A Rua

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Se aquela rua falasse
Ela conversaria sobre todos os silêncios e gritaria todos os momentos perdidos
No ápice entre o amor e o medo, entre a loucura e a sanidade
A vida e a morte, as amizades perdidas, o luto, a saudade

Todos guardados dentro de corpos cansados, rostos sem expressão, confusos e, por vezes, profundamente tristes

A rua sabe, mas se cala, se ela contasse talvez tudo não teria esse ar de
Sutil quietude, um silêncio tão esmagador que se torna mortal
A rua não fala, mas quem se atenta consegue ouvir
Os gritos ecoando (baixinho) por todas as suas vielas e rachaduras abertas no asfalto

A menina dança, o menino chora
As crianças brincam
Os adultos seguem seu caminhar eterno em direção ao nada

E os mais velhos, a passos lentos, observam o por do sol
Quietos, são feito lembranças

E a rua vai se tornando cada vez mais sozinha com a chegada do anoitecer
A rua e os velhos,
Uma pilha de lembranças acumuladas, sem voz para contá-las, ou talvez, sem almas gentis o suficiente para ouvi-las

De qualquer forma, continuam
Eternamente silenciosos

Talvez o grito mais forte ecoe da juventude, quebrando nem que seja por um instante esse silêncio mortal que preenche o fim da vida.

Pó de EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora