X ASAS

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Ontem foi o meu aniversário, fui para pizzaria com Marcelo, Lucas e meus amigos.
O Marcos me deu uma tela com um céu imenso e azul e algumas estrelas ao anoitecer, quando cheguei em casa e abri o presente, fiquei muito feliz em vê-lo. O Marcos é muito talentoso. Tomas me deu um caderno vintage com um bilhetinho grudado "para a melhor amiga Aikônica." 
Elisa me deu uma caixinha de madeira, e dentro dela haviam várias sementes. Eu não fazia ideia sobre plantas, ou porque ela havia me entregado um presente tão diferente.
o Marcelo me deu abraços e um bolo de manhã cedo, que estranhamente recebi com muito carinho, junto com os beijos babados do Lucas.

Sábado 16:50 pm

- Marcelo, eu estou indo na casa da Elisa, está bem?

- Tudo bem, avise se precisar que eu te busque.

-  beleza.

17:00

- Amiga!
eu não esperava sua visita, aconteceu algo?

- Não, na verdade sim, mas nada preocupante. Estou intrigada com seu presente há uns três dias.

- Hahahaha!
ainda não plantou para descobrir o que são?

- Não, eu não sei como fazer isso.

- Sol, terra, água.

- Vou tentar.

- Preciso sair agora, quer ir comigo?

- Para onde?

- Para a praça com Ananda e Tomas.

- Ah, não, tenho que terminar de escrever um artigo.

- Está bem então.

Quando Elisa saiu, demorou poucos minutos até eu ir atrás dela, que mania essa minha de olhar pelas janelas e seguir pessoas!

Avistei o ajuntamento de adolescentes que o Tomas havia me falado, escutei música, vi sorrisos, abraços, lágrimas. Dessa vez quem parecia conduzir a tal reunião era a própria Elisa.

Voltei para casa rapidamente antes de ser vista por alguém, eu estava nervosa, nervosa demais por sinal, eu não sabia que a Elisa era assim.

Ao invés de ir pra casa eu voltei lá na casa dela e fiquei sentada na calçada esperando, não sabia exatamente o que, ou porquê.

- Oi Aiko, você ainda está aqui?
porque não participou da reunião?

- Como você sabia?

- Eu vi você indo embora.

- Pensei que se me vissem iriam me chamar.

- Poderíamos ter chamado, mas não obrigaríamos você.

- Elisa eu não sabia que você estava nisso.

- Na verdade Aiko, "isso" é a minha vida.
Ou que você achava que tudo que viu aqui em casa sempre foi da forma que é?
as pessoas nem sempre aparentam ser o que são Aiko. Você precisa dar uma chance para conhecer o mundo de alguém, mesmo que isso exija quebrar as regas que você mesma criou.
As pessoas vão olhar a sua história, admira-la, ver o que você conseguiu. Elas sentirão até inveja, mas quando olham as cicatrizes que te fizeram chegar até lá, isso traz esperança.
Hoje a minha vida é boa, eu viajo, e os meus pais se amam.
Mas passei muito tempo chegando em casa ouvindo a minha mãe chorar por achar que meu pai estava a traindo. Mas na verdade ele estava apostando todas as nossas finanças em jogos. Ele saía a noite e chegava de manhã.
As contas se acumularam e tivemos que reduzir tudo. Eu nunca tinha saído do Estado, nunca tinha viajado. Nunca tinha feito nada, e tínhamos muito. Tanto, que isso consumiu os meus pais. Depois que perdemos tudo, minha mãe teve que começar a trabalhar e meu pai também, minha mãe teve a ideia de montar um restaurante de comida fitness, com um cardápio atrativo saudável e atual. Deu certo, logo, começamos a frequentar a igreja que Ananda sempre vai, meus pais começaram a ver as coisas de uma forma diferente. Eu fiquei resistente, até ir ao projeto da praça e ver o que acontecia naquele lugar.
Em 8 meses já tínhamos três restaurantes ativos. E em um ano, viajamos duas vezes. E desde então as coisas tomaram outro rumo. Mas tudo isso foi regado a lágrimas, e trabalho árduo.
E conhecer o meu melhor amigo, me fez ver que eu pude ter a chance de fazer dar certo comigo.  Me permitir ser amada por pessoas, inclusive pelo meu pai, aprendi a perdoa-lo, ser amiga, ser ouvida e ouvir.  Ouvir a Ananda, que ouviu o Tomas, que ouviu você. Entende?
Estamos longe de chegarmos a plena felicidade. Mas, Aiko. Ela é uma decisão.
Mesmo com os vendavais lá fora, e aqui dentro.
Você decide como vai ser.  Os problemas sempre vão estar.

- Melhor amigo?

- Você sabe de quem eu estou falando.

- Acho que sei de ouvir falar.
Eu não fazia ideia que sua vida tinha altos e baixos. Pensei que tudo fosse sempre perfeito.

- Nunca é sempre perfeito, Aiko.

Voltei para casa, e dessa vez me sentei na mesa. da cozinha e comecei a pensar, perdi a noção do tempo em que passei sentada naquela mesa dura.  Me assustei quando o Marcelo chegou.

- O que faz sentada na mesa da cozinha?

- Estava pensando, desculpa.

- Não precisa se desculpar a casa é sua. Pode se assentar onde você quiser, filha.

- Você me ama?
Marcelo, você me ama?

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