CAP.14

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Já passado algum tempo voltei a casa de Thomas, disse a meus pais que estava saindo com um garoto que eles conheceriam em breve. Eles de início se preocuparam imediatamente deu por acaso ter o beijado, ou algo assim, coisa que eles fizeram anos atrás. Eu garanti que não, e eles acreditaram. Os pais dele sempre estão estranhamente fora, oque deixa tudo mais suspeito, Thomas parece não se importar mas sempre está com uma feição preocupada quando um de nós dois cita seus pais.
           Agora já estou dentro de sua casa, aguardando o mesmo sair de seu quarto. Ele avisou que tinha um presente, e voltaria logo. Permaneço sentada no sofá com o celular em mãos, lendo Lindsey dizer o quanto tudo com Charlie está indo incrivelmente bem.

-Aqui.- Thomas me entrega um objeto retangular envolvido num papel de presente.
-O que é?- Pergunto dedilhando com as mãos expostas os pequenos círculos estampados no papel.
-Abra.- Ele diz sorrindo e se senta ao meu lado, eu o faço vendo a capa de um livro, logo me animo e leio o nome.
-Ah, Hamlet...- Digo acariciando a capa dura do livro, que persistia na cor branca assim como todos os outros- Você é um fofo Martin.- Digo e beijo sua bochecha, ele ficava todo bobo quando eu o chamava pelo sobrenome.
-Que isso, não foi nada.- Ele diz meio tímido e hesitante, talvez até meio corado.- Folheia ele um pouco, tem um bônus nele.
-Bônus?- Indago animadinha passando as folhas com rapidez mas atenção- Mas que...- Paro ao ver um trecho marcado- Bônus.

    “Duvida da luz dos astros, de que o sol tenha calor, duvida até da verdade, mas confia em meu amor.” Essa é a frase grifada com um marca texto, a única coisa colorida no meio branco. Os livros não podiam ter capas atraentes nem cores ou algo do tipo para não despertar sonhadores, um sonhador na sociedade era como um míssil de fora da lei. Não faz sentido a metáfora, mas é isso, as pessoas que sonham grande ou se aventuram muito nas páginas são um risco pra desobedecer as regras, e depois de já ter o feito eu entendo o porquê.

-Isso é tão lindo.- Digo acariciando o trecho grifado em seguida o olho- Você é incrível- Falo sorrindo vendo ele fazer o mesmo.
-Só sou incrível porque tenho você.- Ele diz com um olhar diferente, o mesmo olhar que eu tinha. E nos olhando, desse jeito especial encerramos esse momento único.

...

-Entendo que goste dele mas não pode desistir, Ceci por favor, tente só mais um pouco.- Lindsey diz aparentemente tentando não gritar comigo.
-Não posso me desculpe, e-eu...- Respiro fundo procurando as palavras certas- Continuar usando ele assim, é errado. Além de que ele tem sido tão gentil e maravilhoso, não posso continuar mentindo. Ou eu conto a verdade ou desisto, e contar oque estava fazendo vai acabar com tudo.
-Cecilia você não pode.- Ela fala já irritada.
-Sim eu posso, me desculpa mas não dá mais. Abby vai ficar bem, vai dar tudo certo.- Digo tentando acalma-la.
-Não, não vai. Ela foi propositalmente infectada, poxa, você nem se esforçou.
-Eu me esforcei sim!-Berro com ela- Me aproximei de um garoto que queria ser amiga, tirei informações que podem afetar a família dele, menti e o usei. Eu traí alguém que amo por um caso sem solução!- Cuspo as palavras com muito ódio e rancor, acabo nem notando as coisas ruins que eu disse. Pude notar um soluço no outro lado da linha.- Lindsey eu...
-Não, você tá certa.- Ela me interrompe e toma a palavra- Ela não vai resistir, me desculpa por tudo.
-Eu que...- Tenho falar mas a mesma me interrompe.
-Você o ama mesmo?- Ela perguntou com a voz mansa e ameaçadora ao mesmo tempo, sem saber a resposta desligo o telefone.

        Abaixo delicadamente o celular do meu ouvido, com os olhos cheios de lágrimas e algumas já caindo, uma respiração quente e silenciosa escapa por minha boca entreaberta, só deixando tudo mais melancólico. Parece ridículo deixar de ajudar uma amiga a beira da morte pra não sentir peso na consciência por usar um garoto, mas eu não sei oque fazer nem oque pensar. Decidi ir pelo que sinto, não tem justificativa oralmente explicável pra tal decisão, eu amo Abby e me odiaria por deixá-la ir. Mas me odiaria ainda mais por não ser feliz, decidi que falaria com Abby de manhã, por telefone talvez, não sei.

-Cecilia?- Thomas pergunta abrindo a porta, eu havia pedido pra usar seu quarto ao falar no telefone. Rapidamente passo a mão por meu rosto limpando as lágrimas que haviam caído.-Oq houve?- Ele fecha a porta e anda até mim
-Nada não, só...- Sento na cama vendo ele se sentar ao meu lado- Eu sou uma péssima amiga.- Digo com um sorriso sarcástico e evidentemente abalada.
-Você não é uma péssima amiga.- Ele segura minhas mãos com as dele- Você faz oque pode, não somos perfeitos isso é fato. Não se cobre tanto, humanos são seres confusos e as vezes precisamos nos esforçar pra entende-los.- Ele sorri e limpa uma pequena última lágrima que caiu- Não se sinta mal por não ser tudo que esperam de você.
-Obrigada, de verdade, obrigada.- Digo sorrindo e num ato delicado junto nossos lábios, mas logo se torna um beijo intenso.

         Levo minhas mãos a sua nuca e ele coloca as dele em minha cintura, subo no mesmo ficando sobre seu colo e sentindo as mãos do mesmo segurar minhas coxas. Acabamos deitados, ele me vira ficando sobre mim e começa a distribuir beijos por meu pescoço enquanto levo minha mão ao cós de sua calça.

-Você tem certeza?- Ele pergunta quase num susurro com o rosto próximo ao meu rosto.
   
        Nos olhamos fixamente por um momento prévio, olho rápido a cada detalhe de seu rosto antes de assentir com a cabeça. Ele volta a me beijar e desliza lentamente a mão por baixo de minha blusa.

...

      6:00, seis horas foi o momento que acordei no meio da noite, talvez pré manhã. Meu celular tocava e demorei um pouco ao atendê-lo, encarei algumas peças de roupas jogadas no chão, o lençol branco o qual eu me enrolava e o garoto incrível que dormia ao meu lado. Atendi o telefone, ouvi soluços do outro lado, um horário, um local, a justificativa e o porquê de tanta informação. E assim, me desmanchei em lágrimas.

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