— Mas isso não é algo que você possa evitar. Foi um acidente... — sussurrei, fechando lentamente os olhos, enquanto absorvia a informação. — Por isso ele não queria ir? — perguntei, abrindo os olhos para encarar Klein, que parecia me analisar minuciosamente. Ele assente em resposta à minha pergunta e isso torna as coisas mais claras para mim.— Agora eu entendo — suspirei, desviando meu olhar para encarar a parede.
Scott, por alguma razão que desconhecia, não pôde estar lá. E a culpa sentia por isso estava o corroendo constantemente, por isso ele queria estar aqui sempre.
Eu não concordava com isso, mas entendia.
Quando você começa a se culpar pelas coisas ruins que acontecem à sua volta, começa também a perceber que isso é um mal hábito viciante e autodestrutivo.
Vamos lá, sentir culpa é importante, porém, culpa demais pode se tornar um veneno. O problema desse sentimento é que ele vicia rapidamente e quando você percebe já é tarde demais; a sua pequena e inofensiva bola de neve já despencou ladeira à baixo, cresceu e agora se tornou uma devastadora avalanche. A culpa em si é algo devastador, na verdade. Por isso, ter moderação é algo essencial, pois você precisa entender que, nada em excesso é bom, mas nada em pouca quantidade é, tampouco, satisfatório. E pior, algumas coisas são tão cruciais para a sua vida que é quase impossível conviver sem se pegar em meio à mais uma avalanche de sentimentos. Porém, é claro que, coisas impossíveis podem se tornar possíveis se você se atrever a tentar. E eu esperava que Scott pudesse ser atrevido nesse sentido também.— Está tudo bem? — a voz de Klein me faz voltar à realidade. Ele estava apoiado na parede ao meu lado, com os braços cruzados e uma expressão de preocupação. Eu assenti em resposta.— Certeza? Olha, desculpe te contar isso assim... Na real, eu devia ter ficado quieto...
Nego com a cabeça.
— Não se preocupe, eu fico feliz que confie em mim para me contar isso — coloquei a mão sobre um de seus braços e ele pareceu mais relaxado ao me ouvir dizer isso. Ouvi um fraco burburinho no corredor, algumas pessoas estavam se aproximando, então percebi que seria melhor que fôssemos para outro lugar. — Vamos sair daqui?Klein assentiu com a cabeça, abraçando-me de lado e saiu me arrastando pelo corredor.
— Alguém já te disse que você é muito quentinha? — ele me apertou, fazendo graça e isso me faz rir. — Agora eu sei o porquê Scott e Peters vivem abraçando você.Quando saímos do bloco, pude notar o quanto o céu hoje estava bonito, repleto de nuvens e formas. O sol quente queimava minha pele, mas até isso parecia algo extremamente agradável por conta do vento forte que atravessava entre as árvores.
Me deitei no gramado verde e Klein deitou-se ao meu lado.
— Você e os meninos se conhecem há muito tempo?Meus olhos estavam fixos no céu, mas eu sabia que ele estava sorrindo.
— Três anos é muito tempo? Se for, acho que sim — riu. — Quando eu ganhei a bolsa, Peters e Scott haviam acabado de serem transferidos para cá. Como todos jogávamos no mesmo time, acabamos ficando muito amigos e aqui estamos até hoje.— Vocês tem sorte...
— Por que acha isso? — perguntou, parecendo confuso.
— Porque vocês tem uns aos outros sempre. Isso é incrível.
Senti uma leve cutucada no ombro e olhei para Klein, que estava sorrindo.
— Não sei o que aconteceu com você antes, mas agora você tem a gente, certo?Eu tinha?
Ouvi a voz de Victoria me chamar antes que tivesse tempo de responder, e quando olhei para o lado me deparei com ela, Vinicius, Peters, Scott e Alex vindo em nossa direção. O estranho era que eles pareciam velhos amigos mesmo que tivessem acabado de se conhecer; Alex e Victoria estavam com os braços entrelaçados e acenavam freneticamente, enquanto Scott, Peters e Vinícius pareciam discutir de maneira animada sobre algum assunto aleatório. Olhando assim, parecia que eles se conheciam a uma vida e não em pouco tempo.
Sentia uma estranha sensação dentro do peito ao observá-los assim. Algo parecia crescer e esse sentimento, pelo menos agora, era algo gostoso de sentir.
"Não sei o que aconteceu com você antes, mas agora você tem a gente, certo?"
As palavras de Klein me atingiram com força.
Ele estava certo.
Eu não estava mais sozinha.As rachaduras em meu coração pareciam ter sido preenchidas, mesmo que só um pouco.
Era essa a sensação de pertencer há algum lugar?
Se fosse, era a primeira vez que eu a sentia e não queria que ela fosse embora.——————————————————————
Mais sumida do que eu, só o Shawn Mendes.
V O L T E I :)
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Todas as verdades de Luna [PAUSASA]
Teen FictionLivro 2. Pelo que diz o nosso velho amigo dicionário, a mentira nada mais é do que o ato de esconder, ocultar a verdade, por isso, acredita-se que esses dois antônimos são duas coisas distintas, quando na verdade eles não são - muito pelo contrá...