III Um pouco mais do que pouco

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Vejo uma mulher a frente, ela está cantando uma linda canção, não consigo identificar onde estou, uma forte luz atrapalha minha visão, me aproximo com cautela e toco em seu ombro, no mesmo instante ela para de tocar, me assusto e recuo dando um pequeno passo para trás, ela abaixa a cabeça e começa a se virar, no entanto, logo toda a minha vista fica totalmente clara...

- Querida, está na hora de acordar. - Diz minha avó, abrindo as cortinas da janela.

Esfrego os meus olhos e me espreguiço na cama, fico deitada olhando para o teto por uns segundos, depois sento na cama e fico pensando por uns instantes no sonho, que já não aguento mais ter. Me sinto curiosa sobre os sonhos e presságios que tenho desde a minha infância, mas pouco sei sobre.

Me levanto e vou me ajeitar, após isso vou até a cozinha. Encontro meu avô.

- Bom dia, linda moça. - Diz ele enquanto beberica um chá.

- Bom dia, vô - Digo e dou um beijo em seu rosto.

Resolvi sair um pouco, e aproveitar o dia, que estava bem bonito, ainda mais pelo fato de ultimamente ter chovido bastante. Olho atenciosamente as folhas alaranjadas caindo das árvores com o vento. Um pouco distraída, não percebo Benjamin se aproximar.

- Bu! - Diz ele, me fazendo dar um pequeno pulo, assustada.

- É muito fácil assustar você. - Ele diz rindo de mim.

- Isso é muito injusto comigo, você se aproveita das minhas distrações. Mas, um dia ainda vou conseguir assustar você. - Digo tentando parecer esperançosa.

- Duvido muito. - Diz convencido.

Nós começamos a caminhar, só tinha nós dois, e isso me deixou um pouco envergonhada. Por que geralmente, Anthony e João estão juntos a Benjamin. Talvez minha timidez deixe transparecer que gosto um pouco de Benjamim, mas não pouco... Um pouco mais do que pouco, eu acho, não sei definir...

- Senta aqui. - Diz ele batendo a mão no gramado, em baixo do velho carvalho.

- Você gosta daqui? - Pergunto, me sentando ao seu lado.

- Sim, não tem um motivo para não gostar daqui, a tranquilidade é perfeita. Por que a pergunta? Você não gosta?

- Não é nada, você sabe que eu gosto muito, não quero ir embora nunca.

- Você sempre fala desse jeito, tão melancólico e distante, do que tem medo? - Ele pergunta, me olhando fixamente.

- Eu não sei. Você sabe que meu avô me encontrou exatamente aqui, né? - Pergunto, tentando mudar de assunto.

- Sim, você se sente triste?

- Não, eu estou bem. Eu só queria saber quem me deixou aqui e por quê.

- Eu entendo, mas não se prenda tanto a isso, Luna.

Benjamim, de repente se aproxima mais, com certeza estou corada agora. Ele leva as mãos até o meu cabelo...

- Tem alguma coisa no seu cabelo, calma aí. - Diz ele, retirando uma folha laranja de uma mecha. Estou um pouco decepcionada.

Ele percebeu minha reação, e acabamos ficando em um silêncio constrangedor por uns minutos.

- Você é linda.

- Por que está dizendo isso? - Digo, olhando para baixo.

- Por que você é.

Após falar isso ele se aproximou, mas não foi lentamente, foi inesperado. Quando me dei conta, seus lábios já estavam nos meus, foi delicado inicialmente, mas logo foi impetuoso. Nossos rostos se afastaram vagarosamente, depois ficamos em silêncio, novamente. No entanto, eu não parava de sorrir. E acho que ele também sorriu um pouco.

Me sinto tão feliz, que é até estranho. Eu nunca vou me esquecer desse dia, os turbilhões de sentimentos dentro de mim, que me fazem querer sair saltitando pelos arredores. Isso foi um pouco romântico de mais, mas acho que não me importo. Quero aproveitar os sentimentos que estou vivendo agora.

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