Prefácio

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    Quando recebi a "missão" de escrever o prefácio deste livro, logo me veio à cabeça o alerta que minha querida avó Emília, mãe do autor, frequentemente exclama quando algo está por vir: "Aí, Mário Sérgio". Expressão que para mim significa muito mais do que um texto a ser elaborado. Trata-se aqui de 28 anos de convivência com um pai sempre amoroso e educador, que desde a minha infância citava grandes filósofos para enriquecer o nosso conhecimento em casa.
    Pois bem, aceitei com honra e ansiedade o desafio. Escrever também é um dos meus maiores prazeres, desenvolvido no curso de Publicidade e Propaganda que fiz na PUC-SP, para o orgulho de meu pai, professor daquela instituição 30 anos.
    Como publicitário, seria mais fácil desenvolver um release ou chamada para a venda do livro do que preparar um prefácio. O título não poderia ser mais adequado: "Não nascemos prontos!", por isso, sinto-me à vontade para escrever.
    Ao iniciar a leitura dos 31 pensatas, resgatei momentos de toda a minha infância, não somente como filho, mas principalmente como pupilo da filosofia; afinal, um dos livros que ganhei de meu pai não foi Pedro e o lobo e, sim, O mundo de Sofia.
    A deliciosa filosofia e suas reflexões são tão confortantes e transtornastes como quando meu pai acordava a mim e aos meus irmãos para um vasto café da manhã ao som de Cavalgada das Valquírias, de Wagner.
    Quando terminei de ler este livro, percebi que tinha familiaridade com muitos trechos que antes escutara em algumas de suas palestras, ou em trechos de seus Diálogos impertinentes na TV PUC, ou, ainda, em nossos almoços (quando eventualmente me obrigava a dar um sorriso de entendimento óbvio seguido de uma rápida consulta a um dicionário etimológico ou livro de filosofia).
Impressionei-me com o fato de esta leitura abrir tantos questionamentos sobre assuntos tão relevantes em nossas vidas. Não apenas questionamentos, mas também muito aprendizado, a partir de indagações que passeiam desde a era pré-cristã até a nossa modernidade, sem perder fôlego pedagógico.
    A minha sensação de realização vem junto com um incômodo: Acabei o livro, e agora? Queria que fosse além, preciso de uma continuação, tenho que esclarecer muito do que li e agora pairam dúvidas. Muitas delas eu não conseguiria resolver nem mesmo com Sócrates ou Platão, e é por isso que estas são provocações filosóficas, pois causam um grande desejo em seguir em frente, ler, ler e ler para desenvolver muitos temas.
Não outra saída, senão pensar. Pensar sobre as reflexões que este livro traz, publicadas ao longo de alguns anos no caderno Equilíbrio da Folha de S. Paulo, e agora atualizadas.
    Mas vale a pena matar o tempo com estas pensatas? Sem duvida, pois o tempo não se mata, o tempo se vive! Deleite-se com as dúvidas. Não se intimide! Perguntas geram conhecimento.
    Uma das melhores formas de se viver o tempo é ao lado de um bom livro. Como sempre diria um publicitário: Aproveite! Viva seu tempo com está ótima leitura!

André Cortella

Não nascemos prontos!Onde histórias criam vida. Descubra agora