O Homem Rato

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Em meio a pó, vivia só

Num buraco, numa casa


Papéis chegavam e papéis se iam

Pois um punhado de papel é o suficiente

Sempre foi, dava pra pagar

É noite, o papel não se cria sozinho

O homem rato saí de sua toca

Em busca de queijo e papel

Que rotina cruel

A mais de vinte e seis anos a mesma coisa

Nada muda, o cabelo cresce, o papel corta

O cheiro sobe, o papel cessa, sempre

A água some, o papel traz, o frio começa

O papel aquece, o corpo adoece, o papel cura

Mas e a fome? Eis as vantagens de ser rato além de homem

Supre e nutre qualquer expectativa

Saque aqui e acolá, há sempre uma casa pra atacar

Queijo para o rato, papel para o homem

Mas e a solidão? Justo, era só

Tanto homem quanto rato, em meio ao pó

Pó que supre a solidão

Acelera tanto a mente quanto o coração

Combustível perfeito

Já é noite e o homem rato saí de seu buraco

Já são vinte e seis anos assim

Sempre foi, mas por quanto tempo?

Soube da nova ratoeira lá dentro?

Pouco provável

Tão mísero quanto odiável

Logo será seu fim

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