Learning to love

𝓪𝓹𝓮𝓷𝓪𝓼 𝓿𝓲𝓿𝓪

Yeri 

  -Nossa eu estou mesmo decepcionada. Nem mesmo um tapa na cara? Ou um soco? Uma vez eu quase atropelei ela, não que eu me orgulhe disso, mas por favor né Yeri! Você vai embora sem nem dar um murro? -Joo estava indignada. Ela fazia questão de me dizer isso desde que deu partida e comecei a dirigir em direção a casa dos dois. Os deixaria ali e pegaria viagem de volta pra Busan. Jungkook já estava na estrada com Jon e se eu fosse rápida, chegaria juntamente deles. Tinha tantas coisas para dizer. Tantas palavras que ele precisava ouvir. Mal podia conter minha euforia. Se pudesse, e fosse humanamente possível, eu já estaria lá agora mesmo. 

   -Meu amor, nós ja conversamos sobre isso tantas vezes. Que tal deixar a violência de lado? -Taehyung massageava os ombros desnudos da esposa com carinho. Joo era mesmo uma mulher engraçada, contudo, quando se tratava de seu marido, ela se derretia como um picolé em um calor de quarenta e cinco graus. 

    -Bem, eu acho que se eu batesse nela, ligariam pra polícia. E a última coisa que eu quero é ser presa em Seul, a milhões de quilometros de minha casa e de Jungkook. Estou tão ansiosa para vê-lo que não vou perder essa oportunidade. 

      Deixei-os em sua casa. Joo me fez prometer que ligaria assim que chegasse lá, e que no fim de semana, eu leva-se Jungkook e Jon para visitá-los. De fato, Joohyun era uma mulher peculiar e eu adorei conhecê-la. Se existe alguém que eu desejo copiar, certamente é essa mulher. Quem me dera eu tivesse a capacidade que ela tem para negócios. Mal sei comprar uma bala e calcular o troco, quem dirá dirigir uma empresa, ou melhor, várias empresas visto que sua linha de cosméticos está em todos os lugares. Se não me engano, tem até mesmo uma filial no Brasil. E Taehyung não fica atrás, ele decidiu se dedicar a família por esse anos iniciais de sua filha, mas pelo que ouvi falar, sua galeria não para de receber pedidos e o espaço se tornou pequeno pra tantos artistas iniciantes e talentosos. 

      Jungkook deve se orgulhar de seus amigos. Eu me orgulharia com toda a certeza do mundo. 

     O caminho de volta foi repleto de pensamentos. Eu estava feliz, mas com medo. As coisas entre mim e meu marido ficaram confusas, de uma forma que eu não sei como reagir. Meu vicío me deixou um pouco, ou melhor, muito melancólica, me levou de volta ao passado e a minha antiga eu. Foi difícil, complicado e devastador. Disse coisas que Jungkook interpretou de outras maneiras, e sei que tudo isso podia ter sido evitado se eu simplesmente o chamasse para conversar e explicasse como estava sendo pra mim, como eu me sentia em relação ao Jon. 

    Se eu tivesse simplesmente contado o que estava escondendo, tudo seria mais fácil. Conheço Jungkook e sei como seu coração é bom. Ele me entenderia, e me ajudaria. Mas ao invés disso, nossas ações foram reversas, minhas atitudes o levaram a cometer erros, e as dele, me obrigaram a reagir. Ainda me lembro perfeitamente da decepção em seu olhar e em como ele me desprezou quando viu que eu tinha voltado a beber. Eu não podia ter escondido isso dele. MEsmo que tenha sido difícil pra mim, somos um casal, vivemos juntos e possuímos a mesma rotina, era óbvio que uma hora ou outra, tudo se tornaria claro pra ele. 

     Eu só não imaginei que Tzuyu entraria em cena. Meu medo de perder o homem que amo me deu forças para lutar contra o abismo que eu insistia em cair. Esse medo, essa necessidade de trazer Jungkook de volta, me fez evoluir e me fez crescer. Jungkook me ajuda a crescer. Podemos sobreviver um longe do outro, não nascemos colados e caso  algum dia, caso esse dia chegue, em que precisaremos viver separados, estará tudo bem. Nos vamos sobreviver. Mas isso não significa que esse seja meu desejo. Obviamente, eu quero passar os restos de meus dias ao lado dele, do homem que amo e de mais ninguém. só quero dizer, que não dependemos um do outro. E isso é libertador, saber que somos fortes o suficientes para aguentar tudo caso um dia nosso fim chegue. 

     Passei tantos anos desistindo de me encontrar, desistindo de lutar, que me parece um sonho tudo que conquistei. Sozinha ou com ele, é mérito meu. Eu sou minha própria luz, e meu próprio caminho. Minhas ações determinam meu próximo passo, e sempre será assim. 

