Learning to love

𝓭𝓸𝓻 𝓮 𝓽𝓻𝓲𝓼𝓽𝓮𝔃𝓪

Kim Yeri 

     Pela manhã,Jeon saiu bem cedo,antes mesmo de eu acordar,era como se tudo que tivesse ocorrido na noite passada fosse apenas um delírio meu,e pensando bem,eu prefiro que seja,assim não ficarei com tanta culpas em meu coração. Não vou conseguir sair roubando os objetos da casa dele dessa forma,mas posso roubar alguma coisa muito valiosa para fugir.

     Meu plano foi todo reformulado. Já que não posso roubar aos poucos,vou roubar de uma só vez. Semana que vem,depois de eu ter achado um lugar para mim em Seul,a capital,irei roubar uma boa quantia no cofre de Jeon e irei embora na mesma hora. Não vou consegui me despedir já que ele não pode saber que estou partindo,muito menos avisarei minha mãe ou minha família. E por muita sorte,semana que vem eu completo 18 anos. Então,me tornarei responsável por mim mesma e não vou precisar mais de nenhum guardião.

      Agora,o que eu vou fazer em Seul? Bom, é algo que vou pensar pelos próximos dias. Primeiro preciso arranjar um lugar para ficar,pode ser até uma pequena quitinete,que só cabe uma pessoa. Posso me virar muito bem assim. Um emprego não vai ser um problema já que lá,existem muitas pessoas contratando diferente de Busan. Vou sentir falta daqui, obviamente,mas preciso sair antes que eu me envolva demais com esse homem.

     Jeon é bom demais para mim. Nem se eu cogitasse algum dia ficar com ele,que futuro teríamos? Sou uma viciada,uma dependente de substâncias químicas que não consegue controlar sua vontade de roubar e de magoar as pessoas ao seu redor. Eu me acabo, faço mal a mim mesma e diariamente me machuco,física,e emocionalmente. Nunca teríamos um relacionamento saudável,ele sempre estaria tentando me ajudar porque ele é bom,mas com o tempo se cansaria,deixaria de lado e eu ficaria pior do que antes pois ele tentou me consertar e eu não quis ser consertada. Sem contar,que eu não tenho nada, não sei fazer nada e não planos para o futuro. Meu talento? Decepcionar pessoas. Ah,e não podemos nos esquecer do ponto principal da festa,eu sou vazia por dentro,nada pode ser gerado em mim,meu útero não funciona e nunca vai funcionar. Jeon nunca teria um filho comigo,e ele aceitaria pois é bom demais,porém,como eu disse,ele vai se cansar em algum momento e eu não quero ver a decepção em seus olhos.

    Entende a gravidade da situação?Em como eu preciso desesperadamente sair daqui para não me envolver com esse homem perfeito? Sou o caos completo e ele a perfeição,uma combinação tão surreal como essa tem zero chances de acontecer.

     Me levantei daquele maldito sofá frustada. Pensei demais e isso me irritava. Porque tenho que pensar tanto assim?

    Ajeitei onde eu dormi e terminei de arrumar minha mochila,guardando as poucas roupas que ainda sobraram no chão. Me lembrei vagamente de como a risada de Jungkook me deixou tão feliz ao ponto de rir junto e de como ele ficava tão lindo rindo. Era extremamente belo,seu sorriso.

     Balancei a cabeça dando uns tapinhas na minha cara e me levantei respirando fundo. Não pensarei em Jungkook hoje,vou pensar em tudo,menos nele.

    Tomei um banho rápido e me enrolei na toalha. Por alguma merda de motivo eu não acho que um dia como esse, ensolarado,azul e com passarinhos,seja cenário para uma adolescente querendo bancar a gótica.

     Busquei uma blusa branca dentro da mochila e encontrei uma bem no fundo. Uma das que Jungkook me trouxe.

     Coloquei um short preto e um chinelo que Jungkook me emprestou. Meu corte já estava bem melhor do que ontem e se em dois dias eu já puder trabalhar,espero que a senhora Soo me aceite de volta depois que eu quebrei seus ovos.

     Jungkook não tinha muitas coisas na geladeira,mas havia um pedaço de peixe no fundo,macarrão e algumas folhas de alface,para mim,era um banquete perfeito.

