PONTO E VÍRGULA

VIII CONTATO

Comecei a ler o livro que o Marcos me deu e estou quase no fim, gostei muito. Tenho estudado bastante, estou tentando desenvolver um artigo sobre os asteroides espaciais.

Só vi o Marcos nos corredores da escola, e na sala, tenho evitado contato, porque eu realmente não sei o que fazer, Elisa me chamou para ir na casa dela hoje, acho engraçado ter uma amiga. Avisei ao Marcelo que iria chegar tarde, também é engraçado ter que avisar que vou chegar tarde para alguém que é o meu pai.

19:00 

Cheguei na casa da Elisa, é uma casa bonita, o Albert veio correndo até a porta e me recebeu com lambidas empolgadas, a casa estava em perfeita ordem, Elisa tinha um quarto perfeito, uma casa perfeita, e o que pareciam ser os pais perfeitos. Na sala haviam várias fotos dela e dos pais no decorrer dos anos, em viagens, com sorrisos e momentos felizes, isso me deu um aperto no peito, eu queria que as memórias da Elisa fossem minhas, gostaria de ter boas memórias familiares como ela, Elisa era tão bonita e sortuda. Como alguém pode nascer com tanta sorte na vida? 
Conversamos sobre várias coisas, dentre elas sobre o Marcos.

- Aiko, eu tenho percebido que o Marcos tá tão na sua, eu estudo com ele há muito tempo, ele é legal, sério. Ele sofreu muito no acidente, me admira ele estar bem hoje em dia.

- Acidente, que acidente???

- Ele não te contou?
Af! então, quando ele tinha uns 12 anos, o pai dele foi numa pescaria com uns amigos, durante o trajeto de barco, eles passaram por uma árvore no meio do rio que bateu na cabeça do pai dele, ele caiu no rio, o tiraram com vida, mas ele não resistiu.

- É sério?

- Claro que é sério!
O Marcos é filho único, a mãe dele não podia ter filhos e já teve ele com idade avançada, foi criado como um prêmio pelo pai. Quando isso aconteceu ele perdeu um bimestre na escola, até hoje nunca tocamos no assunto com ele. Temos medo ou qualquer coisa do tipo.

-  Caramba, eu não fazia ideia...

21: 00 eu saí da casa da Elisa e fui na casa do Marcos, não bati na porta nem fui na janela dessa vez, apenas deixei um bilhete embaixo da porta.

"o medo é o caminho para o lado negro."
- yoda

Deixei a minha frase favorita com ele.
Fui para casa, Lucas estava dormindo e o Marcos sentado na mesa, lendo alguma coisa.

- Como foi com sua amiga?

-  Foi legal...

- Está com fome?

- Eu comi lá...

- Durma bem!

- Você também.

Acordei 7:30 a casa já estava vazia, quando passei pela sala, olhei para porta e tinha um bilhete.

Então você gosta da tragédia?
senhorita vácuo.

Passei a manhã com o estômago embrulhado.
Queria ser amiga do Marcos, mas eu estava aprendendo o que era ser amiga, não sabia exatamente.

Pouco antes da aula começar, eu falei com o Tomas sobre o Marcos, ele sugeriu que eu o convidasse para irmos na pracinha em frente à escola para esclarecer as coisas, tentar conversar de uma forma sensata.

- Você tá bem, amigo?

CARAMBA! EU CHAMEI ELE DE AMIGO!