𝓿𝓮𝓷𝓱𝓪 𝓶𝓮 𝓼𝓪𝓵𝓿𝓪𝓻

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Kim Yeri

-Pare de chorar! Está chamando muita atenção garota! -O senhor de sapatos caros me segurou ainda mais forte e começou a me puxar para o outro lado da rua. No mesmo momento,eu comecei um choro escandaloso,sentindo as lágrimas rolarem por minha face. Quando já se chorou tantas vezes,acaba tornando algo fácil de se fazer. -Por que está chorando criatura?

    -M-minha mamãe está muito doente! -Dei novamente um grito forçado,e comecei a soluçar. As pessoas na rua passavam por nós,encarando e sussurrando entre si. Eu não queria ter chamado tanta atenção,mas no momento de desespero,a única coisa que consegui pensar,foi em apelar para o lado sentimental dele. O senhor não seria tão ruim ao ponto de querer me levar até a delegacia mesmo chorando dessa forma. -Eu roubei para poder pagar os remédios senhor!

        -Jeon. Me chame de Jeon por favor. -O senhor Jeon,suspirou arrependido e totalmente atraído por minha mentira e atuação. Minha mãe estava doente,ela era amarga,então não estou mentindo tanto assim. -Tudo bem moça,eu não vou levá-la até a delegacia e não vou fazer com que você passe vergonha,mas roubar é errado sabia? Todos temos problemas.

     -E-eu sei moço,mas eu não sabia o que fazer,minha mamãe está tão doente que não consegue ficar em pé,eu estou tentando arrumar um emprego mas ninguém quer me contratar senhor! -Chorei de forma alta, Jeon me olhava com pena e frustração,por algum motivo,eu me senti extremamente mal em estar mentindo para ele. Contudo,foi o mesmo quem não me deixou morrer a uma semana atrás não é mesmo? Não merece que eu fique com um pé atrás por ele,estou fazendo isso exatamente por culpa dele,já que não deixou que eu acabasse com tudo isso de uma vez.

      -Eu vou ajudar você está bem? Mas não ache que será para sempre, é só uma ajuda até que sua mãe fique um pouco melhor. -O homem era mesmo rico. Ele retirou três notas de cem reais da carteira e entregou em minha mão. Na mesma hora eu parei de chorar, extremamente chocada com aquela situação,ele estava mesmo me ajudando? Porque estava me dando tanto dinheiro assim? Daria para comprar bebidas a semana inteira! E porquê,estranhamente,eu me sinto mal com tudo isso? Ele não me deu dinheiro para beber,e sim ajudar minha mãe doente que nem existe. Pensei em recusar,devolver o dinheiro para ele e sair correndo,mas só de imaginar,as gotas de whisky descendo em minha garganta,ou uma boa golada de vodka,conseguiram me mudar rapidamente,e eu guardei as notas no bolso da calça antes de que ele se arrependesse e pegasse de volta. Estava pronta para virar as costas e ir embora,mas suas mãos me mantiveram no lugar. Jeon me estendeu um pedaço de papel,um cartão na verdade,meu raciocínio estava lento e eu não o peguei,o obrigando a colocá-lo em minha mão. -É o meu número,e o endereço da minha agência, por favor,quando sua mãe estiver melhor,pode ao menos me avisar?

     Ele estava mesmo se importando. Porque ele tinha que se importar? Ele é uma pedra no meu sapato! Primeiro,me salvou,quando o que eu mais queria era estar bem no fundo do oceano agora,segundo,ele fez com que meu pai simplesmente não conseguisse olhar para mim,terceiro,o senhor Jeon entrou no meu caminho e me impediu de ir embora logo com a carteira,e agora,ele quer bancar o salvador da pátria,o herói,me dando dinheiro para os remédios imaginários e pedindo que eu o avisasse sobre o que aconteceria com minha mãe futuramente. Literalmente,um demônio.

    -Valeu coroa! Sério,vai ajudar minha mamãe! -Tentei sair novamente,mas suas mãos ainda estavam me segurando no lugar. Suspirei irritada e bufei quando ele estendeu a mão e eu sabia exatamente do que se tratava. -Eu não posso ficar com ela também?

     -Já estou te dando dinheiro mais que suficiente não acha? Pode devolver o que não é seu,vou entregar na recepção e dizer que achei jogado na calçada,mas nas suas mãos eu não vou deixar! -Ele tinha um tom de voz alto,mas possuía certa calma em cada palavra,ele parecia procurar meticulosamente como se expressar e eu percebi,que quando falava de algo que o deixava desconfortável,um lado da sua boca meio que se fechava,o fazendo falar com um meio sorriso. Por algum motivo fútil,eu achei isso interessante demais.

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