005.

7.7K 716 837
                                    

A sensação de ficar descalça na areia é única. É como se, todo cimento duro que você pisou, durante toda a sua vida, tivesse se aliviado, e agora você está pisando em algo fofo e macio, que não machuca os seus pés.

-Gostou? - Josh perguntou.

-Sim! A praia é... incrível! - exclamo, olhando para o mar.

-Eu sei. É o meu lugar favorito no mundo.

-Por quê? - pergunto, me virando para olhá-lo.

-Porque... - Ele hesita.

-Se não quiser falar, saiba que...

-Foi onde minha mãe pediu para jogar as cinzas dela.

-Eu sinto muito, Josh - digo, sem saber o que mais eu poderia dizer. Mas, na verdade, não havia mais nada que eu pudesse dizer. Nada iria mudar o que já havia acontecido.

-Obrigado. Mas já faz um tempo. É só que, toda vez que vou a praia, sinto que estou perto da minha mãe de novo. É como se fosse o único lugar no mundo que eu pudesse a encontrar.

Uma lágrima caiu do meu olho direito. Eu estava sentindo pena dele, e me arrependia de ter dado um soco em seu nariz - mas naquela hora ele mereceu.

-Ela morreu de quê?

-Febre - ele respondeu.

(N/A: Galera, lembrem-se que essa fic se passa no final do século XVIII, naquela época era normal as pessoas morrerem por febre.)

-Que pena - falei, chutando um pouco de areia. - Mas, se serve de consolo, também não tenho mãe.

-Ela morreu? - Josh perguntou, finalmente me olhando.

-Não. Ela abandonou papai e eu quando eu era pequena.

-Por quê?

-Não sei. Meu pai nunca me disse o motivo.

-Sinto muito - ele diz.

-Tudo bem. Eu não lembro dela, de qualquer forma. - Suspiro. - Acho que tem algo de bom em trágedias.

-Como assim? - ele pergunta, confuso.

-Eu acho que nos momentos de maior escuridão, é onde a vida esconde as maiores dádivas.

-E qual é a sua dádiva?

-Eu não sei. Mas, em breve, saberei.

-E como você sabe que é "em breve"? E se demorar dez anos?

-Com "em breve", eu quero dizer no tempo certo. A vida é mais experiente que nós. Ela vive há mais de mil novecentos e noventa e cinco anos, e nós vivemos somente há dezessete.

-E se a sua ou a minha dádiva nunca aparecer?

-Sempre aparece dádivas nas vidas das pessoas, Josh. Ninguém sofre à toa nesse mundo.

-E porque, às vezes, parece que o sofrimento não tem fim? - ele pergunta, olhando para o mar.

Também começo a olhar para o mar e falo:

-Porque ele não tem fim. Sempre teremos um motivo para sofrer. Nossa única escolha é decidir se vale à pena ou não sofrer por isso. O sofrimento é que nem as ondas do mar. Umas horas estão fortes, outras fracas, mas sempre estão ali.

-Você sabe usar as palavras - Josh disse, rindo.

-É, eu acho que eu leio bastante.

-Eu nunca li nenhum livro - confessa.

-O quê? - questiono.

-Nunca tive tempo de ler um livro. As únicas coisas que leio são regras de etiqueta ou documentos que tenho que assinar.

-Pois então, Princípe Josh, se você for se casar comigo, no mínimo terá que ler Romeo e Julieta.

-Uma história de suicídio duplo? Não, obrigado.

-As pessoas que não leem o livro pensam que é somente isso, mas não é. Conta uma história sobre o ódio e o amor, dos lados poderosos da mesma moeda, que são capazes de tudo. Se trata de ter que escolher entre sua família, que te criou, te educou, te deu um lar ou um amor platônico.

-Fácil: sua família.

-A mesma família que estaria disposta a matar a pessoa que você ama?

-Eu não gosto das suas lições de moral, S/N - ele diz, me fazendo rir, e ele acompanha.

Nesse momento, não me importo com o sermão que vou levar assim que chegar em casa. Não me importo se estou sendo obrigada a me casar. Não me importo com nada. Agora, tudo que importa, são as batidas do meu coração que me permitem viver esse momento.

Com Josh.

___

Eu amei esse capítulo com todas as minhas forças✊

Eu já sei qual vai ser o final da fic AAAAAAAAAAAAA!

Até o próximo capítulo♡

CASAMENTO ARRANJADO - IMAGINE JOSH X YOUOnde histórias criam vida. Descubra agora