Eu vejo uma porta vermelha e
Eu a quero pintada de preto
Sem mais cores
Eu quero que elas se transformem em preto
Eu vi as meninas caminhando por aí vestidas
Em seus vestidos de verão
Eu tenho que virar minha cabeça
Até que minha escuridão passe
Eu vi uma linha de carros
E estão todos pintados de preto
Com flores e meu amor
Os dois nunca voltarão
Eu vi pessoas virando suas cabeças
E rapidamente olhando para longe
Como um bebê recém-nascido
Isso acontece todos os dias
Eu olho dentro de mim
E vejo que meu coração é preto
Eu vejo minha porta vermelha
E tenho que tê-la pintada de pretoVoltei para casa com o horário que meu pai havia me dado para voltar já passado, atravessei a porta na ponta dos pés tentando não fazer barulho com a sala completamente escura e silenciosa, imaginei que meus pais já estivessem dormindo. Após o tumulto das gangues em Northside, o Pembrooke havia sido completamente vandalizado e estava passando por uma reforma, enquanto isso, passamos o verão morando em uma das casas do meu pai. Era uma casa grande e confortável, recentemente reformada para a venda. Tudo parecia novo e impecável, nada fora do lugar e organizado. A casa era o oposto da nossa relação como família. Eu estava quase chegando ao pé da escada para subir para o meu quarto quando o ouvi.
— Veronica.
Me virei na direção do som e quase soltei um grito de susto quando vi o vulto do meu pai na sala, ele acendeu um abajur ao seu lado iluminando o ambiente.
— Você me assustou. — Eu estava com a mão sobre o peito, tentando acalmar o meu coração.
Após o que havia acontecido com Jason, eu desenvolvi um certo medo de sombras na escuridão. Eu tinha a sensação constante de algo ruim estava me acompanhando e me vigiando pelos cantos escuros da minha vida.
— Você chegou após o horário.
— Vim de carona com o Archie, desculpe. — Tentei não parecer desrespeitosa para não começar uma briga mas ele sabia que esse não era o motivo de eu me atrasar.Ele apenas acenou positivamente, também na defensiva.
— Mamãe já está dormindo?
— Sim.
— Ok, eu também vou, boa noite.
— Mija, espere.Eu não o ouvia me chamar dessa forma a muito tempo.
— Sente-se, tome uma bebida comigo.
Ele pediu gentilmente e encheu dois copos, indo se sentar no sofá. Mesmo um pouco insegura e não gostando do rumo para onde aquela situação estava indo, eu acabei aceitando. Me sentei na poltrona diante do sofá e peguei um dos copos que ele me ofereceu.
— Eu ainda não tive a chance de me desculpar por tudo que eu causei. Você tem estado distante. Estou preocupado. Nós nunca falamos sobre o que aconteceu.
— Papai, olha, eu não quero falar sobre isso. O passado fica no passado.
— Não falar sobre isso não vai fazer desaparecer. O que você fez foi muito corajoso e eu sinto muito que você passou por isso.
— Não foi corajoso, foi assassinato. — Eu sussurrei, me sentindo culpada.
— Eu sei que você está questionando as suas morais, certo e errado, bem e mal. A divisão entre essas coisas é uma linha quase invisível, um borrão. As vezes fazemos coisas com a melhor das intenções e as consequências são desastrosas. Apesar de tudo, estou feliz por ser algo que compartilharmos.Eu soltei uma risada de descrença.
— Então esse é o nosso laço de pai e filha? Assassinato?

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War Of Hearts
RomanceVeronica Lodge era a herdeira do império Lodge, a fortuna que os pais construíram com negócios ilegais. Jughead Jones era o herdeiro dos Serpentes, a gangue que comandava o lado sul de Riverdale. Quando os pais de Verônica decidem expandir seus negó...