospital, aliás, já contava e ria das suas próprias histórias. O relógio marcava 22h.

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Roman d'amourDoutora Marcela Mc Gowan diante do seu novo desafio profissional: orientar e ajudar novos médicos. Será que ela vai conseguir? E se o destino resolver apresentar os detalhes que até então eram imperceptíveis para Marcela? Os detalhes...