capítulo 6

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Caminhamos calados por longos instantes.  Até que Pedro resolveu quebrar o silêncio.

— Era sua irmã? — Ele ainda não me olhava diretamente.

— Não. — coloquei meu cabelo atrás da orelha e suspirei, voltei a me preocupar com o que aconteceria com a Suzi — Ela mora no condomínio, mas sempre pede pra ir a minha casa comigo. Ela é meio sozinha, apesar de ter mais duas crianças na família... Enfim, longa história.

— Ela parece gostar de você, — Pedro me olhou rapidamente, mas quando notei, desviou seu olhar — vocês até são meio parecidas.

— Ela é um anjinho, realmente gosta muito de mim e eu também gosto muito dela. — Sorri, lembrando de todas as vezes que Suzi me fez rir quando por dentro eu me sentia mal.

— Então você mora sozinha ali? — Ele continuava olhando pra frente, eu estava me incomodando com o fato dele não olhar pra mim enquanto conversávamos, mas esperei para ver até onde isso iria.

— Moro, se não me engano, há 2 anos. Mas e você? Notei que não mora com o seu irmão, mora com a sua avó?

Ele não falou, apenas assentiu, confirmando. Respirei fundo e continuei olhando pra frente.

— É uma longa história também. — ele finalmente respondeu quando chegamos na porta do shopping — Foi um prazer caminhar com você, Lara!

Dessa vez ele me olhou, e estava sorrindo.

— Igualmente, Pedro. — Acenei, me despedindo.

Coloquei meus fones de ouvido e dei play nas minhas músicas. Depois de algumas horas andando e de passar em várias lojas de outlet comprar peças de roupa pra pequena Suzi, o shopping começou a ficar lotado, não havia espaço pra andar tranquilamente sem esbarrar em alguém.

Foi quando avistei a cafeteria da Dona Cecília e pensei em ir cumprimentá-la e descansar um pouco.

Percebi que havia alguns funcionários na porta, inclusive Dona Cecília, distribuindo flores e uma pequena lembrancinha aos clientes.

Me aproximei de Dona Cecília e encostei delicadamente em seu braço, chamando sua atenção:

— Dona Cecília! — Abri um sorriso e os braços, a convidando para um abraço.

— Ah se não é a menina bonita! — Dona Cecília retribuiu o abraço — Sabe que eu ia te entregar uma lembrancinha mas esqueci na minha casa? É um pouco mais elaborada que essas que estamos distribuindo, vou ter que te entregar uma outra hora.

Eu olhei para as lembrancinhas que ela estava segurando e vi que era um sabonete em formato de estrela, uma citação de um livro e diferentes tipos de flores.

— Não precisava se preocupar, Dona Cecília...

— Eu faço questão, menina. — interrompeu — Você não é uma cliente qualquer, merece um bom mimo.

— Muito obrigada Dona Cecília, de verdade. — a abracei mais uma vez e ela assentiu sorrindo — De onde a senhora arrumou tantas flores?

— Tem uma floricultura a algumas quadras da minha casa onde eles sempre descartam dezenas de flores quando elas começam a murchar. Aonde eu morava, aprendi a salvar essas flores. Afinal, já que elas já foram arrancadas, merecem ter um bom tratamento.

— Fez um ótimo trabalho, Dona Cecília... As flores são lindas.

Dona Cecília agradeceu e me convidou a tomar uma xícara de café. Falei que estava com um pouco de pressa e ela disse que fariam um pacote pra viagem.

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