capítulo 16

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Acordei com um chacoalhão de Pedro:

— Lara, já são 7h30. — Ele estava sentado na beirada da cama e estava me chacoalhando.

— Meu Deus! — Levantei correndo sem perceber que eu havia tirado a calça de moletom dormindo. Pedro riu da minha trapalhada.

— Eu nunca vi alguém tão atrapalhada como você... — ele ria me encarando — Você está sem as calças!

— E você tá olhando? — joguei uma almofada em sua direção — Para, vira pra lá.

— Ei, você me olhou ontem. Se não quer que eu olhe, por que não foi pro banheiro? — Ele disse rindo, mas então virou pra trás e parou de olhar.

— Engraçadinho. — Troquei de roupa na velocidade da luz e passei um pouco de maquiagem com ajuda do espelho do quarto de Pedro. Vesti as mesmas roupas da noite passada, que eram as únicas que eu tinha.

— Quer ir tomando café no caminho? — Pedro perguntou encostado na porta.

— Sim, pode ser. — Juntei minhas coisas e saí do quarto junto dele.

Dona Cecília estava na quitanda do bairro fazendo a compra do mês, então não pude me despedir.

— Quer chamar um Uber? — Pedro perguntou, conferindo a hora em seu relógio.

— Não, ainda são 8h... Chegamos lá em 15 minutos.

— Você passou o perfume que estava no banheiro? — Ele chegou perto do meu pescoço, tentando sentir o cheiro do perfume.

— Passei! — dei um sorriso amarelo —Ah, e abri a escova de dentes que estava fechada. Mas eu vou comprar outra pra repor, depois do meu trabalho.

— Até que não ficou ruim o perfume da minha avó em você. Mas é estranho te olhar e sentir o cheiro dela. — Ele sorriu.

— Falando nela, ela não fez inalação essa noite?

— Fez. Você não viu?

— O que? — Perguntei abismada por não ter acordado com o barulho.

— Eu acordei de madrugada pra ajudar ela... Acho que você estava dormindo profundamente, Bela Adormecida.

— Faltou só o beijo do meu Príncipe Encantado. — Dei um sorrisinho malicioso.

— Do seu príncipe? — Pedro perguntou sério me encarando — Nem sabia que você tinha alguém...

— Em breve saberá, Sr. Pedro. — Bobinho, será mesmo que ele não fazia ideia que o tal do príncipe que eu falava era ele? Fala sério, que cara lerdo.

Um silêncio prevaleceu até chegarmos no meu trabalho. Nos despedimos e entrei correndo para trocar de roupa. Coloquei a saia que estava no dia anterior e prendi o cabelo fazendo um rabo de cavalo.

Pouco tempo depois, o gerente me chamou em seu escritório.

— Lara, tem um cliente querendo falar com você pessoalmente. Ele diz te conhecer.

— Comigo? — perguntei tentando adivinhar qual cliente seria — Quem é?

— Ele está na recepção, por favor atenda bem ele, já sabemos que você não gosta muito de homens. — Ele disse sarcasticamente, mas totalmente sério. Estava me provocando, quase respondi que era verdade.

Apenas assenti e deixei o escritório. Cheguei na recepção e lá estava meu cliente. Sujeito alto, forte, parecia ter uns 30 anos, era muito bonito.

— Prazer, me chamo Lara! — Estendi a mão, o cumprimentando.

— Prazer, John! — ele retribuiu o aperto de mãos  — Você é a responsável pelo marketing da minha empresa, não é?

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