Capítulo DOZE - Adeus

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Eu decidi correr até que encontrasse uma forma mais fácil de me proteger. O primeiro cadáver havia levado a bengala consigo e eu não poderia recuperá-la sem perder mais tempo. Corri para o departamento seguinte e, obstinadamente, o morto-vivo me seguiu, tropeçando em obstáculos inexistentes e resmungando faminto. Parei de correr e, droga, eu definitivamente deveria ter ouvido Reid.

O teto da Walmart, que também era parte do chão do andar de cima, havia cedido e levado consigo parte do chão no andar onde eu estava. Era um buraco realmente grande e agora eu sabia por onde andavam todos os cadáveres que deveriam existir naquele lugar tão grande. O buraco dava na garagem subterrânea do edifício, e lá embaixo, mesmo através da pouca luz, eu conseguia ver literalmente um ninho de mortos-vivos, uma quantidade tão grande, que eu sabia, se caísse lá, não restaria nada de mim para se transformar num morto-vivo.

O chão estava irregular e meus passos poderiam ocasionar um desabamento, me levando ao buraco escuro de onde eu conseguia ouvir a multidão de cadáveres, apenas esperando ansiosamente para que eu caísse.

O morto-vivo que me perseguia, um dos únicos sortudos que não havia caído através do buraco naquela armadilha, se aproximou de mim e eu tive que caminhar mais rapidamente. Ele não precisava se preocupar com o medo de cair e morrer novamente, nem ser devorado pelos outros, de forma que tentava correr para mais perto de mim e eu não podia fazer nada além de aumentar minhas passadas.

Se eu sobrevivesse depois disso, daria razão à Reid quando ele me fizesse prometer coisas que para mim eram sem cabimento.

O cadáver se aproximava de mim mais rápido do que eu conseguia me afastar. Passando pela borda do buraco, os outros cadáveres abaixo começaram a se agitar quando me perceberam. De alguma forma, ouvi-los me deixou mais frenética e minha travessia se tornou pior. Eu não podia parar para me livrar daquele que me perseguia, mas a cada passo, o chão poderia ceder novamente e eu cairia.

Finalmente o morto-vivo se aproximou tanto de mim que senti seus dedos roçando minhas costas quando ele tentou me agarrar. Eu me virei, decidida a acabar com aquilo ou morrer tentando, todos morrem dessa forma. Pouco antes de empurrá-lo na direção do buraco, sua mão se fechou, segurando parte do tecido da minha camiseta, e nós dois caímos. No último instante, me agarrei a borda do buraco.

Os cadáveres abaixo de mim grunhiram, percebendo que quem caiu não era aquela que eles queriam tanto devorar.

Tentei forçar meus braços para cima, mas o chão da Walmart era de ladrilhos e estava liso com a poeira do cimento acumulada depois do desabamento do teto. Fiquei pendurada por minutos que pareceram durar uma eternidade, meus braços foram cansando rapidamente até que estavam trêmulos e gelados, quase sem circulação sanguínea. Parece que eu tinha um talento natural para me colocar em perigo mesmo quando não existia perigo algum à espreita.

Inspire, expire, eu pensava comigo mesma, a única voz que me fazia ter um pouco mais de forças, mesmo que dentro da minha cabeça.

O que aconteceria quando Reid percebesse que eu não apareceria?

Antigamente, eu não tinha ninguém para quem voltar. Ninguém que se preocupasse comigo. Ninguém para chorar a minha morte ou ter a misericórdia de atirar na minha cabeça antes ou quando eu me transformasse.

– Kave! Você está aí?

Era a voz de Reid.

Agora era a parte onde eu o chamaria e ele caía na mesma armadilha que eu, então ambos morríamos, Pauline nos chamava através do walkie-talkie e receberia nosso silêncio. Nossa morte.

Mas, droga, eu não queria morrer assim! E também não queria arriscar a vida de Reid por minha puríssima estupidez.

Ele continuou me chamando, até que eu tive coragem de gritar.

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