🎬💖 Millie
A última semana de maio fora repleta de trabalho. Havia tanto a ser feito e tanto a ser gravado, principalmente por junho estar batendo à porta e estarmos na reta final das filmagens, que Finn e eu quase não estávamos passando tempo juntos. Chegávamos tarde em nossos apartamentos a acordávamos cedo. Houve dias em que reutilizamos os trailers do set, pois não compensaria deixá-lo, e hora ou outra, quando gravávamos em locais distantes e nos cruzávamos, Wolfhard trocava breves beijos comigo.
- Que bom te ver! Como estão as gravações por lá? - Eu perguntava, sorrindo de orelha a orelha por ter a chance de vê-lo, os olhos brilhando e aquela sensação maravilhosa de sentir o coração se acelerar e um frio instalar-se em meu estômago.
- Corridas. - Ele respondia, rindo. - Peguei no caminho porque imaginava que iríamos nos trombar. - E estendia-me um copo abastecido de café.
- Obrigada! Preciso ir. - Inclinava-me para lhe depositar um beijo suave em seus lábios. - Te amo.
- Te amo. - E nos separávamos, seguindo em diferentes direções.
Os encontros duravam alguns segundos, mas melhoravam ambos os dias. Aquilo era o suficiente para nos trazer calmaria e energia para aguentar o restante dos dias exaustivos, mesmo que nos víssemos, durante o dia, quando não filmávamos juntos, apenas aquele curto período.
Ele era meu sinal de paz no meio do caos. Ao menos, até os últimos dias de maio, quando tudo passou a desandar e eu comecei a achar que poderia ter grudado os meus pés ao chão com cola quente e deixar minha psicóloga trancar-me em um lugar quieto, escuro e inalcançável para a sociedade.
- Eu estou tão feliz de finalmente estar em casa. - Ia dizendo, ao abrir a porta de nosso apartamento. Alcanço o interruptor, fazendo-o se iluminar. Logo atrás, Sadie e Noah adentram o local junto de mim. - Vocês que me perdoem, mas vou tomar um banho e correr para o colo do Finn. Estou tão cansada.
Eu os olho nesse instante e os encontro entreolhando-se preocupadamente. Meu sorriso desaparece e enrugo a testa:
- O que foi? - Questiono, preocupada. Abandono minha bolsa sobre o sofá, na mesma medida em que livro-me do par de tênis responsável por cobrir e, a essa altura do campeonato, sufocar os meus pés. - Há algo de errado? Vocês tem agido estranho desde que deixamos o set.
- Chuchu, você e o Finn não tem se falado muito ultimamente, né? - Noah pergunta. O tom de sua voz é sério. Havia um tempo que eu não o via dessa forma: tristonho.
- Na verdade, não. - Admito, arqueando uma das sobrancelhas. - Mas é por causa das gravações, nós quase não estamos respirando direito e por isso não passamos tempo juntos. Hoje teremos uma oportunidade, mas por que?
- Finn não te disse absolutamente nada, nadinha mesmo? - Foi a vez de Sadie perguntar, seu cenho franzindo-se.
- Me disse o que? - Questiono, em pura confusão. - Do que vocês estão falando, pelo amor de Deus?
- Millie, você ao menos abriu o twitter hoje? - Noah indaga. Seus olhos parecem escurecer em exaustão.
Não. Eu não havia aberto nenhuma rede social. Para ser sincera, já fazia algumas semanas desde que decidira me manter longe da internet, pois frequentá-la não era bom para a minha saúde mental. O melhor a se fazer era ignorá-la.
- Noah! - Sink repreende.
- O que? - Schnapp parece indignado, quase irritado. - Ela precisa saber e se ele não vai contar, eu vou!
- Noah, você não sabe e se...
Enquanto os dois perdem um tempo discutindo, saco o celular do bolso e, com o coração na boca, abro o aplicativo, procurando o que deveria haver de tão errado na mídia. A primeira publicação, no entanto, conta-me absolutamente tudo o que eu precisava saber para compreender o estado de humor desconfiável de meus amigos.
