Behind The Scenes

Indústria podre

Abril 

🎬💖 Millie

Atuar fora do set de filmagens era um desafio. Entretanto, graças a Deus nossas aparições em público começaram a ser frequentes quando tudo o que Finn e eu tínhamos juntos passara a ser real, o que não nos fazia parecer uma mentira. É o que tenho pensado desde o inicio do mês, quando deixamos o set abraçados, rindo juntos, de mãos dadas e nos beijando quase todos os dias. Nossos beijos eram tão intensos e apaixonados que eu duvidava que alguém ainda pudesse nos acusar de marketing. Eu me sentia aliviada, o peso sobre os ombros tornara-se menor, porque não estava mais enganando os fãs, o que eu tinha com Finn era real e vívido e mais forte do que nunca. Quase nem parecia que há dois meses atrás eu só conseguia dormia a base de remédios e tinha crises intensas de ansiedade. 

Finn era um príncipe, tive ainda mais certeza disso, dias atrás, quando Joshua e Michael nos parabenizaram por nossa conduta quanto ao programa e ao encontro desagradável com os paparazzi em Nova Iorque e marcaram, para o começo desse mês, um ensaio fotográfico intimista  com a Rolling Stone. Lembro-me de ter ficado preocupada, de não fazer ideia do que exigiriam de nós durante o photoshoot e ele me acalmara. 

Se ele saiu direto de algum livro de contos de fadas eu não sabia, mas tinha dúvidas quanto aquilo. Wolfhard sempre estava me monitorando para saber se eu estava bem hora ou outra, no set trazia-me xícaras de café, insistia para que eu descansasse entre as filmagens, e na maior parte das noites nós dormíamos juntos, exaustos como estávamos, não demorávamos a pegar no sono, embalados pela paz que a nossa presença trazia um para o outro. 

A noite anterior a do photoshoot fora uma das quais experimentei essa mesma pacificidade. Conversamos por horas a fio enquanto nos acariciávamos, a lua como única iluminação em meu quarto. Havia tanto tempo que eu não gargalhava tanto quanto nesses últimos dias. Aquele garoto trazia segurança e felicidade, enchia o meu peito de amor e alegria, além de aquece-lo com o quão carinhoso e cuidadoso era. Eu o amava. Tinha cada dia mais certeza. Amava as suas sardas, o seu cabelo cacheado, a sua risada contida, o quão bom era cantando mas tímido demais para expor demasiadamente, a sua pele pálida que avermelhava rapidamente quando o frio a feria ou quando sentia-se envergonhado. Eu também conseguia ficar cada vez mais apaixonada pela maneira como tocava violão ou guitarra com naturalidade e qualquer melodia lhe vinha fácil. Wolfhard falava com muito amor de sua família também e aquilo fazia-me amá-lo mais ainda, ver o quão eram importantes. Além disso, saber sobre seus familiares me acalmava e me deixava mais confortável para quando chegasse o momento de viajar a sua cidade natal.

O despertador resgatou-me de meus sonhos mais profundos naquela manhã. Percebi estar mal acostumada ao procurar por Finn ao meu lado, pois ele sempre me abraçava e desejava bom dia. Minhas mãos não o encontraram. Abri os olhos rapidamente, sentindo sua falta no mesmo instante. Eu jamais poderia viver sem o toque dele de novo e algo em mim gritava para que eu me preocupasse com aquilo, mas deixo de lado por enquanto. Talvez fosse só o meu pessimismo falando mais alto ou eu deixara os comentários maldosos dos quais li na internet durante os últimos dias me afetarem. De uma forma ou outra, decidi me manter longe das redes sociais por um tempo, para não precisar me deparar com esse tipo de coisa. Eu não deixaria nada interromper o meu momento de felicidade, um dos únicos da vida.

Havia um bilhete pousado no local onde antes o corpo de Wolfhard repousara. Sorri, o recolhendo. Os meus olhos brilham enquanto leio, e o sorriso bobo permanece:

"Eu prometo plantar beijos como sementesem seu corpo, para que com o tempo, você amadureça o amar a si mesmacomo euamo você

Abelhinha, me perdoe não ter acordado contigo hoje. Fui para o meu apê, precisava me arrumar antes de irmos. Perdi a noção do tempo te observando dormir. Como você pode ser linda assim fazendo absolutamente tudo sem esforço algum? Fiquei pensando em como estaria insegura para hoje e resolvi te escrever. Ainda virão muitos outros. Agora que posso te encher de bilhetinhos de amor, não vou poupar nenhuma palavra. Quero que saiba todos os dias quão maravilhosa é. Dará tudo certo no ensaio, não se preocupe com nada. Com amor, seu lobinho que também é metade tartaruga.

OBS: Deixei café na mesa para você. Queria deixar na cama, mas você é desastrada"

Uma lágrima solitária escorre por minha bochecha. Meu coração está acelerado enquanto a limpo e fungo baixinho, rindo de sua observação final. Abraço o papel contra o peito, antes de me levantar e caminhar até o banheiro.

Eu nunca me senti tão amada. Nunca.