capítulo 13

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No meio da madrugada, acordei com sede. Virei-me para levantar da cama e ir a cozinha, e percebi que Pedro estava acordado.

— Pedro, tudo bem? — Perguntei.

— Tudo, tudo sim. É que me acostumei a acordar a esse horário por causa da minha avó... — Ele estava de olho no celular.

— Ela está muito mal ainda? — Levantei da cama e passei por cima do colchão dele, tentando não pisar nele.

— Ela está melhorando. Eu acordo preocupado e mando mensagem pra minha tia perguntando se tá tudo bem. Por mim eu até estaria lá todas as noites, mas ela insiste pra que eu venha dormir no meu irmão.

— Posso ir com você visitá-la hoje mais tarde? — Perguntei, encostada na porta.

— Claro! — Ele se sentou no colchão e abriu um sorriso.

— Quer alguma coisa? Estou indo na cozinha...

— Vou junto. — Pedro se levantou e me acompanhou.

Fui direto ao filtro de água com a minha garrafinha e a enchi. Vi alguns salgadinhos dentro do armário e os peguei para oferecer a Pedro.

— Pega! — Joguei um pacote de salgadinho na direção dele.

— Obrigado. — Ele se apoiou no balcão da cozinha e ficou me encarando enquanto lhe alcançava também um copo de água.

— Está com sono? — Perguntei enquanto colocava um salgadinho na boca.

— Pra ser sincero... Nem um pouco. — ele bebeu a água e olhou pra mim mais uma vez — E você?

Balancei a cabeça em negação.

— Posso te fazer uma pergunta? — bebi um copo de água e ele assentiu me observando — Qual era o seu nome antes de ser Pedro?

— Jae-hyun — Ele comeu um salgadinho dando risada.

— Então seria Jae-hyun Gyeong? — Completei confusa.

— Não. — ele gargalhou — É Kang Jae-hyun.

— E da onde é aquele "Gyeong" no seu Facebook? Por que não me corrigiu quando eu pensei que era o seu sobrenome? — Falei em tom de nervosismo.

— Meus amigos me chamavam de Gyeong por conta de um colega nosso que era parecido comigo, mas era bem baixinho. E chamavam ele de Kangmyun, pra ficar trocado os nomes. — ele riu — Eu achei bonitinho você aprendendo a pronunciar Gyeong, então não quis corrigir.

— Francamente... — dei risada, mas incomodada por ter sido enganada — E o Jae se pronuncia tipo Diei, isso?

— Digamos que pode ser. — Ele se debruçou ainda mais sobre o balcão, ainda de pé.

— Por que você escolheu "Pedro"? — me debrucei da mesma forma que ele e assim ficamos cara a cara.

— Foi a minha avó que escolheu. Era o nome do sogro dela.

— Hum... — ergui as sobrancelhas e continuei — Teve um dia que eu estava passando na frente do apartamento do seu irmão, e tinha uma mulher mais velha perto da porta, acho que uns 50 anos, ela parecia muito nervosa e zangada. Sabe quem era?

— Provavelmente é a supervisora da empresa que ele trabalha. Ela é muito rígida. Por acaso ela estava gritando ou algo assim? — Ele perguntou sério.

— Não, não gritou. Mas eu passei espiando e ela reparou e bateu a porta na minha cara. — Dessa vez peguei um punhado de salgadinho e enfiei na boca.

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