CAP.10

17 1 0
                                    

-Você demorou isso tudo pra se tocar?- Thomas pergunta segurando o riso que parecia implorar pra sair.
-Demorei, mas não deu nada, a sorte e que eu ri muito também.- Solto um riso abafado virando o guidão da bicicleta pra direita.
-Mas vocês ainda tão se falando?- Ele pergunta talvez receoso pelo que percebi no tom de sua voz.
-Sim, mas com menos frequência, o clima ficou meio estranho.
-Que clima?- Ele solta outra risada alta.
-Minha vida não é um circo pra você ficar se divertindo sabia?- Paro a bicicleta na frente da casa dele- Rir da desgraça dos outros não é legal.
-Mas do jeito que você contou é, você ao menos suspeitou?- Ele pergunta e eu caminho até os três pequenos degrais.
-Percebi que ele não parecia intencionado nem nada assim, mas achei que é porque fosse tímido ou sei lá.- Dou de ombros e paro na frente da porta- Já cheguei.
-Você tem que ser mais esperta docinho- Ele bufa sarcástico- Chegou é?- O mesmo pergunta e eu toco a campainha- Tô indo.- Ele desliga.

   
     Eu espero alguns minutos, acabo pegando umas duas ou três flores no  jardim e enfiando em minha mochila, não demora muito até que ele abra a porta.

-“Você é legal, eu gosto de você. Feliz aniversário"- Thomas abre a porta e fala afinando a voz, solto uma risada irônica e entro.
-Eu não sabia oque escrever, me desculpa por isso.- Falo e sento no sofá.
-Tudo bem, achei fofinho.- Ele ri abafado e senta do outro lado do mesmo sofá- Suas amigas vão vir?
-Lindsey e Kate vão, não consegui falar com a Ashley e a Abby está no hospital.- Digo e depois suspiro de forma pensativa, a situação ainda me afetava mas não poderia falar com ninguém sobre isso- E os seus amigos?
-Todos que você conheceu aquela vez vão vir, com exceção do Steve que tá na casa dos tios.- Ele hesita mas depois me olha com uma visão preocupada- Porque Abby está no hospital?
-O vírus.
-Covid.
-Como?
-O vírus, hoje estava dando uma olhada nas coisas do meu pai que saiu pra uma reunião com minha madrasta. Por algum motivo ele tem alguns registros hospitalares, achei que só o governo tinha mas pelo visto não. Não sei como meu pai tem, mas dei uma olhada descobri que se chama covid-19 ou coronavírus. Achei que você deveria saber, já que mencionou que sua amiga está doente por causa dele.
-Nossa, eu...- Penso bem antes de falar com ele sobre isso e mentir descaradamente, tinha que agir o mais natural possível-  Podemos dar uma olhada? Fiquei bem curiosa agora.
-Claro, nós...- Sua fala é interrompida pela campainha tocando oque indica que outra pessoa havia chegado- Talvez outro dia. – Ele diz e anda até a porta abrindo a mesma.

        Pela porta passam 3 pessoas que lembro bem: Charlotte, Charlie e Juliet. Diferente da última vez que os vi elas estavam mais simples, mas Charlotte permanecia com maquiagem, só que dessa vez um batom rosa está em seus lábios, um rosa feio e altamente chamativo. Juliet não usa nada, mas permanece naturalmente linda, seus olhos mel se destacavam bastante em sua pele bronzeada, ela era mestiça assim como eu. Charlie continuava com seu jeito meigo e sutil, tímido e quieto mas sua presença era agradável.
          Assim que entraram e Thomas fechou a porta a campainha toca novamente, e por ela entra uma Lindsey toda apressada e desastrada, mais sorridente do que da última vez. Logo vejo Charlie lançar um olhar a morena baixinha que pede desculpas a Thomas e entra, eu e ele nos entreolhamos e observamos o ruivo hipnotizado. Solto uma risada baixa sentindo que Thomas fez o mesmo e continuo a vida normalmente.

-Oi Ceci- Lindsey diz se sentando ao meu lado.
-Oi.- Respondo talvez meio seca, sinto que ela me chantageou indiretamente, mas sempre esqueço que na verdade foi sua mãe- Abby está bem?
-Ela...- A mesma hesita e engole em seco antes de responder- Na verdade não, piora a cada dia e minha mãe não sai da sala de espera já que não pode entrar no lugar onde ela tá internada.
-Sinto muito.- Lamento apertando fraco sua mão.
-Não sinta.- Ela parece sorrir e recua com sua própria mão em seguida olhando pra mim- Você já está fazendo demais por ela, eu agradeço, novidades?
-Bom, o Jeremy tem arquivos hospitalares em seu escritório. Thomas disse que podíamos ir lá, mas hoje não, talvez outro dia.
-Entendo, interessante.- Ela coloca a mão sobre o queixo e faz uma expressão pensativa.

