I. O homem procura sempre um maior grau de prazer na menor quantidade de tempo e isso é de conhecimento geral. Vemos em Nietzsche que o homem procura a auto-expansão, isso é: o desejo de engrandecer-se, de ter poder sobre os outros. E em Spinoza vemos que ele procura a auto-conservação, pois seja na Natureza ou na Sociedade, o indivíduo procura por manter-se vivo e preservar-se na existência.
Essas pulsões, essas inclinações à determinadas vontades, essas Vontades são inertes a todos os homens, algumas das Pulsões têm raízes na natureza animalesca dos homens, algumas outras tem raízes em sua natureza social. Tendo em vista que o homem é sempre um Ser-em-sociedade, um Ser-social, um ens socialis ou zoo politics temos que ele não pode ser considerado fora de um contexto social. Sendo assim, podemos dizer que as Pulsões do homem que têm suas raízes no convívio em sociedade são inertes a ele, e ubíquas a todos os homens.
Uma das volições ou Pulsões intrínsecas da natureza humana é também a Satisfação, a inclinação ao desejo de satisfazer-se. O homem procura a satisfação em praticamente toda a sua ação, e qualquer ação ou fim só tem sentido se proporcionar algum tipo de prazer. Afinal, se não houvesse um mínimo de satisfação em fazer qualquer coisa, ninguém nada faria.
II. É possível realizar um compilado de como se dá a satisfação do homem. Através de uma breve análise pode-se perceber que os tipos de satisfação se totalizam em seis. Isso, claro, não quer dizer que existem somente seis maneiras de satisfazer-se ou seis ações que levam à satisfação, na verdade o que segue são breves e generalizados resumos de como e através de quê o homem tem e busca a sua satisfação. Esses ditos seis grupos ou seis tipos eu denominei com os seguintes nomes: Satisfação Ético-Social, Satisfação Contrária, Satisfação Material, Satisfação Espiritual, Satisfação Artificial e Satisfação Sexual. Que serão muito brevemente dissecados a seguir.
Satisfação Ético-Social: Um dos componentes fundamentais da sociedade e de seu convívio são as leis, as normas éticas e morais estabelecidas para o bem-estar social e o convívio entre os indivíduos. Não é muito difícil perceber que atender à todas as exigências sociais, isso é; tanto suas leis quanto seus costumes culturais, é de tamanha dificuldade. Dificilmente o indivíduo consegue atender plenamente a tudo o que lhe é exigido.
Quando o indivíduo percebe que cumprir com todos os deveres e obrigações em seu ambiente social, qualquer que seja, cria-se em seu redor um ninho de bons olhares. Quando ele tem sucesso em cumprir com eficácia aquilo o que os outros não conseguem cumprir totalmente ele se encontra em satisfação consigo mesmo. A satisfação em ser um indivíduo puramente ético e social é uma satisfação do ego, uma satisfação que aponta para um "vejam, eu sou melhor que vocês".
O indivíduo almeja essa satisfação e inclina-se a ela quando percebe que satisfazer-se com as normas sociais como tal lhe gera uma recompensa ao ego maior do que satisfazer-se com qualquer outra coisa, que por sua vez pode ou não fugir das normas sociais. Quando o adolescente percebe que obedecer aos seus pais gera um melhor convívio em sua residência que por sua vez gera um sentimento e recompensa, ele estará agindo à luz da satisfação ético-social. Quando o empregado percebe que ao atender às expectativas da empresa e agir com eficácia em seu ambiente de trabalho gera bons olhares por meio dos companheiros e do patrão ele tenderá à continuar agindo assim, pois agirá sob a luz da satisfação ético-social. Quando o aluno percebe que esforçar-se e estudar, tirar e manter boas notas gera em seu ninho social a aprovação por meio dos seus professores e colegas ele tenderá a continuar agindo assim, pois agirá, novamente à satisfação ético-social.
Em todos os exemplos citados acima há a presença da inclinação à satisfação ético-social, ela ocorre e perdura tão somente por causa dos "bons olhares" que estimulam o ego do indivíduo, estimulam a Natureza Orgulhosa do Ser-Humano e a sua carência intrínseca de reconhecimento.
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Aurora do Pensamento
Non-Fiction"Máximas e considerações que constituem prolegômenos para uma filosofia posterior". Aurora do Pensamento reune uma diversidade de ensaios de cunho filosófico, que tratam dos mais diversos assuntos dentre estes o conhecimento, a literatura, a socieda...