Prólogo.

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Nem a torre mais do meu castelo me faria chegar ao céu. Isto era um fato para lá de trágico. Quero dizer, qualquer ser humano, pelo menos uma vez na vida, se questionou como seria estar o céu. Ver as nuvens de perto, ver o Sol... Mas, estou falando de um céu literário. Chegar ao céu, para mim, era me livrar, mesmo que fosse por somente um dia, das regalias desse castelo. Sei que todas as princesas do mundo amavam e as mulheres comuns sonhavam, mas essa realidade me sufoca - porém não mais que meu vestido.

Bom, eu não escolhi viver assim, como o pobre não escolheu nascer pobre. E isso é uma droga. As pessoas são submetidas a realidades que às vezes não estão dispostas a viver, mas são simplesmente obrigadas.

O castelo foi sempre a minha casa, mas nunca um lar. Moramos somente eu e meu pai aqui, e temos mais que cinquenta quartos. Para o quê? Vejo nenhuma necessidade. Para mim estaria de bom tamanho uma casa de um andar simples, com dois quartos, uma sala, uma cozinha com uma mesa redonda para jantarmos, dois banheiros e um jardim - adoro flores. Mas, meu pai é o Rei Robert e duvido ele querer algo menor do que o nosso castelo. Acho que ele nunca sequer pensou em uma vida fora daqui. Já eu, só sabia fazer isto. Não que eu não fosse grata pela minha vida, não mesmo, mas eu me sentia como uma ladra. Eu sentia que eu roubava só para mim aquilo que eu poderia dividir com outras pessoas. Eu disse à papai isso uma vez, no jantar, e ele disse que era bobagem. Ele disse que deixava o reino em ordem e, por isso, merecia, assim como sua família - no caso, eu -, uma casa pelo menos luxuosa, e depois começou a se gabar por ter começado um novo projeto para ajudar os pobres.

Eu amava meu pai, de coração. Durante dezesseis anos ele fez o seu papel de pai e também o de mãe, já que ela havia nos abandonado. Mas os defeitos dele, como egocentrismo e egoísmo, me faziam desejar não conhecê-lo, às vezes.

Papai sempre me deu tudo o que eu queria. Tudo bem, tudo o que ele queria que eu tivesse. Nunca pedi muito. Mas, quando lhe disse que queria aprender usar arco e flecha, ele no mesmo dia apareceu com trinta arcos diferentes, tantas flechas que eu não conseguiria nem contar, ínumeros alvos e dez homens do exército oficial do reino para treinar minha mira.

Hoje é meu aniversário de dezessete anos. Ainda não desci para o café da manhã, por puro medo de ver quantos presentes meu pai comprou esse ano. No ano passado, eu demorei duas semanas para poder utilizar todos os presentes.

Estava usando um vestido azul, minha cor predileta. Ele tinha mangas bufantes totalmente esplêndidas, e era um dos meus vestidos casuais prediletos.

Desci as escadas do castelo, torcendo para que meu pai tivesse comprado somente o que lhe pedi: um livro de romance. Gostava de ler, principalmente sobre duas pessoas tendo seus finais felizes, mesmo que isso me fizesse duviar se isso poderia, de fato, acontecer comigo.

-Bom dia, papai - falo, assim que passo pela porta da sala de jantar, avistando o meu pai sentado na mesa, na cadeira de sempre.

-Bom dia, filha. Feliz aniversário - ele disse, contente.

-Obrigada, pai - disse, me sentando na cadeira ao seu lado.

Estranhei o fato de ele não ter me entupido de presentes antes mesmo que eu possa pensar em sentar na cadeira para servir meu café da manhã, mas não reclamei, obviamente.

Peguei um dos pães que estavam em uma bandeija e pus em meu prato, sentindo o olhar de meu pai sobre mim.

-Você sabe que é só chamar os empregados que eles te servem, né, S/N? - meu pai questiona.

-Sim, eu sei, pai. Mas eu tenho minhas próprias mãos, então acho que posso poupá-los disso.

Meu pai franziu o cenho para mim, como sempre fazia. Já estava pronta para ouvir o sermão.

-Estamos num castelo, S/N. Os empregados ou são pagos para te servir, ou estão aqui para pagar alguma dívida, ou são escravos de guerra. Então, não faça o trabalho por eles. Você é uma princesa, não uma serviçal.

-Mas eu acho que eu tenho a capacidade de por minha própria comida no prato, como também acho que o fato de eu fazer isso não afetará na vida de ninguém - respondi, sem paciência. Não estava afim de discutir logo na manhã, ainda mais no meu aniversário.

-Tudo bem. De qualquer forma, acho que não vou conseguir mudar a sua opinião.

-Concordo. Você tenta há dezessete anos - falei, enquanto mastigava um pedaço do pão.

-S/N, por favor, tenha modos!

-Estamos só nós dois - disse, e depois engoli a comida que estava na minha boca. - E, também, é meu aniversário.

-Tudo bem. Prepare-se para seu presente. Tenho certeza que irá adorar.

-Qual é? - pergunto, desinteressada, colocando um pouco de vinho em minha taça.

-Você vai se casar.

CASAMENTO ARRANJADO - IMAGINE JOSH X YOUOnde histórias criam vida. Descubra agora