Todas as verdades de Luna [PAUSASA]

||14|| O mistério por trás da proteção.

     Sempre ouvi as pessoas falarem que quando uma boa oportunidade lhe aparece, você precisa agarrá-la com unhas e dentes, porque a probabilidade de uma oportunidade igual ou melhor aparecer outra vez é quase nula, impossível. Por isso não entendi o motivo dele ter feito aquilo; e se aquela fosse "A oportunidade" e não houvesse nenhuma outra depois? Ele teria jogado tudo fora por minha causa? Justo por mim?
— Por que? — sussurrei, me afastando um pouco para poder observá-lo melhor. — Por que fez isso? — seus olhos azuis analisavam o meu rosto minuciosamente e seus lábios estavam abertos em um sorriso. — Você não devia... É o seu futuro! Eu não entendo...

     Sua mão apertou a minha com um pouco mais de força.
— Será que não entra nessa sua cabeça oca que você faz parte da minha vida agora? — ele deslizou sua mão livre pelo meu rosto, tirando os fios de cabelo que estavam espalhados por sua superfície. — Eu nem queria ter ido, na verdade. Só fui porque sabia que se não fizesse isso você ficaria se culpando por algo que nem é sua culpa! — o pior era que ele me conhecia bem. Ele sabia exatamente que era assim que eu me sentiria.— Eu recusei a bolsa e recusaria de novo, se fosse necessário. Se me aparecer outra oportunidade será bem-vinda, se não, foi uma escolha minha. E eu já sou grandinho o suficiente para arcar com as consequências das minhas próprias escolhas, não acha?

    Quase bufei com sua teimosia.
    Sempre me achei uma pessoa extremamente teimosa, mas depois de conhecê-lo eu percebi que não era nada comparada à ele; Scott Jensen é o rei da teimosia. Eu podia até provar!
— Você é impossível, sabia? — resmunguei, tentando conter o impulso de sorrir. — Seu idiota — murmurei, mas ambos sabíamos que aquilo havia deixado de ser um xingamento há muito tempo.

   Scott ergueu a sobrancelha.
— Eu? Impossível? Sério que você está mesmo me chamando de uma coisa dessas? — tentei socá-lo, mas ele segurou minha mão, dando risada. Scott chegou mais perto e se abaixou para depositar um beijo estalado em minha bochecha. — Sou seu idiota favorito, esqueceu, demônio? — sussurrou, sorrindo. Ele havia dito aquilo quando me ligou pela primeira vez e até hoje eu conseguia me lembrar perfeitamente disso, mesmo que tudo aquilo tivesse sido dito pelo celular. Era importante, pelo menos para mim, por isso eu não poderia esquecer, mesmo que tentasse.

— E você me deixa esquecer? — sussurrei de volta, abrindo um meio sorriso.

— Nunquinha... — murmurou, me olhando de lado.— Hum... Acho que alguém aqui decorou todas as nossas conversas. Uau — revirei os olhos, enquanto ele dava risada da cara feia que eu havia feito. — Não se preocupe, eu já sei que você não resiste aos meus encantadores olhos azuis, ruivão.
   
— Uhum — murmurei de maneira debochada.— Seus olhos são o oceano que eu quero mergulhar — falei, tentando conter um impulso de rir da cara engraçada que ele fez.

— Você não pode usar minhas cantadas conta mim! — protestou, parecendo estar super indignado. — Vou processar você, dona Luna!

   Mostrei a língua para ele.
— Entra na fila, então.

— Aí estão vocês... — a voz de Klein me fez desviar o olhar para encará-lo, que caminhava até nos com as sobrancelhas erguidas. — Quando o treinador Hedge me falou que vocês estavam abraçados no meio do corredor, super fofos, eu imaginei que agora vocês estivessem se pegando, né? Mais não... — bateu na própria testa. — Ninguém nunca disse, mas vocês dois são esquisitos.

    Scott começou a tossir, quase como se estivesse engasgado com alguma coisa invisível, enquanto eu fiquei olhando para Klein com cara de tacho. De onde diabos ele havia tirado uma ideia absurda dessas? Scott e eu éramos amigos. Só isso.
    Cruzei os braços, fazendo uma careta.
— De onde você tirou isso? — perguntei, batendo levemente nas costas de Scott, quase como se isso fosse fazê-lo parar de tossir. E até ajudou um pouco no final das contas.— E aliás, eu não sou esquisita.

    Klein abriu um sorriso inocente.
— Eu? Não tirei de lugar nenhum, ruivão — quando olhou para Scott, o jeito que ele sorriu foi diferente. — Ah, antes que eu me esqueça, o Fick está chamando você.

   Scott lhe lançou um olhar mortal, mas assentiu com a cabeça.
    Observando-o com mais atenção, percebi que seu rosto estava vermelho. Talvez fosse porque ele havia feito muito esforço quando estava tossindo ou sei lá.
— Estou indo — murmurou, deslizando as mãos pelos seus cabelos, os ajeitando. Seu olhar encontrou com o meu e ele sorriu.— Vejo você depois, tá bom?

    Assenti, sem conseguir parar de olhar para ele.
— Sim, senhor  capitão — bati uma continência exagerada e ele riu.

    Scott se curvou e beijou demoradamente minha testa, quando se afastou, deu um tapa na nuca de Klein e saiu andando.
     Fiquei observando sua imagem ir se afastando cada vez mais, até finalmente sumir pelo extenso corredor. Quase me esqueci de Klein, mas ele ainda estava ali ao meu lado, me encarando com um sorriso divertido estampado no rosto.
— Acho que somos só nós dois agora, não é mesmo? — perguntou, me abraçando pelos ombros. — Você terá que me aturar agora.

    Faço uma careta.
— Tenho alguma outra opção?

   Ele riu alto.
— Não — o abracei pela cintura e me deixei se guiada por ele. — A gente nunca tem muito tempo para conversa, não é? — assinto com a cabeça. — Precisamos mudar isso. Não é todo dia que eu encontro uma fã de Teen Wolf para fofocar sobre os atores comigo.

   Solto uma risada baixa.
— Verdade — olhei para ele por alguns segundos, o avaliando atentamente.— Mas ainda acho que você não está aqui apenas porque quer se aproximar de mim, estou certa? — Klein me olhou por alguns segundos. — Pode não parecer, mas eu conheço você também — pisco para ele.

   Ele levanta as mãos em sinal de rendição.
— Ok, você venceu — paramos no meio do corredor e eu me apoiei na parede próxima à ele. — Bom...  Você já deve saber que o Scott desistiu da bolsa, certo?

   Eu assenti com a cabeça, tentando entender onde ele queria chegar.
— Uhum...

— Bem... eu sei que você deve achar que isso foi uma maluquice, uma besteira ou algo assim — era exatamente que eu achava a respeito daquilo, mas me sentia impotente. O que eu poderia fazer a respeito, afinal? Não havia não que eu pudesse fazer agora. — É que... — Klein colocou as mãos nos bolsos e suspirou. — Eu não devia te contar, mas acho que você precisa saber disso, pois só assim vai entender porque ele te protege tanto — olhei para ele, esperando que continuasse falando. Aquilo era um enorme mistério para mim e se o melhor amigo dele estava disposto a me contar, era algo sério. — A irmã do Scott morreu há alguns anos atrás, de acidente de carro e ele se culpa por isso até hoje.

     Meu coração ficou subitamente apertado.
— Por que ele se culparia por isso?

— Porque ele não estava lá para protegê-la.

———————————————————————
Primeiramente, o capítulo ficou uma merda, mas pelo menos saiu. Postei porque estou tentando deixar tudo em dia, porém, isso não significa que tenha gostado. É a vida.
Saudades de vocês, aliás!
Falem comigo, me xinguem as vezes, eu deixo, está bem?
Até o próximo capítulo!