Capítulo 1 - Cama de Gato (Parte 1)

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Santa Clara, Califórnia, 2019...

O táxi estava um pouco veloz, quando meu irmão pediu que o taxista parasse um instante.
- Por favor, pare aqui! Só um minuto! – pediu Bem.
- Claro, senhor! – respondeu.
Descemos do táxi, e ficamos diante do que era a JETech há quinze anos.
- Foi aqui que nossa vida mudou... – disse Bem, quando o interrompi.
- ...para pior, e aqui na JETech! A empresa dos nossos pais. Aonde crescemos! – conclui. – Quem diria que após tantos anos, estaríamos aqui em frente, e livres! – sorri sem graça.
- Quantas lembranças! – disse ele.
- Que sensação diferente Benjamin! – falei.
- Real! Eu não imaginei que me sentiria assim Alexia! Mas, é aqui que nossa vida vai dar uma grande virada. Vamos recuperar cada centavo do que nos roubaram, e de brinde, iremos nos vingar de cada um que nos fez mal! – cochichou Ben.
- A sua tia, a deputada, o delegado...– comecei.
- ...Seu namorado, sua melhor amiga, a prefeita... – continuou.
- ...O seu padrinho e o médico das duas famílias! – disse por fim.
- Vamos Alexia, nossa mansão nos aguarda! – disse Ben.
- E o táxi também, maninho! – falei sorrindo e o abraçando.
Entramos no táxi, e chegamos á nossa mansão. A maior da cidade de Santa Clara. Em uma semana, daríamos a maior festa que esse condado já teve. A festa de apresentação dos irmãos Bernard Martin.
- Finalmente maninho! – falei.
- Por favor Aline, em casa pode me chamar pelo nome verdadeiro! – disse ele.
- Você não aprende mesmo hein? – disse sorrindo.
- Só quero por um momento, sentir que estou livre, assim como estávamos na bela Paris! – disse ele, enquanto uma lágrima teimosa insistia em cair de seu rosto.
Levantei do sofá onde estava sentada, e o abracei.
- Sei como se sente! Entendemos um ao outro! – disse á ele.
- Passamos por muita coisa boa aqui nessa cidade, mas nunca vou esquecer o quanto sofremos há quinze anos! – disse ele.

...Quinze anos antes...
Santa Clara, Califórnia, 2004...

