Entre Dois Mundos

Doze

Julieta abre os olhos com uma expressão assustada, e esse desespero aumentou ao tentar se levantar.

-O que é isso? - pergunta ela olhando para o chão, que passava por baixo dela. - O que está acontecendo?! - ela se contorce, e sente algo a apertando forte, e então percebe: estava amarrada, e pendurada em uma tora espessa de madeira. Dois homens de armadura a carregavam.

-Ela acordou. Devemos apagá-la? - pergunta um dos homens frio e indiferente. Julieta se contorcia mais e mais para tentar se soltar, mas era inútil.

-Ela não conseguirá escapar. - afirma o segundo homem encarando Julieta com certa curiosidade. - Se quer apagar alguém, apague aqueles dois. - diz ele apontando para Pedro e Edmundo atrás deles, que também estavam presos, mas reviravam com mais força entre as cordas grossas que os prendiam. Quase chegavam a derrubar os homens que os carregavam.

-Aqueles já aparecem mais por aqui, - comenta o primeiro homem olhando fixamente para Julieta. - mas quem será essa?

-Talvez seja uma refém. - responde o segundo homem sem olhar para trás. - Já estamos quase chegando. Apague os dois. Farão escândalo demais quando entrarmos.

-Ei! - grita Julieta. - Vocês sabem com quem estão lidando? - pergunta ela incrédula.

-Duas ameaças a Telmar! - responde um dos homens que a carregava. De repente os dois homens pararam e posicionaram Julieta apoiada em uma árvore de ponta cabeça.

Com a cabeça começando a pesar, Julieta vê Pedro e Ed estando prestes a serem... Desamarrados?

Os dois homens os tiraram das cordas e com a ajuda dos outros soldados os seguraram pelos braços, e os colocando de joelhos. Lúcia havia sido amarrada pelos pulsos e era forçada a andar, sendo puxada por uma corda que saíra dos nós muito bem amarrados. Seus apelos por socorro só traziam mais desespero a Julieta e aos garotos.

Desesperada e com medo do que poderia acontecer, Julieta começa a se contorcer de um lado para o outro, balançar e espernear, até que ela se derruba no chão, caindo de cara em um monte de neve, fazendo um barulho alto que conseguiu distrair os guardas.

Pedro e Edmundo se levantam em disparada. Conseguem se soltar dos guardas e os nocauteiam com socos no rosto e no tórax. Eles batiam realmente para machucar, sem dó nem piedade. Com todos os guardas no chão, Pedro e Edmundo parte para desamarrar Lúcia.

-Vai ajudar a Julieta! - alerta Edmundo. - Eu consigo desamarrar ela aqui.

-Não. Você não consegue. -devolve Pedro tomando as cordas da mão de Ed. - Vá você desamarrar a Julieta!

-Aqueles nós são três vezes mais fortes que esses. Se eu não consigo desdar esses nós, quem dirá aqueles! Você tem mais experiência!

-Só para constar, eu ainda estou aqui, - lembra Lúcia. - e eu sei desdar esses nós. Vão lá ajudar a Julieta. Até parecem que estão com medo!

-Medo de mim? - pergunta Julieta rolando para o lado, cuspindo neve que havia em sua boca. -O que uma garota amarrada poderia fazer com dois marmanjos?

-Não sei, me diga você. - respondeu Pedro provocativo, o que irritou Julieta, mas ela conseguiu conter a raiva.

Após soltarem Lúcia, Ed foi ajudar Julieta e Pedro foi verificar a área.