||4|| Diga-me uma verdade. Apenas uma.

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     Se houver uma frase capaz de descrever como me sinto nesse momento é a de meu velho Rubeo Hagrid em: Eu não devia ter contado isso.
     A ligação ficou momentaneamente silenciosa e eu quis bater minha cabeça contra a parede diversas vezes por ter admitido aquela merda em voz alta. Além de tudo, estava me sentindo uma tola, porque agora obviamente Scott deveria estar achando que sou uma garotinha deprimida que precisa de sua atenção mais do que qualquer outra coisa, e, por mais que isso talvez seja um pouco verdade, ele não precisa saber ou sequer desconfiar do quanto sinto falta de suas cantadas horríveis, dos seus abraços apertados, da sua maldita risada e de nossas conversas profundas que sempre acabavam em um silêncio reconfortante... Não, isso era meio que segredo meu.
     Meu peito aperta e eu me sinto cada vez mais patética; detestava ter meus sentimentos expostos assim, mas infelizmente um certo idiota tinha o dom de expô-los mesmo que não fosse propositadamente. Por isso, na maior parte do tempo os meus instintos de autopreservação gritavam que, se continuasse nesse ritmo, teria sérios problemas. Mas eu já tinha tantos problemas, mais um não faria diferença alguma — ou talvez fizesse em algum momento. Nunca se sabe.
Está vivo? — perguntei, tentando soar o menos desesperada que consegui; de maneira alguma poderia permitir que ele descobrisse o quanto sentia sua falta.

    Ouvi sua risada misturada com duas outras, antes de tudo se tornar uma grande algazarra.
Oi, Ruivão! — a voz estava meio longe, mas pude reconhecer que era Peters gritando do outro lado da linha. Ouvi também Scott e Klein discutindo por alguma coisa. — O Klein e o Scott estão duelando agora. Já já eles voltam, tá bom?

    Meu Deus, como eu sentia falta dessa merda, pensei, abrindo um sorriso.
   Dou risada ao ouvir Klein chamando Scott de "aborto de Kanima", enquanto Peters berra um "Eu não deixava!".
Mas porque merda eles estão "duelando?" — pergunto, tentando soar séria.

Por que o... Dá uma joelhada nele, Klein! Ah... O que estava dizendo mesmo? — se não se tratasse dos dois outros patetas, eu imaginaria que estavam se matando. — Ah, lembrei! O Scott não queria deixar a gente falar com você! — de longe, pude ouvir Scott gritar um "Isso é mentira!". — É verdade, ruivão. Ele expulsou a gente daqui falando que ia dormir, só para falar sozinho com você. Não gostei.

    Acabo soltando uma risada baixa.
Scott é um menino muito malvado. Bate nele, Klein! — provoco, abrindo um leve sorriso que eles não puderam ver.

Ah, então é assim, dona Luna? — perguntou Scott, fingindo-se de bravo. — Eu duelando para falar contigo e você me traí assim, Judas? — Klein resmunga algo que não sou capaz de entender e Scott o manda calar a boca. Isso me faz rir. — Vamos fazer chamada de vídeo? Preciso ver você.

     Olhei para o lado onde Victoria e Rafael conversavam já que, Ary havia ido embora, Rafael não desistiria tão fácil assim e Victoria não perdia uma boa oportunidade de falar mais um pouco, e conclui que uma chamada de vídeo não seria uma boa ideia; não depois de tudo que aconteceu.
Mas você já está me vendo. Não está lindo o autorretrato que fiz e coloquei na foto de perfil? — perguntei, meio que mudando de assunto.

      Rafael ajeitou-se no pufe próximo á Victoria, enquanto ouvia atentamente a tudo que a garota relatava. Como se sentisse meu olhar sobre ela, Victoria me olha e solta uma piscadela em seguida. Era óbvio que ela estava o distraindo.
Você sabe que desenha muito bem — o som da voz de Scott me fez desviar o olhar. —  Quer uma opinião ou apenas precisa levantar ainda mais o seu ego?

   Mordo o lábio, tentando conter a risada.
Levantar meu ego — admiti, abrindo um sorriso. — Mas desde quando você é apto para julgar os meus desenhos?

Todas as verdades de Luna [PAUSASA]Onde histórias criam vida. Descubra agora