Julieta seguiu o som dos tiros e tentava encontrar os baleados. Quando os encontra, seus olhos se enchem de lágrimas: seus tios estavam caídos em uma calçada, agonizando em dor e raiva.
Desesperada, a jovem os carregou os tios com dificuldade para longe da confusão, na esperança de poder fazer alguma coisa por eles. Ambos estava vivos, mas os ferimentos eram profundos demais para serem curados por uma aprendiz. Mesmo assim, ela os analisou e tentou fazer alguma coisa. Quando foi colocar as mãos em seu tio, foi impedida por Sara.
-Você não pode fazer nada por nós. - quando ouviu aquilo, Julieta entrou em desespero.
-Não! - negou ela com os olhos se enchendo de lágrimas. - Deve ter algo que eu possa fazer! Eu posso pressionar o ferimento, ou... - ela falava já rasgando um pedaço de sua camiseta, mas seu tio colocou suas mãos sobre as dela, impedindo-a de continuar.
-Vai ficar tudo bem, Juli. - fala Marcelo com uma voz fraca, mas ainda com vida. Julieta ficou feliz por um momento, pois ele demonstrou compaixão, afeto por ela, coisa que não fazia a muito tempo, mas a alegria se foi ao ver a mancha de sangue que manchava o suéter de seu tio.
Ele estava com dificuldade de respirar, então Julieta se abaixou para ouvi-lo. Ele enfiou a mão no bolso da calça e tirou de lá duas cartas. Julieta as pegou e colocou em seu colo.
-Uma para você... e outra para... seu irmão. - ele falava pausadamente para recuperar o ar. A bala estava em seu estômago. - Me desculpe se não fui o tio que você precisava. - dizia a virando para Julieta, que deixou algumas lágrimas escaparem. Ele colocou uma mão sobre o rosto da esposa e outra no da sobrinha. - Eu amo tanto vocês... Me perdoem... - depois ele parou. Suas mãos caíram moles e frias sobre a calçada, fazendo as duas chorarem.
-Julieta. - disse Sara com um pouco mais de vitalidade. - Preste muita atenção: no meu quarto, atrás do guarda-roupa cheio de tralhas, tem uma parte da parede que é de papel. Rasgue-a, pegue a caixa e veja tudo o que tem lá. Dentre as nossas fotos vai ter uma carta, direcionada ao amigo de faculdade do meu irmão, Diego... Ou Digory, se não me engano. - ela colocou a mão sobre os ombros da jovem e continuou. - Infelizmente ele é a única pessoa de confiança que nos restou... Então terão de ficar com ele.
-Não temos mais parentes? Não... Não sabemos nem quem ele é... - suas dúvidas aumentavam com o nervosismo, mas foras ignoradas.
-Nessa caixa, tem economias o suficiente para vocês viajarem de barco até Londres. Quando chegarem, entregue a carta ao homem e diga o que aconteceu.
-L... Londres? - balbuciou Julieta, tremendo de desespero, mas Sara já não estava tão bem...
Ela parou por um momento, respirou um pouco, e fez uma expressão séria, como se tivesse algo pior por vir.
- Querida, tem uma coisa muito importante que eu tenho que te contar... - ela parava para recuperar o fôlego, deixando Julieta apreensiva.
-Sinceramente, não poderia ter me contado antes? - dizia Julieta desesperada e entre as lágrimas.
-Você é muito mais do que imagina. - começou Sara, limpando as lágrimas de Julieta. - Você tem poderes das quais nem tem ideia. - dizia Sara colocando a mão sobre o coração da jovem. - Tem um coração enorme e sempre teve vontade de ajudar os outros. Como você não podia até agora, quero que me prometa duas coisas: me prometa que vai cuidar do seu irmão, e me prometa que toda pessoa que você puder ajudar, você vai ajudar! Seja quem for. - ela falava com uma doçura na voz, mas ela começou a ficar fraca.
-Eu prometo. - disse Julieta dando um abraço nela. - Eu te amo tanto.
-Espere que não acabei! - interrompeu ela brava. - Eu sei que devia ter te contado antes, mas...
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Entre Dois Mundos
FanfictionNinguém acreditaria se eu dissesse que dois brasileiros salvaram Nárnia, mas aconteceu. Aslam não escolhe os capacitados: eles capacita os escolhidos! Depois da última visita de Lúcia, Edmundo e Eustáquio ao Reino Mágico, uma força do mal retornou...