IX

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Kj Apa

2° dia

2° dia de mudança, hoje é realmente um dia corrido, ter que trabalhar e no minúsculo horário de almoço, sair do trabalho pra adiantar as coisas da mudança.

Meu horário de almoço acabou de terminar, deixei Benjamin na casa de Lili e fui correndo pra o trabalho. Entrei na empresa, guardei algumas coisas no pequeno armário e me posicionei no lugar que fico.

- Keneti Apa, a senhorita Mendes quer falar com o senhor. - A recepcionista disse, achei estranho, ela nunca foi de falar comigo nesses horários.

Não protestei, entrei no elevador e apertei o botão direto pra cobertura. Ao chegar na cobertura, fui até a sua porta e bati antes de entrar.

- Me chamou senhorita Mendes?

- Sim. - Se virou pra mim, sua expressão era fria, dura, como se estivesse com raiva de algo. - Sabe que horas você tem que estar aqui?! Uma e meia, e sabe quantas horas são?! Três horas! Acha que só por que está fodendo comigo pode chegar a hora que quiser?!

- Desculpa senhorita Camila, eu...

- Não venha com desculpinhas igual ontem, vai ter desconto do seu salário por conta disso. Agora sai daqui!

Abaixei a cabeça como um cão indefeso e saí de sua sala.

Fiquei realmente muito chateado com a bronca mesmo sabendo que estava errado, e mais chateado ainda por ter retirado uma parte do meu salário. Mas não fiquei chateado por conta do dinheiro, mas sim porque este mês é o aniversário do meu filho e eu planejava em fazer algo pra ele, já que eu nunca tive condições de fazer algo antes pra meu filho.

Desci e fui para o meu lugar, tentando tirar da cabeça que não vou poder fazer o que eu tanto queria pro meu filho.


...


- Papai, essa casa é muito gande! - Benjamin disse com os olhos bem abertos, impressionado.

- Verdade filho, mas agora é nossa.

- Eba! - Ele gritou batendo palmas. - Papai, eu quelo o meu quarto, você vai fazer né?!

De imediato o meu coração aperta, o sonho de Benjamim sempre foi ter um quarto todo decorado com o filme que ele mais ama, rei leão. Eu contava com o salário que eu ia receber, mas eu já sabia que quando a senhorita Camila descontava, ela descontava muito do dinheiro e o que eu receber, não vai dar pra isso.

- Filho, vem cá. - Sentei no sofá e bati em minha perna, ele veio e sentou em meu colo. - O que o papai mais quer é fazer o seu quarto, mas hoje o papai levou uma bronca do trabalho e acabou perdendo um pouco do dinheiro, não vai dar pra eu fazer o seu quarto por agora. Mas eu prometo que vou fazer, tá bom? - A expressão dele de feliz, foi para um biquinho triste em dois segundos e meu coração doeu mais ainda. Ele não falou nada por enquanto, parecia pensativo.

- Tá bom papai, eu entendo. A tia Lili me ensinou que num podemos desistir dos nossos sonhos. Eu espelo o senhor ter dim dim pa fazer meu quatinho. - Eu fiquei impressionado, como uma criança daquele tamanho já aprende e entende tanta coisa?!

- Eu te amo meu filho. Prometo que quando eu tiver o dinheiro, vou fazer um quarto bem bonito pra você, com tudo que você mais gosta. Ta bom?

- Tá papai, eu também te amo. - Recebi o abraço mais gostoso que existe, da pessoa que eu mais amo.

Quando começou a anoitecer, arrumei mais algumas coisas que precisava, a casa já era mobiliada, mas tinha algumas coisas de Benjamin que coloquei no lugar.

As 22:00 da noite, eu estava terminando de vestir o pijama em Benjamin, até que meu celular tocou.

- Alô

- As 22:30 quero você aqui. - E desligou, claro que eu já sabia quem era mas fiquei um pouco impressionado, já fazia uma semana que ela não me ligava.

Arrumei Benjamin e o deixei na casa de Lili, ela costumava dormir tarde e sempre pedia pra ficar com Benjamim por que ela adorava.

Peguei um Uber e parti.


...


Toquei a campainha e não demorou muito pra ela abrir, olhei para seu rosto e percebi algo, estava inchado, seu lindo nariz estava vermelho e seus olhos recém secados mas ainda molhados. Ela estava chorando, vestia um short e um moletom grande e largo, mas que mesmo assim deixava ela linda.

- Entra logo. - Disse quebrando o silêncio, entrei e fechei a porta, trancando a mesma.

- Aconteceu algo? - Perguntei, ela fungou de costas pra mim.

- Não é nada.

- Não parece. - Falei.

- Cala a boca. - Um silêncio se instalou naquela sala.

Me sentei no sofá e respirei fundo.

- Eu não te chamei aqui pra foder, eu... Quero compainha hoje. - Ela virou pra mim e percebi que voltou a chorar. - Eu não tenho amigas Kage, eu sou sozinha, só tenho o meu irmão. Meu pai é cego por uma vaca que só quer o dinheiro dele e ele não percebe isso, eu não tenho ninguém.

- Você é uma pessoa ótima.

- Você só me conhece a um mês, não pode ter certeza disso.

- Mas eu sei que você é uma pessoa incrível, muitas pessoas já me falaram que você é uma pessoa muito ruim mas eu sei que você não é. - Falei. Ela ficou um tempo parada me olhando, as lágrimas caíam de seu rosto. Rapidamente ela saiu do transe secando ligeiramente suas lágrimas.

- Você pode me fazer compainha hoje, por favor? - Pediu, ela estava frágil e me impressionei com isso. Ela sempre tem uma postura forte, determinada e objetiva; essa foi a primeira vez que ela me mostrou esse seu lado sensível.

- Posso. - Falei, ela fungou colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha e veio até mim, me abraçando, em seguida pegou em minha mão e me puxou em direção ao seu quarto.

Quando chegamos em seu quarto, fiquei na porta, ela entrou e ligou a televisão; entrou na Netflix, botou em um filme e se sentou, se cobrindo com um cobertor quente.

- Vai ficar me olhando ou vai vim logo?! - Disse, fui em direção a sua cama, tirei meus sapatos e me sentei ao seu lado.

Quando menos esperava, ela se encostou em mim, apoiando sua cabeça em meu peito e permanecendo alí, não pude evitar o sorriso que apareceu nos meus lábios. Ela deu play e o filme começou.

- Você é a pessoa mais próxima de mim. - Ela diz no meio do filme dando um sorrisinho fofo no final da frase, fiquei com isso na cabeça por um bom tempo. Logo eu que ela conheceu a um mês.

Do começo até o final do filme ela ficou ali agarrada em mim, não saiu dalí nem um segundo. O filme acabou, ela já havia adormecido, desliguei a Tv e tentei tirar ela de cima de mim e ajustar a mesma na cama, mas de repente Camila se agarrou mais a mim e não quis sair de forma alguma.

Então, depois de várias tentativas me deitei com ela agarrada a mim e fiz cafuné na mesma até ela adormecer em meus braços.

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Demorei mas VOLTEI!!

O que acharam do capítulo?

Votem e comentem!

Beijos!

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