Nunca fui uma pessoa exemplar ou uma aluna aplicada, porém, é claro que, quando chegava o momento de me esforçar eu tentava dar o meu melhor. Meu único problema, tanto como pessoa quanto como aluna, sempre foi a facilidade absurda que tinha em me meter em confusão. Era algo do qual eu sequer parecia ter controle, porém, obviamente, ninguém poderia levar isso em consideração e "deixar para lá." Por esse motivo, e talvez outros mais, os professores me odiavam. Antes, eu achava que era apenas implicância, exagero da parte deles ou algo assim, entretanto, agora, estando em uma sala de aula lotada e barulhenta, com um bando de pirralhos bagunceiros que não conseguem ficar sentados em suas respectivas cadeiras, eu começo a entender e respeitar a paciência que meus professores tinham, porque eu, que entrei na sala faz uns três minutos apenas, já me sinto tentada a meter o apagador na cabeça desses pirralhos malditos para ver se assim eles ficam quietos, pelo menos por alguns minutos.
Respiro fundo.
Por que diabos eu não fiquei lavando pratos, mesmo?
Seja como for, há mais ou menos um mês, quando o Edward-que-não-é-o-Cullen me chamou na diretoria e perguntou se eu aceitaria ficar responsável pelas aulas de arte ao invés da detenção convencional, eu havia aceitado a proposta por duas únicas opções: A: Porque não aguentava mais lavar pratos. B: Porque estava tentando evitar que Rafael e Scott, literalmente, quebrassem a cara um do outro. Não que eu me importe com Rafael, mas não podia permitir que Scott se metesse em problemas por minha causa. Então, acabei aceitando meio que sem pensar muito no assunto e agora me sinto tentada a socar minha própria cara. Onde havia me metido?
Querendo ou não, eu já havia aceitado e podia fazer mais nada a respeito, a não ser, tentar não cometer uma chacina.
Ninguém parecia ter notado minha presença e eu obviamente não perderia meu tempo tentando fazer com me notassem, por isso, apenas me sentei em cima da mesa de professor e fiquei analisando uns papéis com alguns tópicos importantes sobre o conteúdo que havia escolhido para a aula. Não que eu precisasse de cola para algo do qual eu já sabia, mas decidi separar umas coisas caso fosse necessário. Não precisava de muita teoria, já que, minha função era dar apenas auxílio enquanto a professora estava de licença médica, então tudo que tinha que fazer era tentar enfiar alguma coisa naquelas cabeças vazias e o resto a professora deles que desse jeito. Eu não ganhava para isso mesmo.
Depois de uns quinze minutos de muito barulho, um dos pirralhos pareceu notar a presença de uma maluca sentada em cima da mesa e alertou os outros que ficaram me encaram sem entender absolutamente nada.
— Algum problema? — perguntei, como se não fosse nada.Um garotinho baixinho, de cabelos loiros bagunçados e bochechas coradas teve a iniciativa de perguntar o que obviamente todos queriam saber.
— Você é do segundo ano, não é? — perguntou, me observavando atentamente. — O que faz aqui?Cruzei as pernas, enquanto usava a caneta para tentar prender parte do meu cabelo.
— Infelizmente, eu sou a pessoa que terá que aturar vocês — faço uma careta. — Sério, eu me achava uma pessoa barulhenta, mas depois de observar vocês acabei mudando de ideia — as vozes na sala começaram a ficar mais altas. Revirei os olhos, me levantando e pegando uma caneta para escrever meu nome no quadro, assim como faziam nos filmes. Não me dei ao trabalho de pedir para que ficassem quietos, apenas voltei a me sentar. Tirei de minha mochila outros papéis com algumas imagens dos meus grafites mais bonitos e fiquei os observando de maneira concentrada, ignorando totalmente o caos que os garotos estavam fazendo na sala. Aquilo, obviamente, era proposital. Eles queriam que eu me irritasse, que gritasse com eles ou simplesmente que deixasse aquilo me afetar. Eu sabia disso, afinal, também era uma estudante como eles. Era tolice tentar fazer aquilo comigo, mas eles não pareciam ser muito espertos nesse aspecto.
Algum tempo depois, notei que alguns poucos pirralhos haviam parado e estavam me observando.
Ergui a sobrancelha, os observando de volta.
— Tem algo errado com a minha cara?
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Todas as verdades de Luna [PAUSASA]
Teen FictionLivro 2. Pelo que diz o nosso velho amigo dicionário, a mentira nada mais é do que o ato de esconder, ocultar a verdade, por isso, acredita-se que esses dois antônimos são duas coisas distintas, quando na verdade eles não são - muito pelo contrá...