🎬💖 Millie
Eu já estive em tantos lugares antes. Incontáveis países. Incontáveis pessoas. Conheci locais magníficos dos quais os meus olhos jamais imaginariam ver e definitivamente estive hospedada anteriormente no The New York Marriott Marquis, a construção gigantesca e impecável frente a Broadway, onde sonhei performar um dia. Encantei-me com o elevador circular de vidro do edifício em viagens passadas, e ri do susto de Ava ao notar estar enxergado todos os andares pelos quais passava, devido a transparência do equipamento. Entretanto, meus pés nunca pousaram no rooftop deste hotel, responsável por comportar o restaurante mais lindo em que já pisei.
- Bem vindos ao The View Restaurant & Lounge - A voz do garçom a nossa frente, desperta-me do encanto. Ele está sorrindo. - Em que posso ajudá-los?
Wolfhard passa o seu braço por minha cintura. Sinto-me arrepiar dos pés a cabeça. Meu coração nunca esteve tão aquecido, seguro e confortável. Céus, como eu amaria se fossemos um casal de verdade, como eu amaria pertencer a um homem tão carinhoso e cuidadoso quanto ele.
- Boa noite. - A voz rouca de Finn torna as borboletas em meu estômago tão reais que me assusto. - Peço desculpas por não termos feito nenhuma reserva com antecedência, mas gostaríamos de uma mesa.
- Não se preocupe com isso. Ficamos honrados em receber Millie Bobby Brown e Finn Wolfhard em nosso restaurante. - Ele galanteia, arrancando-nos sorrisos de alívio e agradecimento. - Temos o lugar perfeito para vocês. Por favor, me acompanhem.
Não soltamos as nossas mãos, em nenhum momento. Eu não queria desvencilhar-me de seu toque e Wolfhard aparentemente também não. Notei, enquanto seguíamos o garçom, haver uma quantidade considerável de pessoas ocupando as mesas do local, algumas delas nos olhavam com curiosidade. Definitivamente eu não estava vestida de maneira apropriada para um lugar como aquele, mas era a última coisa que me preocupava neste instante.
- Deixaremos vocês a vontade e cuidaremos para que ninguém os incomode. - O homem diz, ao nos acomodarmos a mesa da qual nos trouxe: uma das mais afastadas e reservadas.
Uau. Era o que eu conseguia pensar, segurando-me para não demonstrar a perplexidade e não acabar ficando boquiaberta com a vista deslumbrante que tínhamos de Nova Iorque dali. O restaurante era cercado por paredes retangulares de vidro, estas giravam lentamente em trezentos e sessenta graus, nos permitindo uma visão magnífica, iluminada e ampla de toda a cidade. Dali, conseguíamos ver a Broadway por completo e meu coração palpitava acelerado. A multidão nessa distância parecia linda e inofensiva. Nossa mesa era colada a estas paredes, e o estofado vermelho dos assentos tornava a experiência ainda mais aconchegante.
Finn está se saindo bem em tornar Nova Iorque um pouco mais especial para mim.
Aproveitamos a presença do garçom para fazer os pedidos e assim que ele nos deixa a sós, retiro o casaco que usava e desenrolo o cachecol de meu pescoço, colocando ambas as peças ao meu lado no sofá, junto de minha bolsa e minha touca. Wolfhard também se livra de suas roupas mais pesadas, afinal ali estava aquecido o suficiente.
- Você está linda. - Finn elogia, um pequeno sorriso desenhando seus lábios, enquanto os olhos pousavam sobre os meus braceletes repletos de pingentes, passando por meus colares, anéis e brincos. Sinto-me envergonhada e ao mesmo tempo, incomodada. Algo naquilo não era certo.
- Finn, você não precisa fazer isso. - Abro um sorriso sem graça, brincando com a taça ao meu lado. - Ninguém está nos ouvindo ou nos vendo aqui.
- Não estou dizendo para os outros escutarem. - Ele suspira - Estou dizendo para você escutar.
Eu o encaro por alguns segundos, tentando decifrar os seus olhos. Eu só queria que Wolfhard fosse mais explícito, que deixasse de brincar, aquilo me desgastava.
Há um leão dentro de você. Desperte-o. Lembro-me das palavras de Anna e suspiro pesadamente, desviando o olhar para as luzes da metrópole. Talvez ela estivesse errada, penso enquanto apoio o queixo sobre as costas da mão.
- E a Ayla sabe que você está dizendo para eu escutar? - Questiono, segurando os segundos insanos de coragem que passaram por minha mente, encarando a mudança de cenário da Brodway para o Empire State Building.
Nesse mesmo instante, outro garçom surge ao nosso lado, pedindo licença e enchendo nossas taças de vinho. Ele deixa a garrafa sobre a mesa, de forma que não nos atrapalhasse e sorri antes de caminhar para longe outra vez.
- Não. - Finn afirma, após tomar um gole da bebida. - A Ayla não sabe, mas eu não devo satisfações e ela. Não mais.
Enrugo a testa, focando meus olhos á sua figura novamente. Meu peito se aquece em um sentimento confortável, quase como se olhá-lo fosse avistar meu lar, após uma viagem longa e cansativa. Contenho a vontade de me inclinar e acariciar seus cachos.
- Como assim?