    Seu carro já estava na garagem quando eu entrei. Meu coração estava prestes a sair pela boca, e a adrenalina não parava de subir. Precisavámos conversar sobre tudo e de forma correta, uma palavra errada podia dar inicio a uma discussão e eu não desejo isso. Quero apenas que tudo fique bem, que tudo volte ao normal. 

    Coloquei o carro no lugar dele em nossa garagem e entrei pela porta dos jardins. Do lado de fora, percebi a janela do quarto de hospedes aberta e as luzes acessas. Já era de noite, e algumas sombras andavam de um lado para outro. Reconheci minha irmã assim que a mesma se pendurou sob o parapeito. Jonghyun estava na cozinha, e me deu seu maior e mais belo sorriso assim que me viu. Sua mochila estava ao seu lado, e a de minha irmã também. Pelo visto, eles estavam indo embora. 

    -Vocês não precisam ir embora, não se preocupem. -tentei parecer gentil, afinal, os dois ficaram comigo por uma semana me suportando e aguentando meus picos de humor. No entanto, estava satisfeita que eles não ficarão. Preciso conversar com meu marido, e a sós, apenas eu e ele. E bem, agora Jon. Pensar nele fez meu coração aquecer. Jon estava lá em cima, seria a primeira vez que eu o vejo após toda essa confusão. 

    -Acredite querida, se eu estivesse no seu lugar, eu já tava vazando a muito tempo! Você não pensa mesmo né Yeri? Onde é que você deixou seu celular? -Meu melhor amigo estava rindo, e analisando bem, parecia um riso de nervoso. Eu não sie onde meu celular ficou. Sai tão desesperada da casa de Taehyung e Joohyun, e depois fui na casa de Tzuyu, tudo em um curto período de tempo. Não sei exatamente onde deixei meu celular. Ele deve estar em algum lugar por ai. 

    Assim que abri a boca para tentar me explicar, os passos pesados de Jungkook me chamaram a atenção. Ele estava descendo as escadas correndo, e antes que eu conseguisse falar algo, seus braços me seguraram com força, e minha cabeça bateu contra seu peito. Ok, o que estava acontecendo? 

    -Você...vocÊ...por Deus YEri! O que custa atender a porra do telefone? -Suas mãos estavam meu mantendo parada, envoltas em meu corpo, me prendendo, me fornecendo calor. Seu perfume invadiu minhas narinas e eu sorri. Estava com saudades. Uma semana me pareceu um inferno, e agora, que o tenho em meus braços, tudo parece se encaixar. Meus medos foram embora. 

     -E-eu não sei onde deixei meu telefone Jungkook. -Depois de um longo minuto, consegui retribuir seu abraço, aconchegando meu rosto contra seu peito firme e apertando sua cintura com toda a minha força. Não queria soltá-lo. Não mais. Não que eu precise. 

     Está tudo bem agora. Jungkook está comigo, e tudo vai ficar do jeito que deve ficar. Eu o amo, com todo meu coração, e eu finalmente aprendi a amar a vida, a amar os dias bons e os dias ruins. A tempestade sempre vai estar lá fora, a tormenta, e a tristeza. A maldade nunca vai acabar. Porém, também existe o arco-íris, o sol quente, a felicidade e a bondade. O mundo é um meio termo, de um lado, está o precipício, e do outro, a montanha que te levanta. Estamos no meio, um pé de cada lado, e depende apenas de nós, se vamos subir ou cair. Tudo depende de nós, apenas nós. 

     Todos os dias, levantamos sem saber o que pode acontecer. Não temos esse controle, não podemos adivinhar o futuro. No entanto, podemos tentar mudá-lo. Levante e quem sabe, não agradeça por algo, eu por exemplo, comecei a agradecer por Jon, por Jungkook e por mim. O simples fato, de eu querer mudar, já é uma mudança. Eu não escolhi ser quem sou, mas agradeço, por todos os meus defeitos, pois eles me fazem evoluir. Estive anos na escuridão, de olhos fechados e sem conseguir sair, mas eu venci. Eu fui forte, e consegui curar minha parte que estava destruída. Remendei meus machucados, substitui os que conseguia, e me tornei uma nova pessoa.. 

    Nunca vai ser fácil. A vida, não é pra ser fácil. Mas é preciso viver, porque por mais que você esteja na solidão, um dia, você vai sair dela, e quando isso acontecer, você precisa estar vivo pra saber. 

    Nada é tão ruim quanto pareça. 

    Apenas viva. 

    Apenas, viva. 

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Meu coração tá apertado pois depois desse, entraremos na reta final da fanfic. Haverá apenas mais um capítulo, um pulo no futuro e meus agradecimentos. Já estou triste antes da hora kkkkk