CAP.5

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Se passaram algumas semanas desde o ocorrido, a mídia bombou com oque houve. O mundo todo enlouqueceu, não é a primeira vez que alguém tira a máscara depois das regras serem feitas, mas é a primeira vez que são tiradas desse modo. Uma festa de adolescente, uma festa de jovens fazendo coisas ilegais bombou na mídia simplesmente porque é ridículo. O mundo de hoje se entretém com essas coisas sem pé nem cabeça, a notícia de que um menor está sob observação pra descartar a opção de ter o vírus e aparentemente divertido.
          Agora eu repouso felizmente sobre o colo da minha mãe, ela está com a cabeça encostada no ombro do meu pai enquanto ele vê um daquele seriados antigos, incríveis aliás. Muita gente veio na nossa casa pra saber se eu estava bem, mas minha mãe garantiu que sim ainda mais depois daquela descontaminação turbulenta no hospital. Estava tudo nos eixos, ou pelo menos parecia estar, eu ainda estava sem notícias da Ash e da Abby e nem ao menos criei coragem pra visitar suas famílias.
         Não sabia oque havia acontecido com elas depois de tudo, mas havia ouvido boatos sobre Hannah estar presa. Ela já é de maior, mas age como uma criança que nem agiu naquele dia e isso trouxe consequências a várias pessoas. Hoje decidi ir ver a familia das minhas amigas, liguei primeiro pra Lindsey e avisei que iria passar na biblioteca e depois iria a casa dela, ela disse que tudo bem mas parecia chorar, oque me preocupou mais.

-Vou-sair.- Digo levantando do colo da minha mãe e arrumando minhas coisas.
-Vai demorar?- Minha mãe pergunta me olhando colocar os livros na pequena mochila.
-Talvez, volto antes das 20:00 espero eu.- Falei e fui pegar meu casaco.
-Você concorda com isso Vincent?- Ela pergunta a meu pai.
-Desde que ela não tire a máscara tudo bem.- Meu pai fala e muda o canal.
-Amo vocês, até mais tarde.
-Vai ir encontrar alguém? Parece animada.- Minha mãe questiona com um tom malicioso.
-Espero que sim.- Sorrio e saio indo até a biblioteca.

         Está no fim da tarde, Kate já deve ter ido embora já que não tem ninguém lá. Ouvi dizer que vai entrar uma velha rabugenta pro turno da noite, seria como conhecer uma dona Trunchbull e eu riria muito caso acontecesse. Chego na biblioteca e me aproximo da mesa de recepção, me sentia um pontinho branco no meio do piso feito de madeira, mas os livros me faziam companhia nesse quesito.

-Olá, boa noite. Creio que Kate já deve ter ido embora aliás, bem vinda a biblioteca.- Sorrio- Você por acaso viu um garoto alto chamado Thomas? Ele é arrogante e convencido, sabe se ele está aqui?- Pergunto a pessoa em baixo da cubículo, parecia estar procurando alguma coisa.
-Nossa, me senti ofendido com sua descrição sobre mim docinho.- A pessoa levanta e eu o vejo de novo, Thomas e como uma pedra no meu sapato, ele coloca a mão no peito com sarcasmo e olha pra mim segurando uma risada.
-Porque está aqui?- Pergunto analisando sua roupa levemente mais formal.
-Trabalho.
-Pera, você tá trabalhando aqui? Aqui na biblioteca? Na única biblioteca da cidade? A biblioteca que eu vou quase sempre?- O bombardeio de perguntas incrédula.
-Sim docinho, meu pai não queria que eu ficasse trancado em casa. Tentei fazer amigos mas eu não gosto muito de gente.
-Mas gosta de mim.
-Você lê.- Fica evidente que ele sorri- Mas afinal, porque veio me procurar?
-Uma oferta de paz.
-Oferta de paz?
-Oferta de paz.- Afirmo e coloco minha mochila na bancada, tiro de lá um livro- O Pequeno Príncipe.
-Ah, engraçado que isso é um clássico e eu não o tenho na minha estante.- Ele fala e olha pra mim.
-Não se refira ao Pequeno Príncipe como “isso"- Digo mandona- “Isso"-Faço aspas com as mãos e estendo o livro- é uma obra prima, agora pegue. É seu.
-Calma docinho.- Ele diz com as mãos pro alto em redenção e pega o livro- Essa é sua oferta de paz?
-Sim, essa é minha oferta de paz. Podemos ser amigos.
-Que bom, minha festa de aniversário é amanhã. Espero que você vá amiga.- Ele dá ênfase na palavra amiga e guarda o livro em sua bolsa- Obrigado.
-De nada, eu já tenho que ir.- Solto um  sorriso fraco e me direciono a porta- Aliás, tem um bônus dentro do livro, pra conversarmos mais sobre a festa.

           Ele apenas me olha confuso e abre o livro, vê oque eu escrevi e sorri acenando com a mão. Sim, eu dei meu número pra ele, mas teremos apenas conversa de amigos. Seremos só amigos, não pretendo ter algo mais e sei que não vou, apenas quero saber se suspense realmente é bom. Respiro fundo e tomo meu caminho pra casa de Lindsey, enquanto as estrelas começavam a tomar brilho no céu.

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