...

          Se passaram uns longos minutos, talvez meia hora. Kate demorou a chegar, mas quando chegou mal conversamos. Apesar de ser minha melhor amiga nos nunca saímos juntas dessa forma, o que deixou tudo confuso. Acabou que Juliet a reconheceu de quando estudavam, ambas tinham poucos anos de diferença e já haviam estudado juntas. Enquanto elas conversavam fervorosamente, parecia que se conheciam a anos e talvez de fato se conhecessem. Charlie chegou em Lindsey alguns minutos depois, e agora eles conversavam tímidos e sorridentes, corados e fofos. Charlotte e Thomas estão na mesma, com exceção dos atos fofos por parte de Thomas, sendo substituídos por olhos revirados, bocejos e suspiros longuineos. Enquanto isso eu converso com Steve pelo celular.
           Apesar de ter sido bem estranho oque aconteceu ontem ainda somos amigos, acabou que viramos melhores amigos. Me senti num filme ou livro de clichê escolar, onde sempre tem o melhor amigo gay. Mas não quero resumir Steve a isso, e nem vou, ele e muito querido por mim mesmo não sendo mais no sentido romântico. Agora ele está me contando sobre a pessoa que ele gosta, enquanto eu permaneço pensando se realmente gosto de alguém, ou de um certo alguém.

-Você topa dar ideia da gente jogar alguma coisa?- Thomas diz sentando ao seu lado, mal havia notado que havia vindo até mim e me assusto um pouco.
-Eu topo.- Desligo o celular e sorrio pra ele mesmo sabendo que ele não conseguiria ver- A conversa com ela tava interessante afinal né?- Falo rindo.
- Ah claro, adorei saber que ela ganhou uma blusa lilás ontem.- Ele diz ironizando e bufa revirando os olhos.
-Lilás? Como?- Pergunto incrédula e ansiosa.
-Nem pense, quase o mesmo valor que as máscaras transparentes. Não entendo porque temos que nos limitar a um branco chato.
-Aprendi que temos que usar só o branco pra não chamar atenção, e que máscaras tranparentes são caras porque mostram nossos sorrisos.
-E oque tem meu sorriso?
-E um dos fatores pra se apaixonar, e se apaixonar não é bom quando não se pode tocar a quem ama.
-Mas nos podemos.
-Não de fato.
-Não de fato...- Thomas  susurra a ele mesmo e um silêncio constragendor se instala entre nós dois, pude observar que Charlotte havia ido até Kate e Juliet, o qual minha amiga não gostou nada de sua presença pela expressão que fez- Galera, vamos jogar.- Thomas fala alto e as pequenas conversas param  fazendo todos olhar pra nós dois.- Verdade ou desafio?
-Por mim pode ser.- Falo e procuro algo que possa girar, mas Kate e mais rápida e tira seu próprio sapato a medida que os outros concordavam em jogar.
- Eu giro.- Lindsey diz girando o tênis branco de minha amiga que permanecia no meio da mesa de centro.
-Verdade ou desafio?- Juliet pergunta a Charlie quando a garrafa para.
-Verdade.- O ruivo diz receoso e com a voz fraca.
-E verdade que você tem intenções com nossa doce e adorável Lindsey?- Ela pergunta e lança um olhar
-Não, assim, não dizendo que ela não é interessante. Ela é, e muito, mas não estou interessado. Mesmo ela sendo bonita, fofa e legal eu...- Ele hesita muito ao falar certas palavras mas as fala mesmo gaguejando. Ele não mente, Lindsey é um tanto bonita, parecia uma boneca de porcelana. Tinha cabelos lisos e longos, com as pontas extremamente bem cortadas, era um castanho claro e os olhos dela tinham um verde escuro, suas bochechas rosadas e falta de altura a deixavam mais delicada. Diferente de Abby, que tinha o cabelo já mais curto um pouco abaixo do ombro e os olhos tão claros quanto o céu.- Podemos passar pro próximo?
-Claro claro...- Kate diz provavelmentep sorrindo ao talvez possivel casal, nunca me questionei sobre sua vida amorosa, sendo a mais velha na casa no momento talvez devesse ter vivido algo parecido com esse momento, seus olhos perdidos e silêncio curioso diziam isso.
-Eu pergunto a você.-  Charlotte diz quando a garrafa para- Verdade ou desafio?
-Desafio.- Digo tamborilando os dedos contra minha coxa.
-Desafio você a tirar a máscara.- Ela fala e solta um sorriso lateral, obviamente mal intencionado.

Um Amor ContidoOnde histórias criam vida. Descubra agora