"Finn Wolfhard e Oona Laurence" eram os dois nomes que a TMZ e outras fontes de fofoca mencionavam ao noticiar sobre o suposto encontro de ambos, há exatamente duas noites atrás. Finn não me disse. Não me avisou. Todos os sites o acusavam de traição. Nas fotos que os paparazzi registraram, os atores pareciam felizes. Eu tinha conhecimento sobre a existência da garota, sabia que seu relacionamento com os amigos e familiares de Wolfhard em Vancouver era de proximidade, soube quando trocaram beijos, mas nunca cheguei a descobrir qual fora o nível de intimidade da relação. Para mim, a garota era apenas uma das muitas das quais Finn deve ter beijado com o passar dos anos, mas não imaginava que poderia ir além, principalmente porque vivemos o conto de fadas, estive apaixonada, porém cega, aparentemente. Eu o quis por tanto tempo que não olhei ao redor e não medi as consequências, eu apenas me entreguei. A catástrofe que preenchia o meu coração não parou por ali. Infelizmente, os meus dedos e olhos curiosos e incrédulos rolaram a página do aplicativo, buscando por respostas. Respostas das quais Finn não me daria, pois precisei descobrir a partir de uma rede social sobre seu suposto encontro com outra garota. Não vi coisas gentis. Pessoas estavam me ofendendo mais do que de costume e poucos eram os comentários ao meu favor. Os fãs subiram tags e pareciam estar em pé de guerra, criando lados da história para poderem batalhar. Aquilo não me importava mais, tamanho o devastar em meu peito no instante.
Eu só percebi ter começado a chorar descontroladamente quando os meus soluços tornaram-se altos, quase gritos em súplica. Precisei cobrir a minha própria boca. O ar faltou e por isso não conseguia proferir um palavra sequer, apenas sentia o meu corpo tremer dos pés a cabeça, tamanha a dor que poderia me partir ao meio.
Olá ansiedade, já fazia um tempo.
- Chuchu... - Ouvi a voz de Noah em algum momento, mas ela parecia distante. O som de meu coração se quebrando era mais alto e abafava os outros ruídos.
Sadie retirou o celular de minhas mãos trêmulas e ambos abraçaram-me, ajudando-me a caminhar em direção ao meu quarto.
- Estamos aqui. - Sink sussurrou em meu ouvido. - Estamos aqui por você, vai ficar tudo bem.
Senti o aperto de Noah em minha mão, trazendo-me conforto. Quando finalmente alcançamos a minha cama, sufocaram-me em abraços confortáveis. A ruiva sussurrava palavras de carinho, afagando os meus cabelos e Cameron desenhava círculos imaginários em minhas costas com as pontas de seus dedos, buscando me acalmar. Aos poucos, meu corpo foi relaxando, ainda que a dor preenchesse cada molécula e cada átomo. Ela demoraria a ir embora. Eu sabia.
- Você quer falar com ele? - Sadie questiona aos sussurros, quando as coisas pareceram acalmar-se e o único som que conseguíamos ouvir era o do vento entrando pela janela. Calmo como se houvesse acabado de desviar-se da tempestade.
Balanço a cabeça em negação, incapaz de falar algo. Não havia forças. Eu não fazia ideia de como seria e do que sentiria, mesmo que a sensação agora não fosse de raiva e apenas de tristeza, dor, dor e dor. No momento, tinha medo de buscar saber e ferir-me ainda mais. Eu não confiava nos sites de fofoca, mas Finn não havia me dito nada. Como poderia confiar nele dessa vez?
- Tudo bem. Quando estiver se sentindo bem pra isso. - Noah murmura. - Quer que eu fique com você?
Novamente, não profiro uma só palavra, apenas aceno em afirmação, silenciosamente, os olhos baixos, perdidos e confusos.
- Vou ficar também. - Sink diz.
Nós nos deitamos, de forma que eu permanecesse entre ambos os corpos. Não havia explicação lógica para como consegui pegar no sono, mas talvez a exaustão tenha sido a resposta correta. Minhas pálpebras lutaram alguns segundos para permanecerem abertas, mas o peso de meus olhos cansados e inchados venceu-me por fim e acabei por adormecer no peito de Noah, esquecendo-me até mesmo de que havia um banho a ser tomado.
Nem mesmo cheguei a sonhar aquela noite.
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Behind The Scenes
FanfictionOnde Millie Bobby Brown, apesar de estar em negação, se apaixonou por seu colega de trabalho e melhor amigo: Finn Wolfhard. Para piorar, os atores são obrigados pela gestão da divulgação do seriado de Stranger Things a manter um relacionamento por m...