𝓵𝓪𝓰𝓻𝓲𝓶𝓪𝓼 𝓭𝓮 𝓬𝓻𝓸𝓬𝓸𝓭𝓲𝓵𝓸

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Kim Yeri

         Eu mal conseguia respirar. Meu peito ardia a cada tentativa inútil de trazer ar para o meus pulmões. Minha cabeça latejava,como se martelos estivessem sendo batidos em minha testa. E sem contar,em como minha garganta estava ardendo,não conseguia dizer uma simples frase sem gaguejar ou fazer uma careta de dor.

      Bebi muito na noite anterior. Precisava esquecer de tudo que aconteceu durante o dia. Por mais que essa seja a forma errada de lidar com os problemas,a bebida me faz atrasar o tempo e esquecer de minha vida.

       Faz uma semana,desde o dia em que aquele homem intrometido me salvou na ponte e me levou até uma delegacia. Ele foi rude,e me colocou a força em seu carro. Tentei diversas vezes sair e explicar que a partir do momento que eu entrasse naquele lugar,eu já estaria morta quando chegasse em casa. Ele nem me ouviu.

     E fez muito pior,contou tudo distorcido para o policial. Inventou uma mentira totalmente desnecessária,dizendo que eu havia chutado o carro dele,e depois tentei me jogar no mar.

     Ligaram para minha irmã,pensei que ela iria me ajudar dessa vez e não disser nada a nossa mãe,contudo,qual foi me buscar na delegacia,não foi ela. E sim,meu pai.

      A única pessoa,que eu desejava não me ver naquele estado.

     Estava fedendo,a bebida,muita bebida,e molhada,pela chuva. Meus cabelos estavam totalmente desconexos e os fios não se ajeitavam. Meu rosto um pouco inchado pelo choro,e minhas unhas estavam machucadas pela briga que eu tinha me envolvido algumas horas antes.

      Ele não disse nada,e eu preferi mil vezes,que ele me desse uma bronca,ao invés de desistir de tentar.

     Não foi minha primeira passagem pela polícia,e não será a última. Mas meu pai nunca havia ido me buscar. Sempre foi minha mãe,e em todas as vezes eu saia carregada pelos cabelos ou com ela me batendo até o ponto de ônibus. Pelo menos,ela deixava bem claro que já tinha perdido o controle sobre mim.

    Já meu pai,meu pai ainda tentava até uma semana atrás. Ele não tinha desistido de mim ainda.

    E tudo isso aconteceu,por culpa daquele sujeito imbecil que não se teve a coragem de virar as costas e deixar que eu seguisse minha vontade.

    Se eu estivesse morta agora,as coisas estariam mudadas e melhores. Para todos.

     Virei na cama escondendo a cara no travesseiro tentando evitar a dor de cabeça. Eram pontadas,no meu cérebro,que me causavam ânsia de vômito.

     -Yeri! Saia logo desse quarto!

    Murmurei um xingamento de baixo calão. Minha mãe nunca me deixava ter nem ao mínimo,um momento para sofrer sozinha. Cada segundo nessa casa,era um ponto a menos em minha felicidade,e se eu não me engano,eu não sou feliz a anos.

     Os únicos sorrisos que consigo dar, é quando estou drogada ou bêbada. Fora isso,meus dias são infelizes e entediantes.

      Levantei da cama forçada e peguei uma roupa limpa. Quanto mais rápido eu saísse de casa,mais rápido eu começaria a beber. Não importa se estou quase colocando as tripas para fora,nem se não estou com vontade nenhuma para beber,vou comprar uma garrafa mesmo assim.

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