     Prometi que não iria pensar em Jungkook,e não pensei. Pensei nas coisas dele e principalmente no seu talento,mas não nele.

    Coloquei uma música calma e cozinhei uma boa comida,por sorte,ficou tudo pronto,não demorei muito e até que ficou bom. Pensei em comer antes de Jungkook mas seria falta de respeito.

    Então eu fui olhar pela casa,ou melhor dizendo,seu quarto.

     Chequei da janela para ter certeza que ele não tinha chegado e que seu carro não estava na garagem,nenhum sinal dele vindo pela esquina,então me apressei em correr até seu quarto. A intenção,era de ir até o cofre,e ver se por sorte eu descobria a senha,mas a parede de quadros do Jungkook era tão interessante e chamava tanta atenção que eu não consegui seguir meu caminho.

    O quadro daquela mulher,ali,no meio,com uma criança sem rosto era tão assustador e ao mesmo tempo tão significante,era como se fosse algo muito importante para Jungkook e naquele momento eu tive curiosidade. Era sua mãe? E o bebê no colo era ele? Uma mulher da família como sua irmã,sua prima,ou uma namorada antiga? Não sei se Jungkook já se casou,ele é tão novo pra isso que não parece fazer sentido,porque alguém se casaria tão cedo assim? Jungkook pode curtir sua vida,transar com todo mundo,não tem compromisso de chegar em casa em uma tal hora e pode sair quando quiser,porque seria tolo de trocar tudo isso para se prender a uma única pessoa? Se foi esse o caso,faria algum sentido. Já pensou,os dois estão mortos? Ou pior,foram embora? Qual das duas opções era a pior?

     -Era uma amiga. -Quase desmaiei e cai no chão. Jungkook sempre me assusta desse jeito que merda! Estava tão encantada com a pintura que não o vi chegando. Grande merda!

     -Não perguntei. -Estava com vergonha demais para virar as costas e sair. Fui pega no pulo,olhando as coisas de Jeon,imagina se eu estivesse vindo fazer o que queria? Olhar o cofre dele? Ah Yeri,cada dia que passa fica mais difícil.

      Jeon riu e se aproximou parando bem ao meu lado,seu ombro encostou no meu.

     -Era uma boa amiga,até que eu me apaixonei por ela. -Sua voz ficou triste e trêmula. Pelo visto,eu estava meio caminho certa. Jungkook não estava com seu casaco preto que sempre usava,pelo visto ele devia estar em algum lugar jogado pela casa,talvez no sofá,ou até mesmo no carro. -Nos casamos mas eu não era o suficiente pra ela,nunca fui. -Ele riu,mas não um riso bom,foi algo que partiu meu coração. Que tipo de mulher seria tola ao ponto de achar que Jungkook não era suficiente? Pelo céus,não consigo acreditar. -Ela amava outra pessoa,estava cega,então não posso culpa-la por agir irracionalmente.

     - O que? Claro que pode! Ela foi uma vaca com você não foi? Pode muito bem culpar ela por sua dor!

     Me sentia tão irritada. Jungkook era um anjo merda! Como alguém pode fazer isso com ele? Respirei fundo e sem pensar muito,meus dedos tocaram a mão de Jungkook, ele pareceu nem se importar com a proximidade,pelo contrário,era como se eu tivesse feito exatamente o que ele mais precisava. Conforto.

      -Tzuyu era uma boa amiga Yeri,apesar de tudo,não tenho muitas mágoas dela.

     -E o bebê? Do que se trata?

     Acho que peguei exatamente na sua ferida. O aperto se intensificou em minha mão. Seus lábios tremeram como uma criança,prestes a chorar,e então a primeira lágrima caiu. Ah,aquilo foi um basta para mim. Abracei Jungkook como podia,ele se abaixou até sua cabeça estar em meu peito,suas mãos agarram minha cintura com força,e ele molhou toda a minha blusa com suas lágrimas dolorosas. Tinha tanta dor em Jungkook que eu queria trazer um pouco para mim. Passei tanto tempo pensando em mim mesma,em minhas próprias dores que não pensei que Jungkook também pudesse ter as dele.

Nesse momento,jurei,que sempre odiaria Tzuyu,por ter feito Jungkook sofrer.