Naquele momento, a única coisa que conseguia pensar era: Coitada da unicórnio Shirley(sim, Victória lhe deu um nome).
Victória o batia com tanta força no Vinícius o usando como taco de beisebol, que a qualquer momento eu achei que a pobrezinha fosse rasgar-se, mas não, ela continuava firme e forte, enquanto eu tentava inutilmente convencer sua dona a parar de usá-la para agredir o garoto.
— Vic, se acalma! — pedi, tentando melhorar a situação. Mas como poderia fazer isso se o próprio Vinícius não me ajudava?— Eu tenho culpa de você não suportar ouvir a verdade? — provocou, levando outra... Unicornizada?! Que seja.
— QUE VERDADE? — gritou, o acertando novamente. — NUNCA MAIS REPETE UMA MERDA DESSAS PERTO DE MIM, SEU FILHO DUMA ÉGUA!
Vinícius mostrou a língua para ela e eu me senti tentada a deixá-la o agredir de verdade. Estava me irritando também.
Ele abriu um sorriso de deboche e repetiu pausadamente:
— O. Acampamento. Juniper. É. Melhor. Que. O. Meio-sangue.Olhei para Victória e ela tinha um olhar assassino.
— Vinícius, cala o inferno da boca!Antes que tivesse tempo de dizer alguma coisa, Victória pulou em cima dele e começou a puxar seus cabelos.
— O... Juniper é... Melhor... Ai, porra! — murmurou. Com o peso e o fato de estar tendo os cabelos arrancados, Vinícius perde o equilíbrio e cai no chão. Mas Victória não não se da por satisfeita e continua puxando seus cabelos, enquanto eu, assim como as poucas pessoas no corredor, observam a cena com incredulidade e sem fazer a menor ideia do que fazer para separá-los.
— Victória, desgraça! Larga os cabelos do menino! — peço, inutilmente. Ela sequer deveria estar prestando atenção no que eu dizia.— Me solta, Tori! — praguejou, tentando se soltar da garota. Mas ela estava agarradas aos seus cabelos, então sua tentativa não deu muito certo.
Suspirei e fiz a única coisa que era capaz de fazer naquele momento: comecei a rir. E não foi uma risada de nervoso ou algo assim, comecei a rir para valer, como se não tivesse acreditando que aquela merda estava realmente acontecendo, mas eu sabia que estava. Por mais insana e maluca que aquela situação fosse, ela era real e eu não estava aguentando ficar de pé de tanto rir.
Ao meu redor, inicialmente, algumas pessoas me olharam estranho, entretanto, um tempo depois começaram a rir junto comigo.
Percebi que era isso que eu precisava para tirar a tensão dos últimos dias: rir. Rir muito. Rir até minha barriga começar a doer e meus olhos a lacrimejar. Inexplicavelmente, eu já me sentia melhor depois de fazer isso. Não havia mergulhado em um oceno de felicidade ou algo assim, mas, no momento eu estava me sentindo feliz. Acho que acabei percebendo que: a felicidade não é algo fixo, ela é passageira como uma garoa no final de tarde. E isso era bom; a tristeza é necessária.
Tem uma frase do meu autor favorito, John Green, que mostra sua real importância:
“A tristeza não nos muda, ela nos revela."
Ela mostra seu eu verdadeiro.
Ela prova que dentro de todo mundo existem trevas.
Ela quebra todas as suas máscaras de felicidade.
E é por isso que, por mais difícil que seja de se admitir, a tristeza pode ser mais necessária do que a própria felicidade. Depende do seu ponto de vista.Seco as lágrimas do rosto, tentando finalmente parar de rir.
Percebendo que todo mundo ao redor estavam rindo deles, Victória parou de bater no Vinicius e se levantou, abraçando Shirley.
— Não sei porque estão rindo! — resmungou, parecendo irritada.Vinicius se levantou, amarrando novamente os cabelos compridos, enquanto fazia uma careta de dor.
— Exatamente — murmurou. — Até parece que nunca viram duas pessoas que se odeiam brigando no meio do corredor.Olhei para os dois, erguendo a sombrancelha.
— Não, ninguém nunca viu uma merda dessas — ambos fizeram uma careta. E eu fiquei ainda mais curiosa. — De onde vocês se conhecem mesmo?
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Todas as verdades de Luna [PAUSASA]
Teen FictionLivro 2. Pelo que diz o nosso velho amigo dicionário, a mentira nada mais é do que o ato de esconder, ocultar a verdade, por isso, acredita-se que esses dois antônimos são duas coisas distintas, quando na verdade eles não são - muito pelo contrá...