Junak renascido

- Capítulo treze - Insana

Os integrantes internos que compunham o top 10 estavam sentados lado a lado, tecnicamente, na primeira fileira da arquibancada, com uma distância média entre ele para que não se ataquem enquanto esperavam que os últimos ajustes fossem feitos na Arena Tenzin. Por causa dos conflitos intensos ocorridos no duelo externo, os anciões organizadores do evento precisaram aplanar o solo destruído antes que a segunda parte iniciasse.

Aguardar em silêncio só fazia com que os dez competidores tivessem seus nervos inflamados. Tensos, olhavam um para o outro de esguelha, avaliando seus possíveis oponentes. Vez ou outra os trigêmeos El, Lel e Fel, classificados respectivamente em 4º, 5º e 6º, exaltavam-se aos gritos enquanto um provocava o outro, incomodando os demais integrantes do grupo. Porém nem mesmo isso diluía o clima de ansiedade entre todos eles.

Quiyjan, o número um do rank, era o único que ainda se mantinha calmo diante de todos e até parecia um tanto entediado. Sua confiança era quase palpável. Não temia ninguém abaixo de si. A única coisa que causava uma leve perturbação em seus pensamentos era o garoto no 9º lugar, recém-colocado no top 10. Algo nele incomodava; talvez fosse sua força incomum, ou apenas fosse curiosidade para saber como ele conseguiu sobreviver na floresta Norte e logo subir de nível do caminho marcial.

Eu preciso ficar entre os três primeiros, só assim conseguirei mostrar o meu valor, Junak pensava com determinação, assim como os demais.

Mal a juíza do clã deu um leve aceno de cabeça em direção aos garotos na arquibancada, sinalizando que já estava tudo preparado para que as batalhas começassem, uma menina coberta de piercings levantou-se, marchou à pisadas duras com suas enormes botas em direção ao centro da arena e apontou para algum ponto próximo onde ela se encontrava antes.

– Quero lutar com um desses três aí. Não sei quem é quem, tudo igual – Kayza deu uma risada seca sem nenhum tom de humor –, mas que venha quem quiser lutar comigo agora, tô pronta.

– Uhhh – a plateia uivou os irmãos diante de tal ofensa, e uma gritos animaram ainda mais a torcida expectante.

Os trigêmeos El, Lel e Fel se entreolharam. Apesar de que intimamente acreditavam que eram capazes de vencer qualquer um – exceto Quiyjan –, eles conheciam a fama da garota das correntes. Após alguns empurrões entre eles para decidir quem iria ser o primeiro, um trôpego El caminhou em direção ao centro.

– É isso aí, mano! – Lel e Fel incentivavam, crentes de que seu irmão logo retornaria com a vitória.

Posicionados um de frente para o outro, El encarava, com um sorriso zombeteiro, a garota de cabelo verde.

– Que bom que você já veio preparada para ser enterrada, cabelo de grama – o menino deu uma risada estridente.

– Humpf – Kayza bufou. Não queria ouvir deboches, o que mais desejava era arrasar alguém e se posicionar entre os três melhores; se possível em primeiro lugar, que era o que achava que merecia.

"Correntes espirituais!"

Duas correntes semitransparentes saíram dos braceletes de couro nos pulsos dela e rapidamente serpentearam em direção ao garoto magricela.

"Pés furiosos!"

El correu para longe do alcance das ardilosas correntes, antes que elas pudessem alcançá-lo. Sua especialidade era a velocidade, e ele era muito habilidoso em escapar de ataques furtivos. Além disso, possuía um ótimo reflexo, que complementava sua agilidade.

– Calminha aí, garota, eu mal me preparei – ele novamente riu.

– Acabe com ela, mano – seus irmãos gritavam das arquibancadas.