Eleven do meu Mike

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🎬💖 Millie

O pôr do sol em Nova Iorque era um pouco diferente. As luzes da cidade pareciam se misturar as cores alaranjadas, azuis e aos tons de rosa do céu. Apesar de tudo isso e de ser visivelmente agradável de certa distância, o local não me chamava tanto a atenção mesmo sendo um ponto famoso, onde muitos sonhavam estar algum dia. O clima nova iorquino era de fato lindo nos seriados, na tv e nos filmes, mas a realidade quebrava o encanto. Havia muitas pessoas, muitos problemas, muita fome, muito sofrimento e aquilo não deveria ser motivo de apreciação. Sinto o vento do entardecer encontrar-se comigo e encolho-me. Nesse instante, meu celular apita, indicando a chegada de uma nova mensagem e sorrio para tela, ao descobrir o remetente: 


Finnie: 

Ei 06:36 p.m

Millie:
Ei 06:37 p.m

Finnie:
Vai fazer algo de especial hoje? 06:38 p.m

Millie: 
Bem, eu não conheço ninguém em Nova Iorque, então... 06:39 p.m 
Mas amei o quarto do hotel. 06:39 p.m 
As almofadas e as toalhas são super fofinhas e eu tenho uma TV enorme só pra mim! 06:39 p.m 
Tinha pensado em roubar todos os chocolates do frigobar, chorar assistindo algum filme de romance e depois colocar friends pra rir muito e dormir. Nada de tão especial. 06:40 p.m

Sorrio para a tela, pensando no quão idiota sou. Quando ficava nervosa, falava muito sem pensar. Acho que eu não teria um namorado de verdade tão cedo.  

Finnie:
Por mais que eu ache seus planos ótimos... 06:41 p.m 
Nós estamos em Nova York, qual é! 06:41 p.m 
E temos uma noite livre antes do trabalho 06:41 p.m 
Posso bater na porta do seu quarto daqui quanto tempo? 06:42 p.m 

Sinto meu coração se acelerar e sei que estou sorrindo como boba para a tela do celular. 

Millie: 
Uau, ninguém nunca foi tão romântico me chamando pra sair! hahaha 06:43 p.m

Finnie:

Eu posso tocar uma serenata e levar flores se quiser. Aproveita que nossas sacadas são próximas! 06:44 p.m 

Millie: 
Trinta minutos, Finn hahah 06:45 p.m 

Finnie:
Estarei ai. 06:45 p.m 

Ainda fazia muito frio, mesmo no fim do inverno. Abandono a sacada nesse instante, adentrando o quarto e ainda sorrindo feito idiota. Minhas bochechas ardiam, o coração palpitava apressado, tropeçando. Deixo o celular sobre a cama e chacoalho a cabeça, tentando a todo custo abandonar os pensamentos absurdos rondando a minha mente. Éramos só amigos. E precisávamos sair em público. 

Apenas troco de roupa, levando em consideração já ter tomado um banho mais cedo, assim que chegamos ao hotel. Visto uma calça jeans, botas escuras e uma blusa preta de mangas compridas, colocando sobre esta um casaco que iria me manter suficientemente aquecida. Por fim, enrolo um cachecol por meu pescoço e encaixo uma touca sobre os cabelos. Quarenta minutos depois, escuto o ressoar de leves batidas em minha porta. Sorrio involuntariamente, recolhendo minha bolsa e caminhando até a estrutura amadeirada. Quando a abro, arfo tamanha a surpresa, arregalando os olhos. Eu não esperava por aquilo, definitivamente não.

- Encomenda para Millie Bobby Brown. - A voz de Finn preenche o corredor, fazendo-me gargalhar. Havia um buquê enorme de rosas em suas mãos, porém estas lhe cobriam toda a face. - Um rapaz chamado Finn Wolfhard mandou entregar. Ele é muito gentil, deveria lhe dar uma chance. - O cacheado abaixa o buquê, revelando o sorriso travesso em seu rosto. Ele pisca, fazendo-me rir ainda mais. Meu coração vacila ao vê-lo de touca, ficava tão lindo assim.

- Uau... - É o que digo, com um sorriso de orelha a orelha, enquanto recolhia as flores. Eu as admirei quando já em meu colo. Eram lindas. - Obrigada, eu acho. - Faço um careta, olhando-o outra vez. O sorriso permanecia, ainda que minhas bochechas estivessem coradas agora. - Eu não sei lidar muito bem com isso, nunca recebi flores antes.

O sorriso de Finn alarga-se. Eu viveria por aquele sorriso, se ao menos ele soubesse talvez deixaria de me torturar assim.

Levo o buquê até minha cama, com cuidado. Como não me apaixonar cada vez mais? Primeiro a viagem a Vancouver, depois aquilo. Ninguém nunca tinha feito coisas parecidas. Não havia outro no mundo que cuidasse tão bem de mim, me conhecesse ao ponto de saber exatamente o que me faria feliz, reparar em cada detalhe e realizá-los.

- É o que eles dizem, primeiro a te beijar, primeiro e te dar flores. - Finn comenta, em tom de brincadeira, quando estou fechando a porta para deixarmos o quarto.

- É o que eles dizem? - Questiono ao começarmos a caminhar lado a lado, em direção ao elevador, arqueando as sobrancelhas e abrindo um sorriso brincalhão.

- Não, na verdade não. - Wolfhard confessa, fazendo-nos gargalhar juntos.

A maneira como nossas gargalhadas misturavam-se quando juntas reacendiam as borboletas em meu estômago.

- Rebecca sabe que estamos deixando o hotel? - Pergunto no momento em que as portas metálicas do elevador se fecham.

- Quando tentei avisar, eu a encontrei meditando no quarto. - Ele responde, como se fosse a coisa mais simples do mundo. Cubro a boca com a mão, evitando rir. Finn não tem o mesmo autocontrole e dá de ombros ao continuar: - Ela disse que estava em um momento de profunda conexão com o interior dela para se preparar para controlar a agenda de amanhã e que não deveríamos interrompe-la. Ela só aprovou o passeio e pediu para tomarmos cuidado.

- Sempre achei a Becca tão exótica. - Comento, rindo.

- Se ela estivesse no lugar do Joshua e do Michael seria mais fácil.

- Tem razão. Talvez nem haveria marketing. - Com o auxílio do reflexo do espelho, arrumo os cabelos. Só paro quando percebo, pelo próprio vidro, os olhos de Wolfhard sobre mim.

- O que foi? - Pergunto, encabulada.

- Você já está linda. - Ele solta, sorrindo. - Não precisa se preocupar.

Eu o olho. Ele retribui. Havia a mesma intensidade em nossas iris, as mesmas coisas não ditas, os mesmos sentimentos confusos.

- Finn... - Tomo coragem. Eu poderia ter dito a ele, naquele mesmo instante, o quanto gostaria que ele deixasse de ser tão enigmático e fosse direto ao ponto, mas as portas do elevador abriram-se e algumas pessoas que esperavam no hall de entrada do hotel invadiram o compartimento, não nos deixando outra escolha a não ser sair dali. 

Behind The ScenesOnde histórias criam vida. Descubra agora