012.

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É estranho como o tempo parece ser compatível com seus sentimentos.

Choveu a semana inteira, assim como dentro de mim; uma chuva de dúvidas, desconfianças e tristezas.

Por que tudo tem que ser tão difícil? Por que eu não poderia, simplesmente, ser uma pessoa normal? Sem problemas como trono, casamentos arranjados, tios chatos...

Às vezes as pessoas não estão dispostas a viver a realidade sob qual foram submetidas, mas são simplesmente obrigadadas.

Sinto como se eu fosse, de tão pequena diante dela situação toda, voar junto com o vento que balança meus cabelos neste exato momento. Eu terei que me casar, se não perco o trono. Quão impotente isso me faz soar? E o pior: se Gilbert conseguir provar que é, de fato, meu tio, não terei chances com o trono, mesmo eu já o tendo, tecnicamente assumido.

A cerimônia de coroação foi adiada por conta disso tudo. E, sinceramente, acho que o que nos frusta são o tamanho dos nossos sonhos, mas nossa insistência por realizá-los. Sonhos não são vidas. Sonhos são apenas o que nosso subconsciente nos submete e, às vezes, nos agarramos a isso. Mas, no final, estavamos afundando na areia movediça, sem nenhuma maneira de voltar para trás.

Ao que eu estava me arragando? A ser Rainha? Por favor... Eu sei como são os pensamentos e costumes das pessoas. Por que insisti tanto nisso?

-Uma coroa pelos seus pensamentos - ouço alguém falar atrás de mim.

Josh.

Me viro e dou de cara com ele.

-Oi, Josh.

-No que estava pensando?

-Nada.

-Nada? - ele questiona. - Você estava parecendo concentrada, e um tanto melancólica.

-Não é nada, Josh. Fique tranquilo - falei, me virando novamente para a janela do meu quarto.

-Você sabe que pode me contar o que está te incomodando, não sabe? - ele pergunta, colocando as mãos em meus ombros, fazendo uma massagem.

-É que... Já se sentiu como se você não estivesse vivendo sua vida, mas sim apenas uma cópia barata?

-Sim, S/N. Há um tempo atrás - ele disse, continuando com a massagem que estava, de fato, me deixando mais relaxada.

-E agora?

-Não mais.

-Como você fez isso parar?

-Parei de mentir.

-Como assim? - questionei, confusa.

-Parei de mentir para mim mesmo. Aceitei quem eu sou, e aceitei minhas ambições, também. Parei de mentir para os outros sobre como me sentia ou, talvez, mentir sobre quem eu era. Quando você faz isso, sua vida parece mais leve, e você tem mais vontade de vivê-lá.

-Como terei vontade sem esperança? - questionei, com um suspiro.

-A esperança é uma palavra pequena, mas tão complicada... - Josh murmurou.

-Como faço para ter esperança, Josh?

-Não tem como.

-Você não está ajudando.

-O que eu quero dizer é: você não pode se obrigadar a ter esperança, você tem que senti-la, simplismente.

-Não quero mentir mais.

-Então, se abra - ele disse.

-Como, se eu nem sei a verdade?

-Às vezes as coisas não são sobre dizer a verdade propriamente dita, mas sim o que você pensa e sente - ele falou, calmamente, continuando com a massagem.

Parecemos um casal.

Afasto o pensamento repentino que tive e me concentro no que Josh havia dito.

-Então, nesse caso... - digo, me virando para ele. - Tenho que te contar algo.

-Certo - ele diz, com um sorriso.

[...]

Conto à ele tudo o que Jude havia me dito, sempre prestando atenção em suas feições faciais, para encontrar algum indício de que eu precisava parar de falar, mas não; ele ficava sério, congelado, como se nem estivesse ouvindo.

-E qual é a conclusão disso tudo? - ele pergunta, quando termino de falar.

-Josh... acho que você sabe qual é a conclusão - falo.

Ele fica um momento em silêncio, mas logo começa a se expressar:

-"Acho que você sabe qual é a conclusão" - ele repete minha fala, se levantando da minha cama que ele havia sentado minutos atrás e, finalmente me olhando nos olhos.

Mas, os olhos dele tinham um tom diferente. Ele tinha algo tão famíliar... Mas eu não conseguia reconhecer. Porque ele tinha sangue nos olhos.

-Eu não sei qual é a conclusão, S/N! Me diga!

-Acho que seu pai matou o meu - falo, num sussurro, não sendo capaz de falar tais palavras num tom mais alto.

-Isso tudo porque uma escrava fofoqueira contou isso para você?

-NÃO A CHAME ASSIM! - me alterei. Respirei fundo, tentando manter a calma. - Não a chame assim. Ela é muito mais que o seu rótulo, Josh, ela é minha amiga. É como uma mãe para mim. Eu não teria te contado o que ela me disse se eu não confiasse nela. Agora, eu me pergunto: deveria ter confiado em você?

-Não tente virar isso contra mim!

-Você que está fazendo isso, Josh! Pelo amor de Deus, Josh. Escuta o que estou te falando!

-Não vou tolerar tais baboseiras serem ditas ao nome do meu pai! Isso são claramente invenções de uma, por favor, escrava de guerra - Josh pronuncia as últimas palavras com certo nojo, fazendo meu coração ferver.

-Como se ela escolhesse ser escrava, Josh!

-Eu pensei que você era uma boa pessoa. Um pouco sonhadora demais, mas isso não era nada tão grave. Mas, até onde seus acontecimentos imaginários podem ir?

-Até acreditar que você fosse me ouvir - eu falei, uma lágrima escapando de meu olho.

-Às vezes, não é possível tolerar absurdos - ele retruca, depois de um tempo.

-Às vezes, a verdade está bem na sua frente, mas você não consegue admitir. Eu posso estar equivocada, mas eu segui seu conselho. Mas você mesmo o seguiu? - questionei.

Ele bufou e saiu do quarto, batendo a porta.

E, naquela tarde, duas pessoas machucaram umas as outras e a si mesmas, pois não sabiam ouvir e entender um ao outro.

_______

Oi gente, broteeeeei!

Eu sei que ando meio sumida, mas, agora que Love and Hate (meu imagine do Noah) chegou, infezlimente, ao fim, vou ter mais tempo para focar nessa fic♡

Estou sempre recebendo mensagens falando sobre como estão gostando da fanfic... Muito obrigada, gente, sério! Eu sou muito grata a cada um de vocês♡

E, aproventando o embalo, obrigada pelos 10K!!!!!!!

É isso, amores mios, até o próximo capítulo (que será postado o mais rápido possível!)

》Rafa.

CASAMENTO ARRANJADO - IMAGINE JOSH X YOUOnde histórias criam vida. Descubra agora