Acordei do que parecia ser um sonho ruim. Estava sendo algemada diante da empresa dos meus pais, junto com o filho dos sócios dele. Eu fiquei muito assustada e estava desesperada, pois, eu havia perdido as duas pessoas que eu mais amei na minha vida... Era como um sonho ruim, e eu queria acordar dele o mais depressa possível, no entanto, não era um sonho ruim. Era uma dura realidade, que mudaria nossas vidas, para sempre...
- Senhora Aline Lucille Jones, sou o delegado Felipe Carter! – disse ele calmamente, com um sorriso macabro em seus lábios.
- O que você quer? Porque estou algemada? Fiz alguma coisa? – perguntei irritada.
Ele me olhou de relance e começou a gargalhar.
- A senhorita está brincando? – perguntou mudando de uma feição de deboche, para uma de seriedade.
- Não sei do que você está falando! Por favor, eu acabei de perder meus pais, preciso cuidar do...do...funeral! – falei emocionada.
- Você não vai a lugar algum! Daqui, você só sai para o presídio estadual! – disse ele.
A surpresa estampada em meu rosto, fez com que ele sorrisse novamente.
- Do que estão me acusando? Porque eu deveria ir para o presídio estadual? – perguntei.
- Pelo assassinato de James e Nathalie Jones, e de Harry e Julie Evans! – ao ouvir isso, fiquei atônita. – Você e o seu comparsa, serão presos e condenados por homicídio e conspiração.
- Contra meus próprios pais? Está louco! – falei irritada.
- No que depender de mim, você apodrece lá! – disse ele batendo suas mãos na pequena mesa de aço.
Foi arriscado, mas decidi enfrentá-lo, visto que nos conhecíamos há anos.
- É tudo por causa do nosso namoro fracassado senhor Carter? Saiba que mesmo que implore de joelhos aos meus pés, eu nunca voltaria com você! De você, eu só sinto asco! – disse cuspindo as palavras nele.
- Seria sua chance minha doce senhorita Jones! Você e o Yan Evans Griffin, irão apodrecer na cadeia, e de quebra, a herança dos pais de vocês, irá para o Estado. – disse. – Policial Melina!
- Sim, senhor Carter! – disse uma mulher alta, loira e forte, entrando na sala de interrogatório.
- Leve a senhorita para a uma das celas do departamento! – disse ele, enquanto ela me arrastava para fora da sala.
- Para onde você está me levando? Por favor, me diz! – implorei.
- Senhorita, por favor! Facilite o meu trabalho! – disse ela séria.
- Eu só preciso que você me diga o porque de eu estar sendo acusada com o Yan. Só isso! – pedi.
- Quando chegarmos na cela, eu lhe digo! – disse ela friamente.
Andamos por corredores um pouco longos, até descermos uns cinco degraus, e enfim chegamos a cela. Melina me jogou na cela e fechou as grades.
- Você me prometeu Melina! Por favor, porque estou sendo acusada e presa desta forma?
- Aline, é um assunto sigiloso, mas eu preciso que você me prometa que vai ficar tudo entre a gente! – disse Melina.
- Eu prometo, e juro por tudo que é mais sagrado que eu guardo segredo! – afirmei.
- Você e o Yan são os principais suspeitos da morte de seus pais. Eles foram vítimas de uma grande explosão na JETech. Você estava brigada com seus pais e em uma de suas conversas com sua amiga, você disse que teria coragem de matá-los. A tia do Yan, disse que ele ameaçou os pais dele também! Vocês serão condenados, e provavelmente, passarão alguns anos na cadeira, e o fim, será a cadeira elétrica. – disse ela me olhando com certa pena.
- Meu Deus! Isso tudo é um grande engano! Como conseguiram essas provas? – perguntei.
- Ai, eu já não sei! Falei demais! Boa sorte Aline. – disse ela, indo embora em seguida.
- Foi uma armação muito bem feita! Mércia e Ana Clara. Carter deve estar envolvido também! Tenho que provar minha inocência! – jurei para mim mesma.

Yan

- Você tem o direito de permanecer calado senhor Griffin! – disse Carter.
- Do que estou sendo acusado? – perguntei.
- Não seja sonso! – disse ele.
- Senhor Carter, estou um tanto surpreso com sua postura, sendo que é um delegado tão respeitado na cidade! – disse debochado.
- Cuidado com o que diz meu caro Yan! – disse ele em tom ameaçador.
- Não sei o motivo pelo qual me prenderam com a Aline, mas estou sentindo que é algo pessoal! Um complô talvez? – disse o olhando no olho. – Não me ameace senhor policial, você não me conhece, e eu posso processá-lo por abuso de autoridade!
- Olavo! – chamou ele. – Leve o Yan para a cela, e coloque-o na cela ao lado da cúmplice dele.
- O quê? – perguntei confuso.
- Por favor, facilite o trabalho do Olavo! – disse Carter.
Fui com o policial, e ele me levou por longos corredores, e logo vi Aline sentada numa cela. Olavo me colocou na cela ao lado, e saiu.
- Oi! – sussurrei.
- Oi! – respondeu ela.
- O que tá acontecendo Aline? Porque nos prenderam? – perguntei.
- Um complô Yan! – respondeu com fúria nos olhos.
- Eu bem que desconfiei! – disse. – O que farão com a gente?
- Vão nos prender e condenar pela morte dos meus pais, e dos seus. Foi uma armação, e até onde eu sei, a Mércia, a sua tia e esse delegado corrupto, estão envolvidos até o pescoço! – disse Aline.
- Sem provas não podem nos prender! – falei confiante.
- Aí é que está! Melina me revelou que eles possuem provas, mas ela não sabe que tipo de provas são! – disse Aline.
- Temos que dar um jeito de sair daqui! Temos que fugir Aline. Não fizemos nada com nossos pais! Tinhamos diferentes opiniões, mas era só isso. Apesar de odiar admitir, você e eu somos parecidos, e nunca faríamos isso com ninguém, principalmente com eles! – falei.
- Como vamos fugir daqui Yan? Me diz? – perguntou ela.
- Eu ainda não sei! Mas vamos pensar juntos! – disse. – A partir de agora, somos uma dupla.
- Vamos começar com o que sei até agora! – disse ela.
- Vamos lá! – respondi.

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