Finn suspira antes de responder:
- Eu e a Ayla rompemos, achamos que seria melhor assim, eu não poderia deixá-la nesse fogo cruzado, enquanto nos submetíamos ao marketing. Ela estava se machucando e eu... - Finn hesita. Seu olhar desvia-se para baixo por um segundo e depois volta até mim. - Eu perdi completamente a noção do que eu achava ter certeza.
Sou pega de surpresa, por não fazer ideia daquilo.
- O que? Há quanto tempo? - Meu coração parecia prestes a entrar em erupção. - Por que não me contou?
- Há três semanas. Eu contei agora. - Ele abre um sorriso melancólico. - Desculpe não ter dito antes.
Agora tudo fazia mais sentido. Finn estava machucado por ter rompido com Ayla, por saber que decepcionou uma amiga e manteve distância. Eu deveria ter lido melhor os sinais, perguntado como estava e não ter sido egoísta há ponto de me preocupar somente com o que eu senti.
- Eu sinto muito, Finn. - Meu rosto suaviza-se, os batimentos cardíacos desacelerando. - Como você está?
- Sinceramente? - Ele solta uma risada fraca. -Sabe quando você achou que soubesse de tudo e ai, de repente, não sabe de mais nada?
- Não se preocupe. - Asseguro, mesmo que cada palavra me quebre por dentro. Ele não está bem e eu não poderia ser insensível novamente. Eu entendi tudo errado, não foi? - Assim que acabar essa história de pr, você e ela podem tentar outra vez.
Finn ri, de forma irônica. Arqueio as sobrancelhas, interrogando-o com o olhar.
- Meu Deus, Millie. - Ele solta, o riso tornando-se um sorriso. - Você não escutou nada do que eu disse? Do que eu tenho dito?
- O que quer dizer? - Questiono, completamente confusa. - Eu entendi Finn. Você e ela romperam por causa do marketing, o que significa que quando acabar, vocês estarão juntos outra vez. - Minha voz acabou deixando transparecer a mágoa e me amaldiçoei internamente.
- Não, Mills. - Finn segura em minha mão por sobre a mesa. Eu o olho no mesmo instante, não esperava o toque de maneira nenhuma. - Eu estou perdido e confuso e não tenho mais certeza de nada, mas não é pela Ayla. A verdade é que, a Ayla não me causa metade do que você me causa só com um olhar. Eu te trouxe até aqui, te comprei flores, tenho dito o quão linda é. O que mais preciso fazer pra você entender?
- Entender o que? - Faço-me de boba, abrindo um sorriso. Estou explodindo em tons de felicidade impossíveis de serem descritos. Será que eu estava me precipitando?
- Jesus! - Wolfhard gargalha, fazendo-me rir junto. - Você é impossível, Brown.
- Eu sou. - Afirmo, apoiando as bochechas coradas sobre a palma de uma das mãos, o sorriso ainda vívido presente em meus lábios. - Muito complicada, assim como needy da Ariana Grande.
- Eu sei. Por isso passei tantos anos ouvindo aquela música.
Abro um sorriso. Nossas mãos encontram-se automaticamente, entrelaçando-se sobre a mesa.
- Você se lembra de quando eu disse que sentia algo por você anos antes, no dia em que patinamos juntos?
Afirmo com a cabeça.
- Eu achei que eu não sentia mais nada, que havia passado, mas então... Eu percebi que só tinha colocado tudo embaixo do tapete. Sempre esteve lá. - Meu sorriso aumentava gradativamente, ao ouvir cada uma de suas palavras. A qualquer momento as borboletas sairiam por minha boca e voariam ao nosso redor. - Eu só fingi que não.
- Eu tenho fingido desde os meus doze ou treze anos de idade. - Confesso, arrancando dele um sorriso de tirar o fôlego. Seus olhos brilharam. - Você não foi o único. Sonhava com você, mas nunca foi meu. Você parecia não querer.
- Eu achava que não. - Ele sorri de canto, envergonhado por admitir. - Mas cá estamos nós.
- A vida tem dessas coisas. - Brinco, sorrindo.
- E ela me trouxe a melhor delas: você.
Não digo ou faço nada a não ser ficar encantada. Nossas mãos se acariciam com cuidado, enquanto conversamos. Falamos sobre nossos gostos particulares, salientando o quanto eram diferentes, mas que isso não nos impediu de sermos tão próximos, afinal opostos poderiam se atrair. Discutimos sobre o marketing, a indústria, os fãs, os paparazzis e a falta de privacidade. Não concordávamos com o PR, mas de uma coisa tínhamos certeza: se não fosse pelo plano sujo e mirabolante da gestão, talvez nem estivéssemos aqui hoje, talvez passássemos a vida toda com a sensação de que algo faltava, mas jamais sabendo exatamente o que ou quem. Rimos juntos diversas vezes com várias de nossas lembranças. Mesmo após tanto tempo, Finn nunca perdera a mania de me fazer gargalhar como se não houvesse amanhã, o que me obriga a cobrir a boca todas as vezes em que a risada saía do controle, ou a tomar cuidado para não engasgar com o vinho.
Eu já o conhecia há tanto tempo, mas agora estou conhecendo melhor, e Nova Iorque fora a única testemunha daquele momento.
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Behind The Scenes
FanfictionOnde Millie Bobby Brown, apesar de estar em negação, se apaixonou por seu colega de trabalho e melhor amigo: Finn Wolfhard. Para piorar, os atores são obrigados pela gestão da divulgação do seriado de Stranger Things a manter um relacionamento por m...