XXXII

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Camila Mendes 

- Senhora Mendes? 

- Mamain, acorda - Escuto uma voz desconhecida e a voz do Ben, abro os olhos lentamente mas os fecho logo em seguida, sentindo uma puta dor de cabeça e uma luz forte na minha cara. Mas tudo vem a tona, todas as lembranças do que aconteceu e deixo uma lágrima descer. 

- Cade-cade o meu namorado? Ele está bem, não está? Diz pra mim que ele está! - Imploro pra enfermeira que está na minha frente. 

- Amiga, ele ainda está na cirurgia, não temos notícias ainda. - Escuto a voz de Lili, ao olhar para o meu lado, vejo Lili, Cole e a Mads com a Louise nos braços. 

- O que aconteceu comigo? - Pergunto sem lembrar de nada. 

- Você não lembra? - Mads pergunta e eu nego. - Você desmaiou dentro do carro no meio do trânsito ao saber do acidente de Kj, uma das pessoas q estavam no engarrafamento ligou pra ambulância porque viu você desmaiada. Eu busquei o Ben e o trouxe pra cá.

- Cami, o Kj é forte, ele vai ficar bem. - Lili disse pegando em minha mão. 

- Eu tenho tanto medo. - Digo sentindo as lágrimas voltarem novamente. - Eu tive um passado aterrorizante, sempre tive medo de me relacionar com alguém, eu só me relacionei uma vez e... Não acabou nada bem, tive traumas e de lá pra cá, não conseguia confiar em nenhum homem. Mas aí... O Kage apareceu e tudo mudou... 

- Mamain, naum chola, o papai e forte e vai ficar bem. - Ben disse, seco algumas lágrimas que desciam e peguei bem, colocando-o deitado em meu colo. 

Naquele momento mais nada importava, eu só queria Kj aqui de volta, comigo e com o Ben. 

... 

- Parentes do senhor Apa. - Me levanto rapidamente chegando perto do médico. 

- Meu namorado estar bem? Diz que sim por favor. - Peço desesperada com o meu coração doendo e um bolo em minha garganta. 

- A cirurgia ocorreu com sucesso, ele perdeu muito sangue durante a cirurgia mas conseguimos estancar. O acidente foi grave, ele ficou com as pernas presas e bateu a coluna espinal com força. 

- O que quer dizer com isso? 

- O senhor Apa perdeu os movimentos da cintura pra baixo. - Aquilo foi como um soco em meu estomago, Lili precisou me segurar para que eu não caísse. 

- E tem alguma chance dele voltar a andar de novo? - Lili perguntou dessa vez. 

- Sim, claro. A chance dele conseguir voltar a andar é maior do que a dele ficar paraplégico pra sempre, se ele começar a fisioterapia logo depois de se recuperar, daqui unas seis meses e consegue voltar a andar novamente. O hospital tem uma área completa pra isso, todos os equipamentos e profissionais pra ajuda-lo. Vou poder acompanhar a recuperação dele de perto. 

- Quando vamos poder ver ele? - Pergunto já mais aliviada com o que o médico disse. 

- Ele está sendo levado para o quarto agora, daqui alguns estantes venho avisa-los. - Antes que o médico saia, falo pra fazerem de tudo para que Kj fique bem e não importa quanto isso vai custar. 

- Sr. Blest, o seu paciente já foi levado pra o quarto. - Uma enfermeira diz com o médico. 

- Ótimo. Sra. Mendes, ele já está no quarto, é o quarto 989 - O médico diz educadamente pra mim. 

- Obrigado. - Agradeci e depois de Lili me dizer que posso ir primeiro, subi com Ben dormindo em meu colo. 

Depois de me estressar no meio de tantos corredores e andares, achei o quarto de Kj. Abri a porta e vi a imagem dele, estava pálido, com tubos na boca, alguns curativos pelo rosto e seus braços. Ve-lo ali debilitado, inconsciente, desacordado e imaginar o que ele passou, me fez derrubar em lágrimas. Era tão raro sair uma lágrima do meu olho pra alguma situação, sempre fui tão orgulhosa e dura. Mas depois de Kj, ah, ele me fez enxergar tantas coisas de um jeito diferente, de um jeito incrível. 

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