Aproveitem ⏳
Durante os dias que se seguiram aprendi algumas coisas sobre Alastor:
1. Só eu podia vê-lo.
2. Eu não tinha mais nenhum controle sobre seu comportamento.
3. Alastor realmente me amava.
Na maior parte do tempo ele quase parecia um ser humano normal, ou pelo menos tinha as mesmas necessidades e preocupações que um. Comia, dormia e sentia qualquer toque ou textura de qualquer objeto.
Alastor tinha medo do escuro e curtia qualquer tipo de anime, amava um bom café com uma boa companhia e estava sempre disposto a explorar novos lugares.
Aproveitando a falta de lógica da situação e que Alastor era só meu, resolvi me entregar a essa loucura e gastar meus tempo livre ao lado do namorado perfeito.
† Décimo Quarto Flashback - Chocomenta †
Eu estava enganada quando disse que Alastor não havia evoluído, na verdade, ele sempre foi bem mais adulto do que julguei naquela época. Ele também existia a bem mais tempo, viveu inúmeras épocas e sabia falar sobre qualquer assunto que envolvesse a história da humanidade.Mas, mesmo compartilhando tanto sobre si mesmo, Alastor ainda não havia me revelado o que fazia na minha casa e, principalmente, que tipo de ser ou coisa ele era.
— Não se preocupe, um dia eu te conto — era o que sempre respondia. — Teremos bastante tempo juntos.
Tentava não ficar obcecada com isso. Tudo tem seu tempo e eu confiava em Alastor o suficiente para saber que nunca me faria nenhum mal.
— Você não tinha uma festa pra ir com seus amigos? — Alastor surgiu no meio da cozinha.
— Fazia tempo que tinha te prometido esse almoço, meus amigos podem esperar.
— Pena que seus pais não podem me ver.
— Sim — parei para checar a temperatura do forno. — Eles iriam gostar de você.
— E quem não gosta?
O micro-ondas apitou pela segunda vez, o arroz estava quente.
— Perdoe-me senhor, mas o arroz não pode ser feito na hora.
— Oh! A senhorita não sabe fazer?
— Eu sei fazer — protestei zangada, por que as pessoas estavam sempre me acusando de não saber cozinhar?
Alastor ergueu uma das sobrancelhas.
— Só não fiz um novo arroz porque não quero desperdiçar esse, meu pai fez no começo da semana.
Minhas desculpas não convenceu Alastor, que permaneceu irredutível sobre preferir ir a um restaurante do que comer a minha comida.
Passei meus braços por suas costas, envolvendo o garoto em um abraço apertado. Era bom poder tocar em Alastor, não parecia mais algo vazio.
— É feio fazer bullying com a comida dos outros.
Alastor se virou em minha direção, puxando meu queixo para que olhasse em seus olhos.
— Eu poderia comer outra coisa.
— O quê? — provoquei ficando na ponta dos pés para alcançar seus lábios.
O irritante toque da companhia não impediu Alastor de puxar me pescoço para mais perto e me beijar. Lento. Terno. Quente.
O micro-ondas apitou uma terceira vez, e, do lado de fora, Luan batia na porta sem paciência.
Foi a primeira vez que não o deixei entrar para ficar comigo enquanto estava tendo uma festa na casa dele, mas minha consciência não teve tempo de me fazer sentir um ser humano horrível pois eu estava ocupada demais beijando Alastor.
— Eu senti sua falta — confessei entre um selinho e outro.
Alastor sorriu genuíno, ele parecia tão alegre, tão adorável, tão apaixonante... Eu estava apaixonada?
— Acho que seu feijão está queimando — sussurrou no meu ouvido.
— Que sexy — revirei os olhos irritada. — É claro que não está quei... Droga!
Corri em direção a panela de pressão tentando evitar o estrago de um feijão queimado, porém já era tarde.
— Feijão queimado, arroz velho, carne mal temperada, ainda acha que foi uma boa ideia cozinhar, anjo?
— Ei! Minha especialidade são pães e bolos — argumentei inutilmente, eu era um desastre.
Alastor me ajudou a lavar a louça, mesmo eu tendo insistindo para que me deixasse lidar com a bagunça sozinha.
Enquanto íamos de um lado ao outro da cozinha, guardando e limpando as coisas, tomei a liberdade de beber um pouco de vinho, e, por um momento, sentia-me como meus pais, dividindo as taças, cozinhando em meio a risadas de piadas sem graça.
Talvez isso fosse amor. Talvez amor seja ter alguém para te ajudar a limpar a bagunça; talvez amor seja ter com quem dividir um bom vinho; talvez amor seja ter com quem compartilhar momentos, tão rotineiros quanto esse e de forma tão leve e divertida.
No final da tarde, Alastor e eu estávamos jogados no sofá, a TV ligada na reprise de um programa chamado S.O.S. Cupcakes e um pote de sorvete de chocolate com menta repousando ao nosso lado.
— Esse sabor é horrível — reclamei, levando mais uma colher cheia a boca.
— Por que está comendo então?
— É a única coisa que tem pra comer — dei de ombros.
— Se você soubesse cozinhar...
— Eu sei!
Alastor não insistiu no assunto.
— Eu sou a menta — disse aleatório.
— O quê?
— Sabe, se nosso relacionamento fosse esse sorvete.
— Está dizendo que a menta deixa o chocolate ruim?
— Não, não, o chocolate deixa a menta melhor do que nunca.
— Quando foi que ficamos tão melosos?
Alastor não respondeu, apenas me puxou para mais perto. Pelo menos o sorvete combinava com seus beijos.
†
Tardes como essa passaram a ocorrer mais do que gostaria. Eram tão divertidas que eu mal me arrependia de ignorar meus amigos nos finais de semanas e cancelar quaisquer compromissos que surgissem.Alastor me fazia muito bem, mais do que qualquer outra pessoa. Eu o amava, percebi, e não me importaria em sacrificar os finais de semana para ficar com ele.
Aaaaaaa esse capítulo foi tão dificil de escrever! Eu sou péssima com cenas fofinhas de casais apaixonados! E vocês podem dizer "Mas Amência é um romance Bia" e eu digo que algo deu muito errado para um romance (supostamente) sobrenatural acabar com um adorável casal tomando sorvete kkkkk
Inclusive, a cena da Valetina falando sobre o que ela definia como amor foi completamente inspirada em uma cena do livro "The Silent Waters" escrito pela fabulosa Brittainy C. Cherry. A foto do capítulo é o trecho que eu tentei redefinir como o pensamento da Tina. Se para Maggie amor é nunca dançar sozinho, Valentina diz que amor é ter alguém para te ajudar a limpar a bagunça. Inspirado, não plagiado.
Obrigada por lerem e beijinhos caramelados ⌛
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Amência
RomanceValentina aos treze anos criou em sua mente o que chamou de garoto perfeito. Um garoto cujo único propósito era fazê-la feliz. Mas o que acontece quando uma fantasia inocente perde o controle? O que acontece quando o criador teme sua própria criaç...