Hipoteticamente

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Quando Xiao Zhan passou no vestibular para o seu tão sonhado curso de medicina não imaginou como seria sua vida depois de formado. Escolher a clínica médica foi uma decisão fácil, visto que seu desejo era adquirir conhecimento sobre todas as áreas. Apesar de um dia querer se especializar em pediatria, já que não podia negar que adorava crianças.
Os anos passaram rápidos e logo sua residência chegava ao fim e ele finalmente era um médico plantonista num grande hospital de Beijing. Logo a realidade o atingiu quando mal tinha tempo para lavar seus cabelos ou ver os amigos que sempre reclamavam sua presença nas reuniões que faziam - principalmente sua melhor amiga Xuan Lu -, mas às vezes não conseguia fazer mais do que o trabalho lhe permitia. Mas apesar de todo o cansaço não podia negar que amava o que fazia, sua maior satisfação era ver seus pacientes saírem bem depois de um período angustiante no hospital.

Aquele havia sido mais um dia cheio onde chegava em casa mais de duas da manhã e o corpo só pedia descanso. Estava morando sozinho a um ano, apesar de que havia insistido para sua mãe ir consigo quando precisou se mudar para Tóquio. Mas a mulher baixinha disse que seria bom para o filho morar sozinho, apesar de toda a saudade que sentiria, sempre conseguiria entre uma folga e outra ir visitá-lo na cidade grande.

Após tomar um longo banho e deixar uma lasanha congelada aquecendo no microondas, Xiao Zhan sentou na cozinha enquanto jantava e checava alguns emails no computador. Como no dia seguinte não teria plantão, não estava se importando que o relógio já marcasse três da manhã. Com um olho no notebook e o outro no prato de lasanha, respondia os e-mails mais importantes enquanto arquivava e excluía outros, até que um em específico atraiu toda a sua atenção pois era impossível não notar aquele pop-up em caixas altas, num tom berrante de pink com roxo brilhando na sua tela. Resolveu clicar mesmo que seu cérebro o alertasse que poderia pegar um vírus (daqueles que ele com certeza não conseguiria resolver sozinho). Mas antes que pudesse se frear, o e-mail já estava aberto e seus olhos liam rápidos o conteúdo.

"Cansado e entediado nessa madrugada? Não tem ninguém para conversar? Procurando diversão sem compromisso? Bem vindo ao melhor telesexo de Beijing!" - O médico terminou de ler aquilo em voz alta e não conseguiu conter a risada que soltou. Não acreditava que nos tempos de hoje ainda existisse aquele tipo de serviço, mesmo que ele não fosse a pessoa mais "antenada" no assunto.

Terminou de ler a descrição e logo abaixo outro pop-up piscava um número de telefone, informando também que o custo da ligação viria automaticamente na conta. Parecia uma cilada daquelas que apenas ele conseguiria se meter. Acabou passando alguns minutos olhando aquele número e refletindo a quanto tempo havia sido seu último relacionamento ou a última noite de sexo que havia tido. Estava com 28 anos e não tivera tantas experiências amorosas assim, nem tempo para se aliviar tinha e aquele número na tela chamava tanta atenção... balançou a cabeça tentando tirar aquela ideia do pensamento mas as mãos já tateavam o telefone em cima da mesa.

— Bom... não é como se alguém fosse ficar sabendo disso... e eles mantêm discrição, eu acho. — Sua mania de falar sozinho era bem cômica, mas o ajudava a refletir bastante. — Mas quer saber? Foda-se, acho que eu mereço me divertir um pouco, pelo menos engraçado vai ser, com certeza.

Anotou rapidamente o número do telesexo checando duas vezes, desligou o computador, deixou o prato sobre a pia e caminhou para seu quarto fechando a porta logo em seguida. Se fosse fazer aquilo que fosse em um lugar tranquilo e que ele pudesse ficar relaxado. E o mais importante: que ninguém visse.

Deitou sobre a cama ficando escorado nos travesseiros enquanto suspirava. Estava vestindo apenas o short do pijama pois a noite estava um pouco quente e não queria ligar o ar condicionado ainda. Após desbloquear o aparelho teclou rápido o número que havia anotado e esperou, logo uma espécie de URA o atendeu, a voz sexy de uma mulher preencheu seus ouvidos e ele sentiu seu rosto corar somente com aquilo. Ouviu atento a todas as instruções e ficou aliviado quando foi garantido o sigilo e que não teriam acesso ao seu número, mesmo que fosse ingenuidade sua acreditar naquilo.

Call me BunnyOnde histórias criam vida. Descubra agora