𝓹𝓪𝓼𝓼𝓪𝓭𝓸 𝓸𝓫𝓼𝓬𝓾𝓻𝓸

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Kim Yeri

      Certa vez,quando ainda era uma pequena menina com simples problemas  como qual a cor da roupa que eu iria usar para a escola,minha mãe me prometeu que não importa o quão sozinha eu me sinta,o quão triste eu esteja,ou o quão eu não me sinta importante,ela sempre estaria ali para mim. Ela me prometeu que estaria lá quando eu não conseguisse suportar tanta dor,ela iria enxugar minhas lágrimas e me diria algo feliz para que eu pudesse sorrir por alguns segundos. Naquele dia,eu jurei  a mim mesma que sempre procuraria pelo colo de minha mãe quando o mundo estivesse em caos e pronto para desabar sobre minha cabeça. 

    O problema,é que quando eu precisei,ela não estava. Pelo contrário,ela me abandonou,me deixou de lado e desistiu de mim,desistiu de lutar por sua própria filha. 

   Sofremos  um acidente de carro,quando eu tinha 13 anos. Estava de noite,nevava e  a rua estava escorregadia. Meu pai me pediu para prender  Jack na cadeirinha e me certificar de que ele estava seguro,me mandou apertar o cinto  e diminuiu a velocidade. Seung estava na casa de uma amiga,foi a única que escapou daquele terrível acidente. Meu pai me pediu para ajeitar Jack,se lembra? Bom,eu não fiz isso. Estava contente demais observando a neve cair pelo outro lado do vidro. Era tudo tão lindo,tudo tão fantástico e incrível. Naquele dia,justo naquele dia,eu descobri minha fascinação pela neve e principalmente pela cor branca. Eu estava entretida demais,e quando o carro derrapou na pista,assim que viramos na esquina e virou logo em seguida,não consegui prender Jon a tempo. O carro virou...Jack caiu...ele tinha apenas três anos,e assim  que bateu a cabeça contra o teto morreu no mesmo instante,ele quebrou o pescoço na hora e caiu ao meu lado,bem ao meu lado. 

    Pensei  que tudo já tinha acabado,que nada podia piorar,que a culpa já era o suficiente,mas não,ainda tinha o pior me aguardando. depois de uma ano apos a morte de Jack,minha vida tinha mudado,meus pais não queriam,mas sabiam que a culpa tinha sido minha por não tê-lo prendido. Minha mãe tentava me tratar bem no inicio,tentava apenas,contudo,durante os meses,ela  precisava liberar sua  dor,e  eu fui a escolhida. Meu pai passava mais tempo na rua do que  em casa,a única que ficou ao meu lado foi Seung. Apenas ela. Certo dia,voltando do colégio,fui abordada no caminho por um homem. Não vou conseguir dizer tudo que aconteceu naquela tarde,mas seis meses depois,eu tive de fazer um aborto. Foi num lugar clandestino,com um médico que não sabia o que estava fazendo,e minha mãe insistindo que deviam tirar isso o mais rápido de mim. Eles conseguiram tirar,mas junto,foi minha última chance de ter um filho algum dia. 

    Não posso usar como desculpa para tudo. Mas devo dizer,que foi ai que comecei a beber,me drogar e fazer as coisas certas parecia errado para  mim. Meus pais se divorciaram assim que fui presa  pela primeira vez,por tentativa de assalto. Depois disso,minha vida nunca mais,fez o devido sentido.

  Ainda amo a neve,por mais que ela me traga terríveis lembranças,ela me acalma e me faz lembrar de como tudo era perfeito antes do acidente que foi causado por ela,em como eu era apenas uma menina calma,sem preocupações. 

   Fazem apenas três anos,quatro se levarmos em conta que farei 18 anos dentro de um mês. E eu ainda consigo sentir toda dor que senti naquela época. Ele nunca foi preso,se desejam saber,nunca respondeu pelo que fez,mas eu nunca vi a  cara dele novamente. Admito que se eu visse,talvez ele não estaria vivo. 

    No entanto,não vou sofrer por muito tempo,a vida vai ser curta pra mim e não estou nem um pouco triste com isso,na verdade desejo que ela não se prolongue  por muito tempo,a hora que eu tiver de partir,será a hora certa.

  -Vamos,pegue sua jaqueta. -A voz do senhor Jeon me despertou de lembranças do passado,só então percebi que havia passado tempo demais pensando. Ele recolheu o copo de água vazio de minha mão e o colocou sobre  o criado. -Vou te levar até sua casa

Learning to loveOnde histórias criam vida. Descubra agora