Oito

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-Será que eu realmente enlouqueci? -pergunta ela para si mesma, temendo os acontecimentos em cadeia que estavam ocorrendo com ela. - Acho melhor acabar logo com esse cesto. Deve ter muito mais de onde veio esse. - comenta ela entre as risadas.

Quase no fim do cesto, mais ou menos no começo da manhã, percebe que um grupo de pessoas se aproxima do rio, dentre elas seu irmão e Pedro. Ela acena logo que os vê, mas parece passar despercebido.

-Vou esperar eles chegarem mais perto. - pensa ela em voz alta.

A medida com que eles iam se aproximando, Julieta sem motivo aparente ficava cada vez mais ansiosa, poderia ser pelo fato de que nunca ter visto Theo no meio de tanta gente, ou porque ela nunca se dava bem em fazer novas amizades.

Quando chegaram ao rio, a uma distância considerável, mas o suficiente para ser vista, ela acena novamente, só que desta vez tenta outra coisa.

-Bom dia Theo! Bom dia Pedro! - grita ela, fazendo todos se virarem.

-Quem é ela? - pergunta um garoto moreno para Pedro, que fica sem palavras.

-Ela... É uma... Outra empregada que o Professor contratou. - responde ele encabulado. - Chegou ontem. - completa ele olhando para a jovem, que começou a se chatear.

-Então ela veio aqui para limpar a sua bagunça, é? - pergunta Theo brincando, mas o que Julieta estava sentindo não era brincadeira. Todos riram do comentário, do meu ponto de vista sinceramente idiota, de Theo.

-Bom Pedro, pelo menos pode ter a chance de desencalhar de uma vez! - comenta uma moça, parecia ter a mesma idade de Julieta.

-Pensei que fosse melhor do que isso Pedro! - comenta novamente o garoto moreno. - Namorando uma ratinha de esgoto! - todos pareciam rir, menos uma garota no meio de todos ali. Tinha cabelos castanhos no comprimento do ombro, e parecia não gostar nada do que estava vendo.

-Gente, para! - gritou ela para ser ouvida. - Ela também é um ser humano! - dizia ela. Por um breve momento, a menina conseguiu animar um pouco o espírito de Julieta, até certo ponto.

-Quem eu quero enganar: ela parece uma escrava! - dizia ela entre as risadas. -Ou uma gata borralheira! - todos lá riram da comparação, o que deixou Julieta extremamente triste.

-Não vai ser um bando de piadas sem graça que vai me impedir de dar os parabéns ao meu irmão! - falava ela relutante, pensando muito em desconsiderar a ideia, mas não queria deixar que aquele dia importante ficar marcado com memórias de tristeza.

Então ela pendurou a última roupa, pegou o cesto e foi calmamente, com o rosto erguido, e com as lágrimas já secas até o grupo de amigos.

-Bom dia pessoal! - fala ela alegre os cumprimentando com um aceno. - Theo, vim aqui para te desejar os parabéns e te lembrar que o papai queria que lesse a sua carta hoje. Ela está lá na minha bolsa...

-Me desculpe, mas... - corta ele com um tom ríspido. - Acho que vou dispensar. Aliás, hoje também é seu aniversário! Não é? - pergunta ele enigmático, como se não tivesse certeza do que estava dizendo. Julieta começa a suspeitar.

-Exatamente. - responde ela no mesmo tom que o irmão. - Se não se recorda, por uma incrível coincidência, nascemos no mesmo dia. - completa ela.

-Então deixa a gente te dar um presente a altura. - fala o garoto moreno quase que maleficamente.

-Eu não estou entendendo. - diz Julieta com medo daquela situação.

-Vamos no três! - anuncia a garota mais nova.

-Um, dois.... - começaram os cinco todos juntos.

-O que vão fazer?! - pergunta Julieta assustada, e cada vez mais se afastando.

Entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora