Treze

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Depois de horas de caminhada forçada e sem parada, os três irmãos se encontram no escuro calabouço de Telmar, onde são mantidos em uma mesma cela. O inconformismo de todos era o mesmo, mas foi Edmundo que pareceu demonstrar mais rebeldia.

-Agora eu te pergunto, porque estamos aqui?! - ele se referia a Pedro quando fazia a pergunta.

-Tenho as minhas suspeitas... - comenta Pedro se sentando, apoiando as costas em uma das paredes. Lúcia também faz o mesmo, mas ao se lembrar de uma coisa, se levanta imediatamente.

-Cadê a Julieta?!

-Olha essa, é uma pergunta digna de uma resposta de um rei! - fala alguém da cela a frente. O corredor de celas não era muito largo, mas as portas de ferro dificultavam um pouco a visão dos detentos, a única maneira de se verem é por uma pequena janelinha com grades.

-Como assim? - pergunta Lúcia confusa para Pedro.

-Eu não encontrei a Julieta. Voltei e vocês estavam sendo presos... - Pedro explica com uma voz baixa, na esperança de não ser ouvido.

-E ele ainda continua mentindo! - exclama inconformado o vizinho de cela novamente. Ou melhor, a vizinha. - Seus irmãos adorariam saber a bravura e a honra do Grande Rei Pedro, o mentiroso! - Julieta se levanta para ver pela pequena janela da porta. Estava ardendo em fúria.

-Graças a Aslam! - exclama Lúcia aliviada, com um sorriso pela janela de sua cela. - É bom te ver bem!

As mãos de Julieta arderam, mas nada que se comparasse a sua raiva pelo Pedro naquele momento.

-Obrigada Lúcia, mas imagino que alguém não queria me ver tão cedo. - ao terminar de falar, Julieta se vira e bate as costas na porta de ferro, causando um estrondo que pode ser ouvido no andar de cima do castelo.

-Do que ela está falando? - questionou Ed.

-Já que seu irmão são conta, eu conto. - ela se levanta novamente para encarar quem estivesse na janelinha vizinha. - Ele me deixou para trás, e fugiu. Quanta honra ein, majestade! - a ironia dela estava afiada, usada realmente para machucar. Não conseguia acreditar no que Pedro havia feito.

Antes do rei se defender, é interrompido pela presença de quatro guardas. Eles chegaram em silêncio e abriram as celas, tirando a força todos os quatro, e os prendendo em quatro algemas, unidas todas por correntes grossas. Um dos guardas pegou uma ponta e começou a puxá-los em direção as escadas.

Depois de percorrerem quase todo o castelo, sem luz e bem sombrio eu diria, eles chegam a sala de reunião de Telmar. Estava bem bagunçada, com alguns tronos destruídos, e bem ao fundo, no trono do rei, uma figura descuidada, de cabelos bagunçados e de barba á fazer. Estava esparramado em seu trono, pensativo e preocupado.

Os guardas param em frente aos degraus do trono, e colocam todos prisioneiros de joelhos. Acima do trono, o vitral amarelo quebrado refletia raios de Sol bem nos olhos dos algemados, o que dificultava a visão.

Após alguns segundos de silêncio, o sujeito do trono se levanta, causando surpresa em todos:

-Caspiam?! - disseram os irmãos em uníssono.

-O que aconteceu com você? - Lúcia tenta se levantar para vê-lo melhor, mas toma um puxão do guarda atrás dela.

-Não me venha com esse papinho, impostora! - Caspiam apontou o dedo para Lúcia. - E para vocês, é Rei Caspiam Décimo! 

-Espere aí: você é o grande Rei Caspiam? Tipo, O Rei Caspiam? - perguntou Julieta com os olhos brilhando. Ele a encara com seriedade.

-Eu já estou farto de ver esses aqui pelas minhas terras. Agora tem mais essa esfarrapada aqui! - Caspiam a analisava até os últimos fios de cabelo, se aproximando devagar para ver melhor.

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